1/3/2024. Esteve com os dias contados, mas agora é para continuar, até com a produção reforçada. O Fiat Panda ainda atrai quem quer um carro acessível, mas a história não fica por aí. Tema da Crónica à 6ª feira no TARGA 67, assinada por Francisco Mota.

 

A sua “morte” esteve anunciada quando a Comissão Europeia (CE) divulgou a primeira versão das novas normas anti-poluição Euro7. Para as cumprir, o motor teria que ser muito transformado, o que não seria rentável.

Mas a pressão dos construtores europeus e dos governos dos seus respetivos países levou a CE a recuar na severidade da Euro7, dando ao Fiat Panda a possibilidade de continuar a ser produzido sem modificações significativas do motor 1.0 micro-híbrido que o equipa.

A história do Panda é única na indústria automóvel europeia. Começou a ser fabricado em 1980 como um veículo de muito baixo custo, projetado por Giugiaro. E vendeu 4,5 milhões de unidades. A segunda geração evoluiu para um modelo de quatro portas e cinco lugares, que venceu o prémio Car Of The Yer em 2004.

13 anos depois

A terceira geração ainda está à venda, 13 anos depois de ter sido apresentada em 2011. Foi uma evolução da segunda, mas com o desenho de Roberto Giolito do Centro Stile Fiat a dar-lhe um estilo que tem resistido incrivelmente bem ao passar dos anos.

Somando as vendas das três gerações, o Panda já ultrapassou os 8 milhões de unidades entregues a condutores europeus. A esmagadora maioria deles em Itália, nada menos do que 80% da produção. O Panda é o modelo mais vendido em Itália há 12 anos consecutivos.

Pode dizer-se que o Panda domina o segmento A na Europa por falta de concorrentes diretos, mas a verdade é que não é fácil fazer uma espécie de micro-SUV, com cinco portas, cinco lugares e mala com 440 litros de capacidade, em apenas 3,65 metros de comprimento.

Atualizações

Em 2023 foram vendidos na Europa 125 834 Panda, juntando-se mais 104 590 Fiat 500 a combustão, que partilha a mesma plataforma e motor. E a procura não dá sinais de descer, pelo contrário.

As pequenas mas bem sucedidas atualizações de equipamentos, cores, revestimentos que foram sendo feitas na última dúzia de anos têm chegado para manter o interesse dos compradores. Este ano vai ser lançada mais uma edição especial, o Pandina, com mais equipamento.

Além disso, o Panda terá este ano uma atualização em termos de sistemas de ajuda à condução, para cumprir as novas normas a entrar em vigor dentro de meses. Travagem de emergência, assistência à permanência na faixa de rodagem, alerta de cansaço do condutor e reconhecimento de sinais de trânsito vão ser de série.

Em vias de extinção?

De uma situação de ameaça de extinção, o Panda vai conhecer um aumento de produção de 20%, passando às 175 000 unidades por ano e está garantida a sua produção pelo menos até 2027, provavelmente até depois disso.

O Panda é fabricado nas instalações de Pomigliano D’Arco, nunca esteve em hipótese ser feito na fábrica do grupo em Tichy, na Polónia. Em 2011, o então Primeiro Ministro Mario Monti chegou a um acordo com os dirigentes da Fiat para manter a produção do Panda em solo italiano, para não se perderem postos de trabalho.

E a situação não mudou muito em 2024. O atual governo italiano também dialoga com a Stellantis para que o grupo liderado por Carlos Tavares aumente o seu investimento em Itália, sempre com o objetivo de manter postos de trabalho.

Líder em vários mercados

Pelo terceiro ano consecutivo, a Fiat foi a marca que produziu mais automóveis em 2023, dentro da Stellantis, com um número de 1,35 milhões de unidades, tendo registado uma subida de 12% face a 2022. A Stellantis sublinha que é a líder em vendas, não em lucro.

A Fiat é a marca mais vendida não só em Itália mas também no Brasil, com uma quota de mercado de 21,6%, na Argélia, com uns avassaladores 78,6% de quota e também na Turquia. Quatro países onde tem fábricas.

O diálogo com o governo italiano tem feito progressos consideráveis, pois a Stellantis está a transformar a sua fábrica de Termoli para ser uma das suas três Gigafactories na Europa, esperando-se que esteja a funcionar a 100% em 2030. Também a história fábrica de Mirafiori está a ser transformada para fazer reciclagem.

Claro que a eletrificação é uma prioridade na Fiat, como em qualquer marca da Stellantis, o 500e foi líder de vendas na Europa, entre os elétricos dos segmentos A+B em 2023, com 14,7% de quota de mercado.

Conclusão

Mas o Panda continua a ser procurado por muitos compradores, que querem um pequeno citadino simples, prático e acessível, uma fórmula que a Fiat tem dominado durante décadas e que outras marcas já abandonaram, não a conseguindo rentabilizar.

Francisco Mota

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