BMW 520d contra Mercedes-Benz E220d (fotos de João Apolinário)

Jantes de estilo original, mas também de 20"

Jantes multi-raios de 20" são tipicamente MB

Grelha do 520d é quase toda fechada

Detalhe da grelha do E220d com pequenas estrelas

O Série 5 é ligeiramente maior que o Classe E

Faróis muito estilizados, no Série 5

Face do Classe E foi modernizada

Motor 2.0 turbo Diesel com 197 cv

E220d também tem 2.0 de 197 cv

Série 5 mais vanguardista no estilo

O ângulo Hofmeister perdura no Série 5

Silhueta ligeiramente mais aerodinâmica

520d tem interior mais discreto mas igualmente Premium

Excelente qualidade e digitalização alargada

Ecrá tátil pode ser comandado de várias formas

Ecrã central tátil é fácil de usar

520d tem comandos da transmissão e iDrive na consola

Consola livre de comandos, tem dois porta-objetos com tampa, no E220d

Bom apoio lateral nos bancos do Série 5

Mais espaço em altura e facilidade de acesso

Bancos muito confortáveis no E220d

Espaço atrás otimizado para dois passageiros

520d tem 520 litros de capacidade

E220d tem 540 litros de capacidade

Muita aderência mas mais inclinação lateral em curva

520d tem melhor tato de direção

Melhor controlado em curva e mais divertido de guiar

E220d tem condução mais ágil e desportiva

Este 520d tem a suspensão normal

Suspensão pneumática e amortecimento adaptativo no E220d

Comparativos entre Série 5 e Classe E começaram nos anos 1990

No auge dos Diesel, era sempre um dos confrontos mais aguardados. Apesar da queda na procura, o BMW 520d e o Mercedes-Benz E220d não deixaram de evoluir, mas qual será hoje o melhor? Respostas em mais um Comparativo TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Ao longo das últimas décadas, o confronto entre o BMW 520d e o Mercedes-Benz E220d foi sempre um dos pontos altos, quando as duas marcas alemãs lançavam novas gerações dos seus modelos executivos, as berlinas do segmento E que chegaram a ter um volume de vendas muito considerável na Europa.

Série 5 mais vanguardista no estilo

Desde o famoso W124 da Mercedes-Benz, o primeiro que recebeu o nome Classe E em 1993, a meio da sua carreira, que fiz comparativos com o rival da Baviera, na altura o E34, produzido até 1996. E continuei a comparar os dois, nas gerações que se seguiram. Os resultados foram variando, de acordo com a evolução de cada modelo e do seu posicionamento de preço.

G60 contra W214

Hoje, tenho frente-a-frente o G60, a oitava geração do Série 5 e o W214, a sexta geração do Classe E, ambos com motorizações Diesel turboalimentadas com compressores de geometria variável, com 2,0 litros de capacidade: 1995 cc, para o BMW e 1993 cc, para o MB. A potência máxima anunciada é igual: 197 cv, mas o MB tem 440 Nm de binário máximo, mais 40 que o BMW.

Motor 2.0 turbo Diesel com 197 cv
E220d também tem 2.0 de 197 cv

Ambos usam sistemas “mild hybrid” de 48V para reduzir consumos a baixa velocidade e baixo regime, com motor/gerador elétrico de 11 cv, no BMW e de 23 cv, no MB. Estão associados a caixas automáticas, de oito relações no BMW e de nove, no MB. A implantação mecânica é a tradicional, com motor longitudinal dianteiro e tração atrás.

Marcação cerrada

As suspensões são independentes às quatro rodas, com braços sobrepostos, na frente e multibraço, atrás. Discos de travão nas quatro rodas e carroçarias de quatro portas. O Série 5 mede 5060 mm de comprimento, o Classe E fica-se pelos 4949 mm.

O Série 5 é ligeiramente maior que o Classe E

Também a distância entre-eixos do BMW é superior: 2995 mm, contra 2961 mm. As unidades testadas tinham pneus de igual medida: 245/40 R20, na frente e 275/35 R20, atrás. Quanto ao peso, o BMW é um pouco mais leve, com 1850 kg, contra os 1915 kg do MB.

Estilos muito diferentes

Em termos de estilo, a MB manteve uma evolução face às gerações anteriores a aos outros modelos a combustão da sua gama: elegante e conservador. A BMW preferiu uma abordagem mais disruptiva, comum às versões a combustão e elétricas: provocador e vanguardista.

Grelha do 520d é quase toda fechada
Detalhe da grelha do E220d com pequenas estrelas

Por dentro, a qualidade está no topo do segmento em ambos os casos, não consigo dizer que um seja melhor do que o outro, neste aspeto. Mas são diferentes na organização do espaço e dos interfaces.

A “guerra” dos monitores

A BMW usa um painel de instrumentos montado no mesmo suporte encurvado do ecrã central tátil, com comando pelo tradicional botão rotativo na consola, o iDrive, mas também por toque, gestos e comandos vocais.

%20d tem interior mais discreto mas igualmente Premium
Excelente qualidade e digitalização alargada

Na MB, há três ecrãs digitais, sendo o central de grandes dimensões e fácil de usar, pois os ícones estão mais separados entre si. Há ainda um terceiro ecrá tátil em frente ao passageiros da frente, que repete algumas das funções do central. Esta solução dá ao interior do Classe E uma aparência mais moderna que a do Série 5, mesmo sem ter mais funções.

Ergonomia em causa

A posição de condução do Série 5 sente-se mais alta que a do Classe E, sobretudo porque a frente do carro também é mais alta. As regulações são amplas mas o volante do MB precisava de mais ajuste em alcance. Pelo contrário os seus bancos são excelentes em conforto e sustentação lateral.

Bom apoio lateral nos bancos do Série 5
Bancos muito confortáveis no E220d

O volante do BMW tem um formato achatado no topo e na base, o que não é muito ergonómico. O volante do Classe E tem melhor pega, mas os botões hápticos são pequenos e difíceis de usar. Críticas para os comandos das dissimuladas saídas de ar da climatização, no Série 5: uns “sliders” táteis e botões de borracha.

O MB tem a alavanca da transmissão na coluna de direção, mais fácil de usar que o pequeno botão basculante na consola do BMW. Por isso, a consola do Classe E fica livre de botões e tem dois grandes compartimentos com tampa.

Espaço só para quatro

Na segunda fila de bancos, o Série 5 tem mais altura disponível e os bancos estão numa posição mais alta, por isso mais fácil de aceder. Mas o espaço em comprimento é semelhante e ambos têm enormes túneis centrais no piso, fazendo do lugar do meio uma solução de recurso para um quinto ocupante. A mala do Série 5 anuncia 520 litros, contra os 540 litros do Classe E.

Mais espaço em altura e facilidade de acesso
Espaço atrás otimizado para dois passageiros

Em nenhum dos casos o ato de ligar o motor faz soar notas de motor tipicamente Diesel. Pelo contrário, a insonorização é excelente em ambos e não há propagação de vibrações da parte dos motores. A subida de regime é muito suave e progressiva, nos dois.

Em cidade

A insonorização do MB ganha alguma vantagem em marcha, no BMW nota-se um pouco mais o som do motor. A caixa de velocidade do Série 5 pareceu um pouco mais rápida e decidida em condução normal, enquanto a do Classe E pareceu mais suave e silenciosa.

O MB tem menor diâmetro de viragem, 10,8 contra 12,3 metros e isso nota-se na maior facilidade de manobra em espaços apertados. Mas este Classe E estava equipado com direção às rodas traseiras, um opcional que ajuda muito, mas que obriga a alguma habituação, sobretudo em manobras de marcha-atrás.

520d tem comandos da transmissão e iDrive na consola
Consola livre de comandos, tem dois porta-objetos com tampa, no E220d

As direções estão ambas bem assistidas e têm a rapidez suficiente, filtrando bem as pancadas do piso. Os travões do BMW são mais precisos que os do MB, com pedal de curso maior e pior progressividade.

Consumos muito baixos

Quanto ao conforto, o Classe E testado tinha montada a suspensão pneumática com amortecedores adaptativos, o que lhe dá vantagem sobre a suspensão normal do Série 5. Contudo, o BMW não deixa de ser confortável, mesmo em maus pisos.

No meu habitual teste de consumos em cidade, sempre com o A/C desligado e nos modos de condução mais económicos, obtive os seguintes valores: o 520d gastou 6,6 l/100 km, enquanto o E220d gastou 5,7 l/100 km. Valores muito baixos, mostrando que os sistemas “mild hybrid” fazem bem o seu papel.

Ecrá tátil tem vários comandos
Ecrã central tátil é fácil de usar

Em autoestrada, a 120 km/h de velocidade estabilizada, os consumos que obtive foram estes: o 520d gastou 5,0 l/100 km e o E220d gastou 4,7 l/100 km. Mais uma vez, valores muito baixos, aqui beneficiando de bons valores de coeficiente aerodinâmico: 0,24, para o Série 5 e 0,231, para o Classe E. As autonomias variam dos 1200 km, no BMW aos 1404 km, no MB.

Estradistas de eleição

Como seria de esperar, em ambos a estabilidade em autoestrada é muito boa, proporcionando muito conforto em viagens prolongadas. A suspensão pneumática do MB tem um controlo um pouco melhor dos movimentos da carroçaria, sobre desníveis de autoestrada e a insonorização também pareceu um pouco melhor. O 520d faz 233 km/h de velocidade máxima, o E220d atinge os 238 km/h, dizem as marcas.

Este 520d tem a suspensão normal
Suspensão pneumática e amortecimento adaptativo no E220d

Faltava apenas uma passagem numa estrada secundária para avaliar a agilidade de cada uma destas grandes berlinas. E foi aqui que os opcionais presentes no E220d fizeram maior diferença.

E220d mais ágil

A suspensão pneumática e os amortecedores adaptativos permitem-lhe um controlo claramente superior em encadeados de curvas mais bruscos, com a carroçaria a inclinar-se pouco e a manter uma excelente precisão. A direção às rodas traseira acrescenta rapidez na entrada em curva e estabilidade em curvas rápidas.

Do lado do 520d, equipado com a suspensão mais normal do catálogo, a aderência é muito boa, a precisão da direção é um pouco melhor que no E220d, mas a carroçaria mostra maior inclinação lateral em curva e maior demora para estabilizar as oscilações em sequências de curvas médias.

Muita aderência mas mais inclinação lateral em curva
520d tem melhor tato de direção

A performance em linha é muito semelhante, com a BMW a anunciar os 0-100 km/h em 7,3 segundos, contra os 7,6 segundos da Mercedes-Benz. As caixas de velocidades, quando usadas com as patilhas, mostraram-se ambas eficientes, com a da BMW a ser um pouco mais rápida na resposta às reduções.

Melhor controlado em curva e mais divertido de guiar
E220d tem condução mais ágil e desportiva

Mas quando se decide desligar o ESC e “brincar” um pouco com a tração traseira, o MB proporciona derivas mais prontas e progressivas do que o BMW. Mais uma vez, é a suspensão do MB a fazer a diferença. Julgo que se estivesse equipado, pelo menos, com a suspensão desportiva, o 520d teria uma atitude mais próxima do MB.

Conclusão

Tudo somado, e considerando as unidades que tive para comparar, fica claro que o MB E220d é superior. Não só pelo ambiente interior, mas também pela melhor relação entre conforto e controlo dinâmico que a suspensão pneumática, amortecimento adaptativo e direção às quatro rodas proporcionam. Como sempre, a configuração de um Série 5 e de um Classe E são fundamentais para o resultado a que se quer chegar e também para o preço. As unidades testadas estão afastadas, neste ponto, mas os preços base andam os dois na casa dos 66 mil euros. Depois é uma questão de adicionar opcionais.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

BMW 520d

Potência: 197 cv

Preço: 81 064 euros

Veredicto: 4 estrelas

 

Mercedes-Benz E220d

Potência: 197 cv

Preço: 95 907 euros

Veredicto: 4,5 estrelas

 

Ler também, seguindo os links:

Teste – BMW 520d: Diesel ainda “mexe”

Teste – Mercedes-Benz E220d: O regresso de um clássico