Lancia Delta HF Integrale de 1993

Até 1993, foram feitos 44 296 Delta HF Integrale

Seis títulos de marcas consecutivos ainda são recorde no WRC

Tudo começou em 1979 com a primeira geração

A primeira geração usava a plataforma do Fiat Ritmo

Delta HF 4WD, o prelúdio do Integrale

O ambiente interior da primeira geração

Segunda geração de 1993

O estilo pouco apelativo do segundo Delta

Terceira geração de 2008

Em 2008, o Delta queria ser um premium

Estilo premium não resultou

29/10/2021. Está confirmado! No plano de ressuscitação da Lancia, está previsto o regresso do Delta em 2026, inevitavelmente como um modelo elétrico. Francamente, ainda bem que a Stellantis tomou a decisão, por muito que isso custe aos saudosistas.

 

A memória tem destas coisas. Fala-se de Lancia Delta e os neurónios vão ao arquivo das memórias buscar imagens dos HF Integrale a dominar o mundial de ralis, a voar no salto de Fafe do rali de Portugal e a apaixonar os adeptos com as suas fabulosas cores da Martini.

Mas isso foi apenas um período de seis anos na vida do modelo. Glorioso, é certo, com seis campeonatos de marcas consecutivos (um recorde que perdura até hoje) e mais quatro de pilotos.

O sucesso das várias evoluções do HF Integrale foi tão longo que a marca se viu obrigada a atrasar o lançamento da segunda geração, apesar de as vendas da primeira serem baixas.

E as outras memórias?

As memórias que não vêm logo à tona são as relativas ao que aconteceu antes e depois desse período entre 1987 e 1992.

Lançada em 1979, a primeira geração do Delta era um compacto de tração à frente só vendido com cinco portas e feito com base na plataforma do Fiat Ritmo, com estrutura reforçada e com suspensão diferente, incluindo independente atrás.

O Delta começou a carreira com motores de 75 cv e 85 cv, nada de muito brilhante

No início, os motores Fiat transformados estavam longe de entusiasmar, com versões de 75 e 85 cv. Só quando chegou o HF Turbo em 1984, com 130 cv, as coisas começaram a animar. Mas as vendas eram fracas, o mercado percebia que o Delta estava longe de ser um Golf.

A fase HF Integrale só começou dois anos depois, primeiro com o HF 4WD de 165 cv. Por obrigação das leis dos ralis, de cada vez que a Lancia fazia uma evolução do Integrale, tinha que produzir 5000 unidades, acumulando 44 296 unidades vendidas de todas as versões, até 1994.

Segunda e terceira gerações

Nessa altura, já o Delta original tinha 15 anos de mercado e a segunda geração tinha sido lançada em 1993.

A memória volta a falhar aqui. O segundo Delta já não foi desenhado por Giugiaro como primeiro, mas por Ercole Spada. Era muito mais arredondado, como se tivesse derretido ao sol.

As emblemáticas versões Integrale desapareceram, num modelo que era feito sobre a plataforma do Fiat Tipo e que se arrastou durante seis penosos anos pelos stands da marca.

Entre 1999 e 2008 o Delta desapareceu do catálogo, regresasando com uma terceira geração para mais seis anos de martírio, com base na plataforma do Fiat Bravo. Desta vez, a Fiat tinha querido tornar a Lancia numa marca premium, mas falhou clamorosamente.

Apesar de um percurso que não vai ficar para a história, os seis anos de glória do Delta Integrale ainda hoje geram entusiasmo, tanto naqueles que têm idade para os ter guiado (como é o meu caso) como nos mais novos, que o conhecem dos jogos de vídeo.

Delta volta em 2026

Por isso, quando o CEO da Lancia, Luca Napolitano, confirmou recentemente que o Delta vai voltar em 2026, os espíritos começaram a sonhar com um novo Integrale.

O futuro Delta vai ser elétrico, mas isso seria inevitável, em 2026

Mas rapidamente os mais saudosistas perderam o entusiasmo, quando o CEO garantiu o óbvio: que o novo Delta será um… elétrico!

Era inevitável que assim fosse, para um carro novo lançado em 2026. Assim como é inevitável que vá partilhar uma das quatro plataformas anunciadas pela Stellantis, para as suas 14 marcas.

Testei grande parte dos Delta lançados entre o final dos anos oitenta e 2014 e, também a mim, as memórias que me ficaram foram as do último HF Integrale. Mas só vejo vantagens em que o novo Delta seja elétrico.

Exemplos a seguir

Ao contrário de quem afirma que os carros elétricos são todos iguais, chamando-lhes eletrodomésticos, eu tenho uma opinião muito diferente.

Quem sabia fazer carros de combustão divertidos de guiar – e não falo só das acelerações em reta – continua a saber fazer o mesmo com os carros elétricos.

Dou três exemplos. O primeiro é o Porsche Taycan, um quatro portas desportivo que junta tudo: um desenho incrível, um interior moderno e uma dinâmica fabulosa, quase tão divertido de guiar numa estrada sinuosa como um 911.

O segundo exemplo é o Mini Cooper SE, a versão elétrica que, ao contrário do Taycan, nem sequer tem uma plataforma para carros elétricos. Ainda assim, mantém toda a agilidade e rapidez de reações das melhores versões desportivas da gama.

E o terceiro exemplo é o Ford Mustang Mach-E. Este é um caso ainda mais notável, pois faz um crossover de 2,2 toneladas parecer um familiar compacto de tração atrás.

Conclusão

Por isso, se a Stellantis der margem à Lancia para fazer um carro elétrico realmente desportivo, não será muito difícil de o conseguir fazer. Sobretudo porque, em 2026, a tecnologia das baterias já terá evoluído para outro patamar, em termos de peso, tempos de recarga e custo. Um “Integral-E” com mais de 400 cv e tração às quatro rodas? Por mim, está mais que aprovado!

Francisco Mota

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