As vendas anuais de carros contam com as frotas e carros de serviço. Mas sabe quais são os 10 carros que os particulares mais compram na Europa? Prepare-se para a surpresa…

 

21/06/2019. Os números de vendas anuais de carros são sempre apresentados contando com todas as unidades comercializadas, o que parece lógico.

Mas isso quer dizer que são incluídas todas as vendas para frotas, carros de aluguer e carros de serviço. Nessas tabelas, os líderes são conhecidos de toda a gente: VW Golf, na Europa e Renault Clio, em Portugal.

Cada vez mais frotas

Essa é uma maneira de ver a questão, mas que se pode tornar distorcida se quisermos saber quais são as reais preferências dos consumidores finais. E o efeito destas vendas a profissionais é cada vez maior.

A Jato, uma empresa que trabalha os números da indústria automóvel de uma maneira clara e fácil de entender, publicou há algum tempo os dados de 2018, onde se pode ver isso muito bem.

São números que têm vindo progressivamente a caminhar no sentido do decréscimo de vendas a cliente final, já há vários anos.

Mas então o que acontece se tirarmos as vendas de frotas, carros de aluguer e carros de serviço? Como ficam as vendas aos privados, aqueles que realmente pagam o preço de tabela, ou próximo disso?

Vendas a privados a descer

Considerando os maiores 23 mercados da Europa, a conclusão que se tira é que as vendas a profissionais já valem 56% do total, enquanto as vendas ao cliente final se ficam pelos 44% do total de carros vendidos.

São números importantes, pois é sabido que o negócio a particulares tem uma margem de lucro muito superior, para as marcas. Nos negócios de frotas, a competição entre as marcas é tão forte, que as margens são completamente “esmagadas”, para usar um termo que os especialistas do assunto empregam como um sinal de alerta.

Lituânia na frente

Em oito países da Europa, as vendas a profissionais já vão acima dos dois terços do mercado, sendo o recordista a Lituânia, onde 76% do mercado é de vendas a profissionais.

Segundo a Jato, aqui entra já a influência de um fator que poderá alastrar a outros países no futuro próximo, o das vendas para vários programas de “car-sharing”.

Por um lado, as empresas dedicadas a este negócio começaram a comprar mais carros, por outro, os particulares que os usam, deixaram de comprar carro. Uma tendência a acompanhar.

Premium mais dependentes das frotas

Como seria de esperar, as marcas premium são as mais dependentes das vendas a profissionais. Feitas as contas ao ano de 2018, conclui-se que 71% de todos os Volvo vendidos foram a profissionais, sendo a marca que menos percentagem de carros vende a clientes finais. Segue-se a BMW, Audi e Mercedes-Benz, por esta ordem.

Passando de marcas a modelos, continuando a considerar os 23 maiores mercados europeus no ano passado, o modelo que mais vendeu a profissionais foi o Opel Insígnia, seguido pelo VW Passat, Audi A6 e Skoda Superb.

Quem vende mais a privados?

Olhando para a tabela a partir do outro extremo, a Jato concluiu que a marca que está menos dependente das vendas profissionais e que tem uma percentagem das suas vendas mais alta a clientes finais é, possivelmente para surpresa de alguns, a … Dacia!

Os números dizem que a Dacia vende 79% dos seus carros a clientes finais, seguida da Suzuki, com 67% e da Mazda, com 58%.

Estas são as três marcas menos dependentes de negócios de frotas, carros de aluguer e carros de serviço, por isso são aquelas que têm o potencial de lucrar mais em cada unidade vendida.

Mas isso é um dado muito mais difícil de obter. Nenhuma marca quer dizer quanto ganha em cada carro que vende.

Os 10 mais comprados na Europa

A verdade é que, cruzando esta percentagem de vendas a privados, com o volume de vendas total, a Dacia consegue outro feito notável.

Sabe quais os 10 modelos mais comprados por clientes privados nos 23 maiores países da Europa? Aqueles que são mesmo pagos do bolso de quem vai guiar o carro?

Pois fique a saber que o líder de vendas a clientes finais é o… Dacia Sandero!
Mais impressionante é que o segundo lugar é também ocupado por um Dacia, o Duster, deixando o Kia Picanto para terceiro lugar.

O Top 10 é o seguinte:

1 – Dacia Sandero

2 – Dacia Duster

3 – Kia Picanto

4 – Ford KA+

5 – Suzuki Swift

6 – Ford Ecosport

7 – Kia Stonic

8 – Hyundai Kauai

9 – Mazda CX-3

10 – Toyota Yaris

Quais as razões para o domínio da Dacia?

Estes são os carros escolhidos por quem os paga diretamente e os vai utilizar no dia-a-dia, escolhas completamente racionais, baseadas no “value for money”. Podem ser feitas muitas considerações sobre este dado.

Pode dizer-se que é um espelho do nível de vida real de uma grande parte da população da Europa. Também se pode dizer que o interesse dessa parte da população por automóveis está muito mais perto do racional do que do emocional.

Ou dizer que esses compradores estarão mais preocupados em gastar o seu dinheiro noutras coisas que não no automóvel.

Conclusão

O que também pode ser tema de reflexão é o peso desta realidade na tão falada transferência energética e a pressão que alguns governantes estão a colocar em cima da população, para que mude os seus hábitos e passe a comprar carros elétricos.

Com o Sandero a custar cerca de dez mil euros, numa média das versões disponíveis, como se pode pensar que os compradores que dão este dinheiro por um carro novo a gasolina ou gasóleo, tenham capacidade financeira ou disponibilidade, para gastar mais do dobro no mais barato dos carros elétricos neste momento à venda?…
Francisco Mota

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