Enquanto a eletrificação não abrange todos, é preciso dar resposta a segmentos onde a gasolina domina. Para ficar mais competitivo, o Polo recebeu um restyling, mais visível no interior que no exterior.
No segmento “B” dos utilitários, onde o VW Polo se insere, 93% das vendas são de versões com motores de combustão. Por isso não admira que no “restyling” do modelo, a marca continue a apostar exclusivamente em motores a gasolina.
E os resultados desta estratégia não podem deixar de se considerar positivos, com as vendas da marca a crescer 18% entre o ano passado e este ano, no espaço europeu. Em Portugal cresceu ainda mais, chegando aos 40,8%. Mas claro que não se pode esquecer o quão anómalo foi o ano de 2020.
Mais importante é o facto de a VW estar a recuperar quota de mercado no nosso país, melhorando a sua posição no “ranking” das marcas mais vendidas, subindo do nono para o sexto lugar, comparando os oito primeiros meses deste ano e do anterior.
Polo nasceu em 1975
Quanto ao Polo, um esforço de memória identifica 1975 como o ano em que a primeira geração foi lançada, acumulando até hoje 18 milhões de unidades vendidas ao longo de 46 anos e seis gerações.
Lançada em 2017, esta sexta geração recebe agora um restyling ligeiro, como é habitual na marca. Por fora, muda ligeiramente o desenho da grelha e dos para-choques.
O símbolo da frente também é novo e o nome do modelo surge agora centrado na tampa da mala. Os faróis e farolins são de LED, de série e há jantes com novos desenhos.
Mudou mais por dentro
Por dentro, o volante é novo e o painel de instrumentos digital é de série. Há novas cores para o interior e a consola central foi redesenhada. Mais importante, o ecrã digital central é de uma nova geração e tem um novo sistema operativo.
Nesta última parte, o destaque vai para um novo sistema de navegação, controlo por voz mais eficiente e uma nova aplicação para smartphone que mantém o condutor em contacto com o carro.
Depois, houve também uma atualização dos sistemas electrónico de apoio à condução, incluindo “cruise control” adaptativo, que coloca o Polo no nível 2 de condução autónoma.
Os mesmos motores
A gama também foi reestruturada, com a versão base a ser simplesmente o Polo, seguida pelo Life e por duas versões paralelas, o Style e o R-Line. No topo está o GTI (34 264 euros).
Quanto a motores, nada de novo. Estão disponíveis o 1.0 de três cilindros atmosférico e 80 cv (18 640 euros), seguindo-se o 1.0 TSI de 95 cv (19 385 euros) e o 1.0 TSI de 110 cv (25 702 euros). Mais tarde existirá uma versão de gás natural, o 1.0 TGI de 90 cv (21 898 euros). Diesel não existe, nem nenhum tipo de híbrido, mas há caixa DSG em opção.
Ao volante há novidades
Depois da teoria, a prática, com um primeiro teste da versão 1.0 TSI de 95 cv, em estradas secundárias e cidade, para perceber as diferenças.
Primeiras impressões vão para o ecrã tátil central que se mostrou fácil de usar e de ler. O painel de instrumentos digital pareceu um pouco pequeno, mas não dificulta a consulta da informação.
A posição de condução é muito boa, com o novo volante a proporcionar uma pega excelente. Todas as regulações são amplas (o que não é um dado adquirido neste segmento) e o banco tem suficiente apoio lateral, sem perder em conforto.
A qualidade dos materiais não pareceu ter mudado muito. O banco de trás têm espaço suficiente em comprimento e altura, sendo a largura a cota mais crítica. A mala continua com 351 litros, um bom valor no segmento.
Dinâmica pouco mudou
A caixa manual de cinco relações é precisa e suave, com escalonamento correto. Mas a resposta do motor, a muito baixos regimes, parece estar menos rápida do que no passado. Talvez como resultado de novos ajustes para diminuir as emissões poluentes.
Com pneus 185/65 R15 e uma suspensão tolerante, o conforto em piso irregular é muito bom, sem que isso implique degradação no comportamento dinâmico.
O Polo controla bem a subviragem, para as velocidades que estão ao seu alcance e não deixa deixar deslizar a traseira, quando é preciso travar de urgência a meio de uma curva rápida.
A direção é ágil e está muito bem calibrada, tanto na desmultiplicação como na assistência. A experiência de condução talvez não seja das mais entusiasmantes do segmento. Mas transmite muita confiança ao condutor, pela maneira como o informa de tudo o que se está a passar entre as rodas e o asfalto.
Conclusão
Claro que o preço é sempre o aspeto menos simpático de qualquer Polo. Ainda assim, a VW calcula que o modelo deixou de custar mais 11% que a média do segmento para ser apenas 4% mais caro. Contudo, a imagem de marca e a perceção de qualidade mais alta que a de alguns concorrentes deverá ser suficiente para sustentar este posicionamento.
Francisco Mota
(fotos de Mike Sergeant)
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