Suzuki Swift Sport 1.4 Boosterjet Mild Hybrid 48V

A silhueta tem evoluído ao logo das gerações

O "ar" desportivo do Swift Sport

Nova versão é híbrida

Pneus 195/45 R17 não são muito largos

Escapes têm melhor aspeto que som

Bancos com muito bom apoio lateral

Boa posição de condução, mas alta

Monitor tátil difícil de usar

Caixa manual de seis tem bom tato

Painel de instrumentos analógico fácil de ler

É um dos meus eternos preferidos, quando se fala de utilitários mais ou menos desportivos. Não é caro, não é pesado, é divertido de guiar e fácil de usar. Mas agora passou a ter um sistema “mild-hybrid” e perdeu 11 cv. Será que a Suzuki estragou tudo, desta vez?…

 

Há várias gerações que o Suzuki Swift Sport é um dos meus preferidos, entre os utilitários mais ou menos desportivos. Nunca foi um poço de força, nem é o mais radical quando a estrada tem muitas curvas. Mas faz tudo bem.

É um utilitário que gasta pouco, durante o dia-a-dia e depois dá uma boa dose de prazer de condução, quando a estrada e a disposição levam a carregar mais no pedal da direita. Sempre foi assim.

Esta quinta geração do Swift, lançada em 2018, começou por ter 140 cv na versão Sport, mas agora desceu para 129 cv. Uma descida de potência nunca é uma boa notícia, sobretudo quando o ponto de partida já não é muito alto. Mas a história não fica por aqui.

É só um “mild-hybrid”

Para limitar as emissões poluentes, segundo as normas WLTP, a Suzuki teve que modificar o seu motor 1.4 turbo de quatro cilindros e introduzir uma componente híbrida.

Escolheu a solução “mild-hybrid”, que acrescenta um motor/gerador, uma pequena bateria de iões de Lítio de 0,38 kWh, colocada sob o banco da direita e um conversor de corrente.

O motor elétrico tem uma potência máxima de 13,6 cv e 53 Nm de binário máximo e está ligado ao motor a gasolina por uma correia. Mas não contribui para aumentar a potência máxima, pois só atua nos regimes baixos e médios.

Motor 1.4 Boosterjet também mudou

Aproveitando esta alteração, a Suzuki evoluiu também o motor 1.4 Boosterjet, subindo a taxa de compressão de 9,9:1 para 10,9:1. Mexeu na distribuição variável, na injeção e na válvula EGR. Foi o suficiente para mudar o código interno do motor de K14C para K14D.

O motor ganhou no binário máximo, que subiu 5 Nm para os 235 Nm, o que não é muito, mas passou a ser atingido 500 rpm mais cedo, às 2000 rpm, o que já é melhor.

A suspensão também foi retocada, com novos amortecedores Monroe, novos cubos de roda e apoios de teflon nas barras estabilizadoras. As ajudas à condução passaram a ter monitor de ângulo morto, de trânsito atrás e reconhecimento de sinais de trânsito.

Perdeu nos 0-100 km/h

O sistema híbrido implicou uma subida de peso de 45 kg, mas o valor anunciado continua a ficar cerca de 200 kg abaixo da concorrência, com apenas 1020 kg.

Isso não impediu que a aceleração 0-100 km/h piorasse, subindo dos 8,1 para os 9,1 segundos, mantendo a mesma velocidade máxima de 210 km/h.

O estilo desta geração do Swift nunca me entusiasmou, a anterior tinha um aspeto monolítico menos vistoso mas mais coerente. Há detalhes de decoração que foram alterados, mas não passam de cores de frisos e de carroçaria.

Bons bancos

Por dentro, a posição de condução continua a ser alta, mas os bancos têm bom apoio lateral, o volante está bem posicionado e a alavanca da caixa manual de seis também.

O painel de instrumentos é analógico, só tem um pequeno display digital que é uma dor de cabaça para operar. Ao centro, o monitor central tátil também não é muito prático de usar.

Os plásticos têm todos um acabamento superficial duro, mas estão bem montados. O espaço atrás é suficiente, para o segmento.

Bons consumos

A caixa de velocidades tem um tato mecânico e um curso curto que agradam assim que meto a primeira. O acelerador tem resposta rápida mas sem nervosismos. Percebe-se o contributo do motor elétrico, que “cobre” bem as rotações baixas antes de o turbo entrar em carga.

A suspensão é firme mas tolerante nos maus pisos, desde que não apareçam buracos, altura em que facilmente chega ao batente com inesperado estrondo.

Em cidade e a andar devagar, o sistema “mild-hybrid” faz bem o seu papel e limita os consumos abaixo dos 7,0 l/100 km. Com muito cuidado e percursos poucos exigentes é mesmo possível baixar dos 6,0 l/100 km.

Em autoestrada, o consumo ficou-se pelos 5,8 l/100 km, a rodar no limite da lei e com o Swift Sport a mostrar que não tem “medo” de uma viagem mais longa, nem em termos de resistência aos ventos laterais, nem em termos de conforto.

Mas a dúvida era saber o que teria mudado numa condução mais rápida em estradas apropriadas para o efeito.

Uma pequena ajuda

Em aceleração máxima, desde regimes muito baixos, é notória uma maior vivacidade do 1.4 Boosterjet quando passa as 2200 rpm e até chegar às 5000 rpm. Dai até ao corte nas 6000 rpm, o motor perde vigor.

O sistema “mild-hybrid” só dá ajudas por períodos inferiores a dois segundos, de cada vez. Depois precisa de regenerar alguma energia para voltar a estar disponível. Mas isso só se percebe olhando para o diagrama de fluxo de energia.

Com uma terceira velocidade bem escalonada e o binário máximo elétrico a ajudar, nem sequer é preciso usar muito a caixa de velocidades.

Chuva e mais chuva…

No dia em que guiei o Swift Sport Hybrid, choveu o tempo todo, o que foi uma ótima oportunidade para perceber o bom equilíbrio da suspensão. Não tem um acerto muito desportivo, mas isso até ajuda em condições de piso molhado.

Desligando o ESP, claro que se notam algumas perdas de tração nas curvas mais apertadas, mas não são exageradas e podem facilmente ser controladas doseando a aceleração.

A tendência subviradora é óbvia, tanto mais que os pneus 195/45 R17 não são uma medida muito larga, para os tempos que correm. Mas tudo acontece de forma transparente, sendo fácil de controlar.

A traseira deixa-se deslizar, se for bem provocada, sobretudo no molhado, o que abre a possibilidade de preparar a atitude em curva de uma forma mais acrobática. Mas nunca com grandes ângulos de deriva.

Após uma boa sessão de condução rápida com piso molhado, a principal impressão que ficou foi a da facilidade e falta de drama com que o Swift Sport Hybrid lidou com as condições do dia. Só faltou uma banda sonora mais a condizer com as duas magníficas saídas de escape.

Conclusão

O Swift Sport Hybrid alinha-se com modelos como o Renault Clio 1.3 TCe de 130 cv, tanto nas performances como no preço. Mas com um visual mais invulgar e uma imagem mais vincadamente desportiva. É uma escolha para quem quer algo diferente.

Francisco Mota

Suzuki Swift Sport 1.4 Boosterjet Hybrid 48V

Preço: 22 913 euros

Potência: 129 cv

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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