VW ID.Life antecipa ID.2

Cinco portas e estilo diferente

ID.2 fica entre o Polo e T-Cross, em tamanho

Ecrã tátil substituído por uma doca para o smartphone

Tomadas de carga da bateria e arrumo dos cabos

Câmara em vez de retrovisor

Motor e tração passou para a frente na MEB Entry

Um estilo diferente dos outros ID

Menor distância entre-eixos que ID.3

Frente e traseira são simétricas em termos gráficos

24/9/2021. Disfarçado de “concept-car” um pouco lunático, com tejadilho e capót textil, o VW.Life mostrado no salão de Munique antecipa o ID.2, o sucessor elétrico do Polo que a VW promete vender a 20 000 euros. Como será isso possível?

 

Quando lançou o ID.3 a Volkswagen fotografou-o ao lado do Carocha e do primeiro Golf, para mostrar que era o terceiro modelo mais importante da sua história, o novo carro do povo elétrico.

Claro que os preços do ID.3 não são propriamente acessíveis a todo o povo, por isso a marca e o grupo continuaram a trabalhar num modelo mais pequeno e mais barato. O resultado, ainda em forma de “concept-car”, foi mostrado no recente salão de Munique.

Esquecendo o bizarro tejadilho recolhível e o capót feitos em material textil, com um fecho de correr para os “despir”, o ID.Life tem muito mais importância do que isso. Na verdade, é a antecipação do elétrico mais pequeno que o ID.3 que, pela lógica alemã, se vai chamar ID.2.

O verdadeiro elétrico do Povo

Este novo ID da VW tem tudo para vir a ser o verdadeiro elétrico do povo, pois a marca anunciou que o preço base vai ser de 20 000€. Um valor bem abaixo dos 36 749 euros que custa um ID.3 e dos 31 770 euros que custa um Peugeot e-208, por exemplo.

A data prevista para o lançamento do ID.2 é 2025, o que faz dos 20 000 euros um valor ainda mais apelativo, sobretudo quando se compara com o preço base de um Polo 1.0 TSI de 95 cv hoje, que é de 19 385 euros, já para a nova versão com restyling.

Ou seja, a VW está a prometer um “Polo” elétrico por apenas mais 615 euros que a versão a gasolina. Melhor ainda, a versão base do ID.2 terá um motor de 234 cv, ou seja, mais do dobro do Polo 1.0 TSI, capaz de fazer a aceleração 0-100 km/h em 6,9 segundos.

Qual o segredo do baixo preço?

Mas como é possível prometer tudo isto, sabendo o custo elevado das baterias, e sabendo que a VW anunciou uma bateria de 57 kWh para o ID.2 capaz de 400 km de autonomia?

Para começar, a plataforma MEB do ID.3 foi reformulada a ponto de receber o nome MEB Entry. É mais pequena, com a distância entre-eixos a descer de 2750 mm para 2650 mm e a encurtar o comprimento dos 4100 mm para os 4091 mm, o que coloca o ID.2 entre o Polo e o T-Cross.

A silhueta do “concept-car” ID.Life é a de um pequeno crossover, o que se deve manter na versão final, apenas disponível com carroçaria de cinco portas.

Mais importante, o motor passou do eixo traseiro, no ID.3 para o eixo da frente, no ID.2 com a tração a passar das rodas de trás para as da frente. Isto permite simplificar a suspensão traseira e diminuir mais nos custos.

Nova tecnologia de bateria

Mas a maior redução nos custos, diz a VW, vai ser na bateria que utilizará uma tecnologia mais barata que a empregue no ID.3. Sabe-se que esse trabalho já dura há algum tempo, mas ainda não há dados oficias sobre a tecnologia dessa nova variante de baterias.

Contudo, daqui até 2025 era já previsto por vários especialistas que a tecnologia das baterias iria descer de preço, por isso não espanta que a VW o anuncie exatamente para essa data.

É a data apontada como a altura em que o custo de produção dos carros elétricos vai passar a ser igual ao dos carros com motores de combustão interna.

Software pago depois

Outra maneira de baixar o preço final vai ser desviar alguns equipamentos baseados em software para downloads a fazer (e a pagar…) mais tarde, após a compra do carro.

Funções como algumas ajudas à condução, feitas para uso em autoestrada, poderiam ser alugadas pelo utilizador do carro apenas para uma viagem. Veremos como a EuroNCAP vai avaliar um carro que só tenha este tipo de ajudas às vezes.

Também as atualizações de software vão estar disponíveis para descarregar mais tarde “over the air” e, eventualmente, pagas à parte.

Smartphone em vez de ecrã tátil

Uma das ideias mostradas no “concept-car” era a substituição do habitual ecrã tátil e sistema de infotainment embarcado, por uma doca para o smartphone do utilizador, com integração rápida e completa. Não é um conceito novo mas, até agora os construtores e clientes têm resistido a esta mudança, que me parece óbvia.

No “concept-car” ainda foram mostradas outras ideias para poupar nos custos e no impacte ambiental, como materiais naturais e reciclados: peças feitas de garrafas recicladas, restos de madeira, borracha natural e até casca de arroz. Dificlmente isto chegará à produção.

Feito em Barcelona

Por falar em produção, esse será outro elo na redução de custos nos modelos MEB Entry. Tanto o futuro ID.2, como a versão da Seat e Cupra (prevista no concept-car Urban Rebel) e Skoda serão produzidas em Barcelona pela Seat.

A fábrica de Martorell terá assim a responsabilidade de debitar meio milhão de modelos por ano, com base na plataforma MEB Entry, de forma a maximizar as sinergias e reduzir mais os custos.

O plano tem semelhanças com o dos citadinos VW Up!/Skoda Citigo/Seat Mii, fabricados em Bratislava, mas agora adaptado à realidade dos carros elétricos.

Conclusão

Mais uma vez, enquanto outras marcas ainda estão no plano das discussões sobre o futuro dos utilitários na idade da eletrificação e outras adaptam plataformas, a VW avança já para uma plataforma dedicada aos elétricos do segmento B. O investimento é significativo, mas o retorno deverá ser ainda maior. Como disse o CEO da VW, Ralf Brandstätter em Munique: “os lucros do ID.2 vão ser idênticos aos que o Polo dá hoje.”

Francisco Mota

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