Mais um Grande Prémio e mais uma derrota para a Ferrari. A equipa mais famosa do mundo não consegue ganhar este ano. Por que razão?…

Ross Brawn foi diretor da Scuderia Ferrari entre 1996 e 2006, onde ganhou seis títulos de construtores a ajudou o seu piloto preferido, Michael Schumacher, a ganhar cinco títulos de pilotos.

Foi a última época dourada da equipa italiana na Fórmula 1, depois disso só conseguiu ganhar mais um título de pilotos, com Kimi Raikkonen, em 2007. Com um carro e uma estrutura que Brawn tinha supervisionado, antes de sair no final de 2016.

Período negro dura há 12 anos

A seguir começou um longo período negro, primeiro com a Red Bull a dominar a Fórmula 1 durante quatro anos seguidos e depois com a Mercedes-AMG a tomar conta de todos os títulos nos últimos cinco anos.

Este ano, os testes oficiais antes da primeira corrida pareciam indicar que a Ferrari estava preparada para voltar a vencer, mas assim que o campeonato começou, a Mercedes-AMG mostrou-se fora de alcance, vencendo todas as oito corridas disputadas até agora, seis delas com os seus dois pilotos, Hamilton e Bottas, nos dois primeiros lugares.

Imprensa italiana culpa Vettel

À Ferrari, nem a contratação do jovem Charles Leclerc valeu de muito. Por mais que o piloto oriundo do Mónaco tente, não consegue melhor do que o seu colega de equipa, o alemão Sebastian Vettel, cujos melhores resultados este ano são dois segundos lugares.

Naquilo que é um verdadeiro clássico da imprensa italiana, que olha para a Ferrari como para a sua seleção de futebol, já começou a criticar Vettel, dizendo que o piloto que foi quatro vezes campeão do mundo com a Red Bull não se esforça o suficiente ao volante do Ferrari.
Mas qual a razão da ausência dos pilotos da equipa italiana do primeiro lugar do pódio?

Ross Brawn sabe a razão

Ross Brawn, que conhece muito bem a equipa italiana e a maneira de trabalhar dos transalpinos, poderá ter a resposta, que é bem mais complicada do que pode parecer.

“Quando se começa a andar pelas instalações da Ferrari, a pergunta que surge logo à cabeça é por que razão eles não ganham todos os campeonatos do mundo? (…) Eles têm duas pistas de testes, Maranello e Mugello, um túnel de vento moderno, um departamento de fabricação de componentes excelente, tudo o que é preciso está lá.”

E nem dos mecânicos, Brawn se queixa durante os tempos em que esteve na Ferrari: “a atitude dos trabalhadores comuns é excelente. Fabricantes de peças, técnicos, tudo gente de alta qualidade. Alguns são já a terceira geração que trabalha na Ferrari, os seus pais e avós já lá tinham trabalhado, por isso há imensa experiência.”

As chefias são o problema

Mas afinal onde está o problema para a falta de resultados da equipa? Segundo Ross Brawn testemunhou quando entrou para a equipa em 1996, o problema está mais acima: “o que ficou claro foi que, devido à cultura de gestão que lá existe, as chefias intermédias e de topo estão constantemente a olhar pela sua própria sobrevivência na estrutura. A sua filosofia é conseguirem preservar a sua posição na hierarquia.”

Em resumo, Brawn descreve assim a situação na Ferrari, quando lá chegou no ano de 1996: “Excelentes trabalhadores, gente maravilhosa, apaixonada e dedicada que tinha orgulho em trabalhar para a Ferrari. Mas as chefias intermédias estavam petrificadas em não colocar um pé fora do risco e por isso não funcionavam como deviam.”

Conclusão

Estas considerações não são novas, foram publicadas no livro “Total competition” publicado em 2016, onde Brawn fala da sua carreira e da estratégia na F1.

Na década que dedicou à Scuderia Ferrari, Brawn tentou alterar a maneira de trabalhar dos italianos. Mas a verdade é que desde que de lá saiu, progressivamente, a liderança foi sendo ocupada novamente por italianos.

E a equipa não mais conseguiu ganhar títulos, apesar de por lá ter passado Fernando Alonso, bicampeão do mundo e considerado como um dos melhores pilotos de sempre.

A pergunta que se coloca é simples: será que os métodos de trabalho que Brawn encontrou na equipa em 1996 voltaram novamente a ditar a sua lei e a dar os seus pobres resultados?

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