Renault Clio TCe 100 GPL (fotos de João Apolinário)

A nova grelha do Clio alinha com a dos mais recentes modelos da marca

Jantes de 17" e pneus de baixo perfil dão um pisar firme

Novo formato para os faróis e luzes de dia

Luzes de trás com aspeto diferente do original

A vista traseira quase não foi alterada neste restyling

Boa qualidade de materiais, tendo em conta o segmento

Painel de instrumentos digital é fácil de ler

Ecrã tátil central é simples mas de utilização intuitiva

Muito bons comandos rotativos da climatização

Motor 1.0 turbo de três cilindros sobe dos 90 aos 100 cv, quando se passa a GPL

Caixa manual de seis velocidades não é muito rápida

Comutador GPL/gasolina podia estar melhor integrado

Capacidade da mala é de 381 litros, o depósito de GPL está por baixo

Espaço atrás é adequado para dois adultos

Bons bancos dianteiros, confortáveis e com bom encaixe

Muito boa dinâmica, precisa e ágil

Condução precisa e envolvente, a gasolina ou a GPL

Prestações melhoram um pouco quando se utiliza o GPL

Poucas marcas dão importância ao GPL e nenhuma dá tanta como o Grupo Renault. Experiência de utilização e contas são o que mais interessa saber para descobrir se vale a pena. Respostas em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

A evolução da tecnologia e a sua integração na produção em série, há muito que eliminou os estigmas que acompanharam a “explosão” do GPL nas últimas décadas.

Ainda assim, há quem tenha algum cepticismo em relação aos carros com motores alimentados a Gás de Petróleo Liquefeito. Ou melhor, aos “bi-fuel” que podem consumir gasolina ou GPL, bastando pressionar um botão. Tal como este Renault Clio TCe 100 GPL que protagoniza mais um Teste TARGA 67.

A vista traseira quase não foi alterada neste restyling

A integração do circuito de GPL na origem, na mesma linha de montagem onde são fabricadas as outras versões do Clio, é uma garantia de qualidade igual à de qualquer outro sistema do modelo, como o circuito de gasolina.

TCe 90 passa a TCe 100 GPL

As alterações a que esta versão “bi-fuel” obriga incluem ainda um depósito de 32 litros GPL em forma de “donut” que ocupa o espaço geralmente reservado para a roda suplente, sob o piso da mala e colocado por dentro.

Em caso de furo, a solução disponível é o kit de selante e o compressor, como em muitos modelos hoje em dia. A capacidade da mala mantém-se inalterada nos 391 litros. O depósito de gasolina é de 39 litros.

Motor 1.0 turbo de três cilindros sobe dos 90 aos 100 cv, quando se passa a GPL

O depósito de GPL é abastecido através de um bocal colocado ao lado do que serve o depósito de gasolina, sendo preciso usar um adaptador, fornecido pela Renault e guardado numa bolsa na mala. O processo de abastecimento é um pouco mais espetacular do que abastecer gasolina.

Mas apenas pelo aspeto da mangueira de abastecimento, pela utilização de uma luva de proteção e pelo necessário bloqueio, entre mangueira e adaptador, antes de iniciar o processo. Depois é só carregar num botão na “bomba” e esperar poucos minutos.

Mais de 400 postos de abastecimento

Numa altura em que os olhos de muitos andam atentos à localização de postos públicos de carregamento de baterias de carros elétricos, deve dizer-se que há mais de 400 postos de abastecimento de GPL no país, bem distribuídos pelo território. E se ficar sem GPL no depósito do carro, o sistema muda de imediato para o consumo de gasolina.

Comutador GPL/gasolina podia estar melhor integrado

Colocadas de lado as preocupações habituais em relação ao GPL, resta dizer que já não é preciso afixar aquele autocolante azul do passado, nem é proibido estacionar em parques fechados desde 2013. A não ser nos parques antigos que não foram convertidos para acolher carros a GPL, nomeadamente com condutas de ventilação adequadas.

Mais potência a GPL

Este Clio TCe 100 GPL usa o motor 1.0 turbocomprimido das outras versões a gasolina, um tricilindrico com quatro válvulas por cilindro que debita 90 cv/4800 rpm, quando alimentado por gasolina, subindo aos 100 cv/4600 rpm, quando se passa para o GPL. O binário máximo também sobe de 160 para 170 Nm.

Painel de instrumentos digital é fácil de ler

Esta subida tem correspondência nas prestações, com a velocidade máxima a subir de 180 para 188 km/h e a aceleração 0-100 km/h a descer de 12,5 segundos para 11,8 segundos, sempre a favor do GPL. Quanto a pesos, comparando com o Clio TCe 90 que tem o mesmo motor, a diferença é de mais 62 kg, subindo de 1082 para 1144 kg.

O restyling do Clio

Por fora, o restyling de 2023 desta quinta geração do Clio, lançada em 2019, resultou muito bem, dando ao utilitário francês um visual mais moderno e alinhado com os modelos mais recentes da marca, sem que as alterações tenham ido muito além dos para-choques e faróis.

A nova grelha do Clio alinha com a dos mais recentes modelos da marca

Por dentro, o espaço nos lugares de trás é suficiente e o acesso fácil, com um lugar central estreito difícil de usar por adultos. Na frente, a habitabilidade é mais ampla e a posição de condução muito boa, graças ao conforto e apoio lateral dos bancos e correta posição do volante, que tem ajustes suficientes. A alavanca da caixa manual de seis está mesmo onde a mão direita via à sua procura.

Boa ergonomia

O painel de instrumentos digital é fácil de ler, não está sobrecarregado de informação e o ecrã tátil central é simples mas não levanta grandes questões na sua utilização. Elogios para os comandos rotativos e grandes da climatização, que se usam quase sem desviar os olhos da estrada. A qualidade de materiais mistura alguns macios com outros duros, num bom resultado que o estilo do interior faz parecer ainda melhor.

Boa qualidade de materiais, tendo em conta o segmento

O volante tem uma pega anatómica, se bem que o seu diâmetro podia ser um pouco menor e existem três modos de condução disponíveis: My sense/Sport/Eco. Em qualquer deles, o Clio arranca sempre em modo gasolina, mas poucos segundos depois fica apto a passar para GPL.

O TCe 90 bem conhecido

A passagem entre um modo e outro é feita através de um comutador que podia ter um aspeto melhor integrado no estilo dos outros comandos que se encontram no interior do Clio. Além disso, está posicionado à frente do joelho esquerdo, num local de acesso difícil.

Comecei este teste em modo Eco a gasolina e reencontrei o Clio TCe 90 que conheço bem. A direção tem demasiada assistência, mas é precisa e rápida o suficiente. A caixa de velocidades manual não é muito rápida, mas também não é imprecisa. Os travões estão bem calibrados no esforço a aplicar no pedal.

Muito boa dinâmica, precisa e ágil

A suspensão, com barra de torção atrás e os pneus de medida 205/45 R17 dão a este Clio um pisar um pouco firme, sobretudo no mau piso ou sobre bandas sonoras, transmitindo alguns solavancos para o habitáculo.

A resposta do motor, em modo Eco, é mais que suficiente para utilização em cidade, com boa resposta a baixos regimes, ganhando algo mais acima das 2000 rpm. O diâmetro de viragem de 10,3 metros facilita nas manobras, mas a visibilidade para trás não é muito boa.

Custos com GPL mais baixos

No meu habitual teste de consumos reais em cidade, sempre com A/C desligado e em modo Eco, registei um consumo de gasolina de 6,5 l/100 km. Quando passei para o modo GPL e fiz reset, o computador de bordo marcou um consumo de 8,4 l/100 km em cidade.

Ecrã tátil central é simples mas de utilização intuitiva

Claro que, as contas têm que se feitas considerando o custo de cada combustível. No dia em que estou a escrever este Teste TARGA 67, a gasolina 95 custa 1,894 euros/litro e o GPL custa 0,918 euros/litro. Ou seja, 100 km percorridos em cidade custam 12,311 euros, usando gasolina e 7,711 euros, usando GPL.

Diga-se que a passagem de gasolina para GPL se faz sem nenhuma descontinuidade. E quando passa a funcionar a GPL, o motor não muda o som que emite, mantendo-se a banda sonora do três cilindros, mas muito bem insonorizada.

A resposta do motor ganha um pouco a baixos regimes, pois o binário máximo sobe 10 Nm atingido 100 rpm antes. Mas é preciso estar muito atento.

Condução precisa e envolvente, a gasolina ou a GPL

Em autoestrada, o Clio tem excelente estabilidade direcional e lida bem com os pisos ondulantes e imperfeitos. O som do motor nunca é exagerado, mas há alguns ruídos de origem aerodinâmica, como seria de esperar.

Também mais barato em autoestrada

A 120 km/h estabilizados, ainda em modo Eco e também com A/C desligado, o consumo de gasolina que obtive foi de 5,6 l/100km. Passando para GPL e repetindo o mesmo percurso, o consumo real foi de 7,5 l/100 km. Mais uma vez, temos que fazer as contas aos custos, resultando num valor de 10,606 euros, para fazer 100 km em autoestrada a gasolina e 6,885 euros, para fazer a mesma distância a GPL.

Dinâmica muito boa

A utilização do GPL fica consideravelmente mais barato, sem que se perca nada em termos de utilização, pelo contrário. Numa passagem por uma estrada secundária, no modo de condução Sport, que torna o acelerador mais rápido e a assistência da direção menos intensa, o Clio mostra-se ligeiramente mais rápido usando o GPL.

Prestações melhoram um pouco quando se utiliza o GPL

De resto, a dinâmica do modelo da Renault é igual, consumindo qualquer dos dois combustíveis, com uma entrada em curva muito rápida e precisa, muito boa resistência à subviragem, uma atitude muito bem controlada em apoio, boa tração e boa agilidade de traseira, se for essa a vontade do condutor.

Conclusão

Todas as qualidades do Clio TCe 90 permanecem intactas na versão TCe 100 GPL, mas com descidas no custo de combustível consideráveis, quando usado em modo GPL. E sem que o preço final seja um fator decisivo, pois, considerando o nível de equipamento de acesso Evolution, a versão TCe 100 GPL custa 20 333 euros, enquanto o TCe 90 custa 19 423 euros.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Renault Clio TCe 100 GPL

Potência: 100 cv

Preço: 20 333 euros

Veredicto: 4 estrelas

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