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26/02/2021. Como outras marcas, também a Ferrari está à beira de entrar nos SUV e nos elétricos. Mas nem há muita pressa: foi a única marca de supercarros cujas vendas subiram em 2020.

 

A pandemia causou uma quebra sem precedentes nas vendas de automóveis em todo o mundo, desde Março de 2020. A economia travou a fundo e o mercado retraiu-se, nada mais normal.

No segmento dos supercarros, a descida nas vendas teve ainda mais motivos. Parte dos compradores deste tipo de produto de luxo são empresários que, durante a pandemia, tiveram que despedir ou colocar em “lay-off” alguns dos seus trabalhadores.

Por isso, talvez tenham tido a consciência social de não comprar um exuberante supercarro, enquanto os seus empregados estão a passar por momentos difíceis. Alguns até venderam os que tinham, outros simplesmente esconderam-nos nas garagens ao abrigo dos olhares mais indiscretos.

Há histórias de empresários que compraram pequenos utilitários usados para se deslocarem no dia-a-dia, para evitar a ira dos menos afortunados nesta fase mais difícil.

O fim da especulação?

Ao contrário do que aconteceu nos anos antes da pandemia, em que a especulação ligada aos supercarros os tornava em investimentos com retorno garantido, a pandemia veio trazer a desvalorização também a este segmento.

Há casos de supercarros de 2018 que entraram agora no mercado de usados com desvalorizações de 50%, o que era impensável antes da pandemia. O fenómeno é mais visível nos três maiores mercados europeus de supercarros, o Reino Unido, a Alemanha e a Suiça.

Esta desvalorização teve o mérito, se assim lhe posso chamar, de afastar os expeculadores da compra de supercarros, pelo menos por agora, mas tem outras origens ligadas à pandemia.

Produção acima da procura

Embalados pelo negócio florescente que representava a venda deste tipo de produtos de luxo, antes da pandemia, os construtores não reduziram a tempo os volumes de produção, chegando-se a uma situação em que a oferta está acima da procura.

Muitos compradores deixaram de comprar um supercarro porque, com o confinamento, simplesmente não o podem usar imediatamente, adiando o impulso da compra para melhores dias.

Isso aplica-se particularmente a versões especiais, aquelas que são feitas apenas para ser usadas em “track days”. A prova disso é que os supercarros que se venderam em 2020 foram sobretudo os modelos e versões mais baratas de cada marca.

Todas descem menos uma

Muitos negociantes de supercarros usados viram-se a braços com “stocks” muito superiores à procura. Uma parte proveniente de carros que tinham sido adquiridos com financiamento e que os seus compradores, mais entusiastas que abonados, tiveram que devolver.

Pelos dados da Jato Dynamics, especialistas em números e estatística relativa à indústria automóvel, todas as marcas de supercarros e de carros de luxo tiveram quebras nas vendas de 2019 para 2020. Foi o caso da Aston Martin (de 2672 para 1683), Bentley (de 3345 para 2994), Bugatti (de 39 para 19) e da Lamborghini (2283 para 2006).

Incrivelmente, a Ferrari resistiu à pandemia até com uma subida nas vendas de 2019 para 2020: passou das 3860 unidades para as 4173 unidades. Mais uma prova de força do emblema italiano.

Os desafios da Ferrari

A marca do “cavallino rampante” prepara-se para entrar, ainda este ano, no segmento dos SUV com o novo Purosangue, que se deverá posicionar como o SUV mais potente do mercado.

Tal com aconteceu com a Lamborghini e o Urus e sobretudo com a Porsche as sucessivas gerações do Cayenne, o novo SUV Ferrari vai fazer subir o volume de vendas da marca para valores nunca antes alcançados.

Mas corre o risco de passar por aquilo que está a acontecer na Lamborghini, em que os compradores dos desportivos estão a migrar para o SUV Urus. Talvez a marca do touro o tenha feito demasiado desportivo…

Eletrificação é urgente

Ao mesmo tempo, a eletrificação de toda a sua gama é uma tarefa que já começou a ser feita, com o seu topo de gama SF 90 Stradale, um PHEV com 1001 cv. Mas é preciso acelerar para a eletrificação da restante gama de modelos, com motor à frente e motor central.

A eletrificação da Ferrari, ainda vista por muitos como uma heresia que vai matar um dos ícones da marca – o “cantar” dos seus motores a gasolina – passou já a ser uma exigência de muitos.

Quem não tenha modelos eletrificados e/ou elétricos começa a ser considerada por alguns potenciais compradores como uma marca “atrasada” na transição energética.

Conclusão

Entre os construtores de supercarros, a Ferrari está num posição invejável para os desafios que se seguem. Mas tem que acelerar o passo na eletrificação, se não quer ser ultrapassada pelas suas rivais, quer sejam as marcas tradicionais, quer sejam as “start-ups” que apelam a um público mais jovem.

Francisco Mota

 

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