Em 1966, uma empresa na Nova Zelândia decide fazer um SUV com base no chassis e motor do Octavia. Mas quando chegou a altura do desenho, a inspiração foi óbvia!

 

Desde 2017 que o museu da Skoda, na República Checa, se tornou proprietário de um exemplar do Skoda Trekka. Isto não seria notícia se a história por detrás deste modelo, com características de SUV, não fosse tão interessante.

O Trekka pode ser apontado como o primeiro SUV da Skoda, numa altura em que a sigla ainda estava muito longe de ter sido inventada. Mas o conceito de marketing e as soluções técnicas são praticamente as mesmas dos SUV dos nossos dias, incluindo os da Skoda.

Trekka “made in” Nova Zelândia

Nos anos sessenta, a empresa montadora de carros da Nova Zelândia, Motor Lines, decide construir um veículo agrícola para o mercado local, pois esta classe de carros saía fora das cotas de produção impostas pelo governo da altura.

Era possível vender tantos quantos fossem produzidos e, ainda por cima, não eram alvo dos impostos que os carros de passageiros, montados localmente, recebiam.

A primeira ideia foi usar uma mecânica inglesa, mas rapidamente foi tomada a decisão de basear o novo modelo no chassis e no motor do Octavia da altura, certamente por razões de custos e de facilidade de produção.

Mercado queria um Trekka

Mas foi também um conjunto de circunstâncias que levou a isso. A Skoda tinha enviado para a Nova Zelândia um engenheiro para supervisionar a montagem local dos seus modelos, mas ele rapidamente percebeu que o mercado queria algo mais que uma berlina convencional.

Começou a imaginar um veículo mais adaptado à condução nos caminhos de terra do que o Octavia e acabou por se juntar aos homens da Motor Lines para começar a desenvolver a ideia.

Em cima dos chassis com motor que eram importados da Checoslováquia, foi montada uma carroçaria específica, na Nova Zelândia. A ideia era vender um modelo apto a ser usado nas vastas propriedades rurais do país, para aplicações profissionais. Mas também um modelo que pudesse apelar aos compradores mais citadinos, como um SUV dos nosso dias.

Motor 1.2 da Skoda

O motor era o 1.2 de quatro cilindros e quatro tempos, montado em posição longitudinal dianteira (atrás do eixo da frente) e a debitar 47 cv. A transmissão usava a caixa de quatro velocidades da Skoda e a tração era também só às rodas traseiras.
O Trekka pesava 910 kg e conseguia atingir os 110 km/h de velocidade máxima.

Três variantes do Trekka

A primeira carroçaria a ser lançada era de três portas, com capota de lona facilmente removível, mas rapidamente se percebeu que os clientes mais urbanos queriam uma versão mais protegida.

Por isso foi criada uma carroçaria fechada, com tejadilho em fibra de vidro e capacidade de levar entre dois a oito passageiros, com bancos corridos longitudinais, atrás. O carro tinha 500 kg de capacidade de carga.

A altura ao solo era de 190 mm, a suspensão era independente às quatro rodas e, pouco depois do início da produção, foi disponibilizado um autoblocante.

Isto dava-lhe algum à vontade nos caminhos rurais, mas as aptidões para circular fora de estrada nunca poderiam ser tão elevadas como as dos veículos 4×4.

Um SUV antes do tempo

O paralelo com os SUV atuais é realmente incrível, com o Trekka a ter um comprimento total de apenas 3,590 mm, ficando ao nível de um SUV moderno do segmento B. A sua carreira comercial terminou em 1972, com um total de 3000 unidades produzidas.

Quanto ao desenho, o seu autor não perdeu muito tempo a pensar no assunto, inspirando-se claramente nos primeiros Land Rover. Hoje, isso seria uma atitude mais típica de alguns construtores chineses, mas na altura ninguém falava de plágio, na indústria automóvel.

Conclusão

O Trekka ficou para a história como o primeiro automóvel concebido e produzido na Nova Zelândia e ainda hoje é apreciado e acarinhado por alguns coleccionadores locais. Mas é também a prova de que o conceito SUV, exatamente como hoje é visto, já existia nos anos sessenta.

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