BMW i5 M60 xDrive (fotos de João Apolinário)

Um detalhe típico dos modelos da marca

Grelha falsa não é tão grande como noutros BMW

Jantes de 20" com pneus mais largos atrás

Comprimento excede os cinco metros

O ângulo Hofmeister já vem de 1972

Chama-se i5 M60 mas é um verdadeiro M5 elétrico

Estilo com detalhes bem desportivos

Muito boa qualidade de construção e poucos botões físicos

Detalhe da fita vermelha no topo do volante

Peça única une painel de instrumentos e ecrã tátil central

Patilha Boost para ter os 601 cv durante 10 segundos

Painel de instrumentos pouco intuitivo de consultar

Ecrã tátil tem comando remoto no iDrive

Muito bons materiais no interior

Comando da transmissão e rotativo do iDrive

Botões hápticos na consola não são práticos

Bons bancos, com conforto e sustentação lateral

Espaço atrás otimizado para dois

Mala tem 490 litros de capacidade

Suspensão muito eficiente em todas as situações

Relação condutor-carro continua tipicamente BMW

I5 M60 xDrive pouco afetado pelo peso

BMW anuncia 0-100 km/h em 3,8 segundos

Este é o Série 5 100% elétrico mais potente, o i5 M60 xDrive, com 601 cv. Mas, com prestações tão elevadas, é efetivamente o M5 elétrico. Estará à altura da sua herança? Respostas em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Passar o desportivo M5 de motor a gasolina para motor elétrico é uma inevitabilidade, mas não é uma urgência. A prova disso está neste i5 M60 xDrive, que evita o nome famoso dos seus antepassados com motor de combustão, mas proporcionando prestações que estão mais do que à altura da herança.

E a herança começa na plataforma CLAR (Cluster Architecture) que já vem do Série 5 anterior de 2016 e inclui componentes de aço de alta resistência e alumínio para as portas e tampa da mala. É a oitava geração do modelo, que se estreou em 1972 e recebe agora o código interno G60.

Comprimento excede os cinco metros

Todas as versões elétricas i5 são assim adaptações de uma plataforma inicialmente pensada para motores de combustão, o que tem sempre as suas limitações. Mas a BMW soube contornar bem o problema, reforçando a estrutura e colocando uma bateria de 81,2 kWh úteis sob o habitáculo.

Estilo novo BMW

Já aqui publiquei no TARGA 67 o teste da versão menos potente i5 eDrive40, que tem 340 cv e tração atrás (pode ler o teste seguindo o link no final) mas agora é a vez desta versão super desportiva i5 M60 xDrive, com dois motores, tração às quatro rodas e uma potência máxima de 601 cv.

Começando por fora, as diferenças estão na designação da versão e em alguns detalhes decorativos que inserem este M60 dentro do universo estilístico dos BMW M. Com 5,06 metros de comprimento, há muito para ver.

Estilo com detalhes bem desportivos

A grelha falsa não tem dimensões tão exageradas como outros modelos da marca, mas o estilo tem muito mais vincos do que na geração G30 que antecedeu este Série 5. Há uma zona negra nos baixos da carroçaria que se prolonga para o para-choques traseiro e um subtil spoiler na tampa da mala. As jantes de 20 polegadas dão o toque final, com as maxilas dos travões M pintadas de azul.

Alta qualidade

O interior também recorre a detalhes de decoração do departamento M, por exemplo nos bancos e no volante, que até tem uma linha vermelha no topo. O ambiente do habitáculo mistura o luxo com uma certa desportividade típica da marca.

Peça única une painel de instrumentos e ecrã tátil central

O interior é dominado pelo conjunto contínuo que inclui o painel de instrumentos digital e o ecrã tátil central. O primeiro não é muito intuitivo de usar, nem o segundo, que usa o sistema operativo 8.5 da marca. Face às soluções de grande superfície que hoje se tornaram moda, o ecrã do Série 5 comandado pelo botão rotativo iDrive pode parecer antiquado. Mas a verdade é que funciona.

Poucos botões

A quantidade de botões físicos foi reduzida ao mínimo. Para regular a climatização, há botões virtuais na base do ecrã central. As saídas de ar estão dissimuladas e são reguláveis por um “slider” tátil e por um botão de borracha, ambos pouco intuitivos.

Comando da transmissão e rotativo do iDrive

Na consola há alguns botões hápticos, por exemplo para os modos de condução e um gatilho físico para as habituais posições P, R, N e D da transmissão. No volante também há mais alguns botões, hápticos e físicos.

Modos de condução

A posição de condução é muito boa, com amplas regulações do banco, que tem suficiente apoio lateral e do bem posicionado volante, que tem um aro de secção exagerada, como é hábito nos M.

Botões hápticos na consola não são práticos

Entre os modos de condução disponíveis estão os que mudam a dinâmica (acelerador, ESC, direção e amortecimento) que se chamam Personal/Sport/Efficiency. No modo Sport, podem configurar-se esses parâmetros individualmente. E os que mudam apenas decoração dos ecrãs digitais e dispositivos de conforto como climatização e massagens dos bancos: Relax/Expressive/Digital Art.

Em cidade

Comecei o teste em cidade com o modo Efficiency, que se mostrou suave e silencioso, com boa gestão do binário por isso nunca brusco no trânsito. A direção não está demasiado assistida e o pedal de travão é intuitivo de dosear. A suspensão não é muito macia, mas controla muito bem os movimentos e nunca é realmente desconfortável, mesmo no mau piso.

Ecrã tátil tem comando remoto no iDrive

uma posição “B” de maior regeneração na desaceleração de fácil acesso no comando da transmissão e que faz a função “one-pedal”, ou seja, tem alta intensidade e imobiliza o i5 no trânsito.

Além disso, há mais quatro níveis de regeneração, incluindo um automático que funciona muito bem. Mas para os selecionar é preciso procurar num sub-menu do infotainment. Seria melhor terem acesso direto através de um botão no volante.

O modo Efficiency tem um sub-modo Max Range que aumenta a autonomia atual em mais 25%, limitando a velocidade máxima aos 90 km/h e desativando funções de conforto como o ar condicionado.

Consumos elevados

Em cidade, claro que se notam as dimensões avantajadas do i5, mas a condução não é assim tão difícil, pois a visibilidade é boa e a direção às rodas traseiras ajuda nas manobras, pois chega a virar num máximo de 2,5 graus, reduzindo o diâmetro de viragem aos 11,7 metros.

Painel de instrumentos pouco intuitivo de consultar

O meu teste de consumos em cidade resultou num valor de 21,2 kWh/100 km, com A/C desligado, modo Efficiency e função B, o que equivale a uma autonomia real de 383 km, considerando os 81,2 kWh de capacidade útil da bateria. Os 2305 kg têm aqui uma grande responsabilidade.

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados, com A/C desligado, no modo Efficiency e com a regeneração no nível zero, o consumo subiu aos 23,6 kWh/100 km, o que equivale a uma autonomia real de 344 km. Mesmo com um bom Cx de 0,25.

Bons bancos, com conforto e sustentação lateral

A bateria pode carregar até uma potência de 205 kW DC, situação em que demora apenas 30 minutos para ir dos 0 aos 80% de carga. Ligada a uma wallbox de 11 kW AC, demora 8h30 para fazer uma carga completa.

Altas prestações

A estabilidade em autoestrada é excelente e os ruídos aerodinâmicos baixos, tal como os de rolamento. As ajudas à condução não se mostraram demasiado intrusivas e o nível de zero regeneração deixa o i5 deslizar sob o seu próprio peso sempre que os declives são favoráveis. A velocidade máxima anunciada é de 230 km/h.

Mas uma leitura atenta das características técnicas deste i5 M60 xDrive dá vontade de procurar uma boa estrada secundária para explorar todas as suas capacidades. Basta olhar para a potência dos dois motores síncronos bobinados, feitos pela própria BMW.

Espaço atrás otimizado para dois

O de trás tem 340 cv e 430 Nm, enquanto o da frente tem 261 cv e 365 Nm. Os valores máximos combinados são de 601 cv e 820 Nm, mas só estão disponíveis durante períodos de 10 segundos seguidos. Isso ocorre ativando a função Launch Control, que leva o i5 dos 0 aos 100 km/h nuns fulgurantes 3,8 segundos; ou puxando a única patilha “Boost” do volante, que inicia uma contagem de 10 segundos visível no painel de instrumentos.

Hardware bem escolhido

A experiência da aceleração a fundo, acompanhada por um som sintetizado emitido pelos altifalantes, é impressionante. Mas sempre com a sensação de total controlo. Os pneus Pirelli P Zero de 245/40 R20, na frente e 275/35 R20, atrás, garantem isso e muito mais.

Jantes de 20″ com pneus mais largos atrás

A suspensão tem braços sobrepostos, na frente e multibraço, atrás, sendo 8 mm mais baixa do que a do i5 eDrive40. Atrás, as molas são pneumáticas.

A caixa da bateria contribui para aumentar a rigidez estrutural e a distribuição de pesos pelos dois eixos continua nos tradicionais 50:50 dos BMW nascidos com tração atrás.

Dinâmica excelente

Claro que qualquer reta é aniquilada pelo poder elétrico deste i5, sobretudo em modo Sport e depois de puxar a patilha Boost. Quando chega a travagem forte, os travões M mostram potência e forte ataque inicial. A direção M progressiva é muito precisa mas não excessivamente direta. Deixa colocar a frente exatamente onde quero.

Dinâmica continua muito BMW

Depois, é a altura das barras estabilizadoras ativas fazerem o seu papel e impedirem que a carroçaria tenha muita inclinação lateral em curva. O i5 curva de forma muito “plana” e controlada, com a tração às quatro rodas a garantir que não se perde nenhum dos 601 cv. Sem usar a patilha Boost, são 517 cv e 795 Nm, o que continua a ser impressionante.

Depende do condutor

A direção às rodas de trás ajuda também a evitar a subviragem, sem que transmita alguma sensação artificial, ao contrário do que acontece com alguns sistemas deste tipo. E o modo Sport coloca realmente o i5 num estado de alerta bem diferente dos outros modos.

Relação condutor-carro continua tipicamente BMW

A partir daqui, tudo depende da vontade do condutor em arriscar mais ou menos. O ESC tem o nível normal, o Sport e o “off”. No primeiro caso, trabalha com algum excesso de zelo, como seria de esperar, sobretudo em piso molhado.

No modo Sport começa a perceber-se mais como este i5 funciona se guiado depressa. Pode surgir um pouco de subviragem na entrada em curva, mas de uma forma muito transparente e fácil de corrigir com o volante e acelerador. À medida que a curva se desenrola, abrem-se outras hipóteses.

Sobrevirador a pedido

Usando mais o acelerador, é possível induzir um pouco de sobreviragem para cancelar a subviragem e isso pode ser feito em pequenos incrementos para manter uma elevada velocidade de passagem em curva.

BMW anuncia 0-100 km/h em 3,8 segundos

Mas acelerando mais francamente na segunda metade da curva, a tração atrás ganha protagonismo e surgem derivas de traseira mais francas a necessitar de correções mais amplas até o ESC voltar ao serviço.

Desligando-o por completo, sobe a necessidade de apurar os sentidos e estar pronto para correções muito rápidas, pois o binário disponível é muito elevado e entregue de forma imediata. Em piso molhado, este exercício pode tornar-se brusco, pois é bom não esquecer que o peso é alto.

Conclusão

Com este i5 M60 xDrive a BMW mostra que consegue manter a atitude dinâmica dos seus modelos desportivos M, mesmo numa versão elétrica. As prestações são muito fortes e a condução pode ser aquilo que o condutor quiser. Não falta envolvimento, nem controlo. O que falta é maior autonomia. A BMW precisa de passar a uma nova geração de plataformas dedicadas para baixar o peso e aumentar a eficiência, caso contrário, usufruir de toda a performance disponível pode ser um exercíco fugaz.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

BMW i5 M60 xDrive

Potência: 601 cv

Preço: 139 557 euros

Veredicto: 4 estrelas

 

Ler também, seguindo o link:

Teste – BMW i5 eDrive40: À procura da alma elétrica