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Quem tem obrigação de instalar mais carregadores?

Litoral vs interior será o maior problema

12/03/2021. Nos próximos dez anos vamos assistir à eletrificação de grande parte do parque automóvel. Mas onde estão os carregadores públicos e quem tem obrigação de os instalar?…

 

Desde que os carros elétricos começaram a ser vendidos em números visíveis, já há mais de dez anos, quando a Nissan lançou a primeira geração do Leaf, que se fala em expandir a rede de carregadores públicos para os alimentar.

“Começou-se a construir a casa pelo telhado” foi uma expressão que muitos usaram, quando viram os políticos pressionar a favor da expansão dos carros elétricos, mas nem tanto em relação à rede de carregadores.

Agora, chegámos a um ponto em que a apetência do mercado pelos carros elétricos e híbridos “plug-in” começa realmente a tomar proporções consideráveis, mas constata-se que a rede de carregadores públicos não é suficiente.

A rede precisa de crescer rapidamente, para dar resposta à previsível subida da procura, com o aumentos das vendas dos automóveis eletrificados. Mas quem tem a obrigação de instalar mais postos públicos de carregamento?

Público ou privado?

A questão divide-se entre a obrigação do setor público e a iniciativa do privado. Do primeiro campo, esperam-se incentivos, pelos menos numa primeira fase. Mas ninguém pode estar à espera que seja o Estado a montar uma rede de postos públicos.

Dos privados, espera-se que aproveitem um negócio que se adivinha de futuro, mas a sua iniciativa só será concretizada se as condições para atingir o lucro estiverem reunidas, como é óbvio.

Nas grandes cidades, onde se prevê que o parque automóvel faça mais depressa a transição para a eletrificação, o negócio da instalação e exploração de carregadores pode não ser ainda o melhor do mundo, mas vai crescer depressa.

Litoral e interior

No interior, que deverá ser mais lento a aderir à transição energética e onde a concentração de automóveis já é muito menor, podendo descer ainda mais com a passagem para os elétricos, o problema é de resolução mais complicada.

É claro que o Estado deverá criar incentivos para que entidades privadas possam instalar e explorar postos de carregamento em localidades onde o negócio talvez demore a ser lucrativo. Mas isso nunca poderá ser uma situação muito prolongada no tempo.

O papel das autarquias

As autoridade locais têm aqui uma palavra importante a dizer. As câmaras municipais estão em boa posição para facilitar a instalação de carregadores, seja através da disponibilização de locais, redução de taxas ou da mera simplificação burocrática.

As autarquias estão também na melhor posição para ajudar a otimizar a distribuição dos carregadores pelos locais onde realmente são necessários aos utilizadores e não apenas onde a sua instalação é mais fácil ou barata.

Conclusão

A partir do momento em que o Estado tomou a eletrificação como prioridade, não pode ficar apenas pela legislação, tem que criar as condições para que a transição se efetive. Mas tem também de perceber quando chegar a altura de se retirar e deixar as leis do mercado funcionar. Uma coisa parece certa, a transição energética vai ocorrer de forma muito mais rápida do que se pode prever neste momento e todos, setor público e privado, têm que estar preparados.

Francisco Mota

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