5/1/2024. A ACAP divulgou esta semana as vendas totais de automóveis em Portugal, durante o ano de 2023. Entre confirmações e surpresas, há muitas conclusões interessantes a tirar. É esse o tema da Crónica à 6ª feira do TARGA 67, assinada por Francisco Mota.

 

Com a eficiência que lhe é reconhecida, a ACAP divulgou na primeira semana de 2024 todos os números de vendas de veículos em Portugal, durante o total do ano de 2023. Como já se esperava, a Peugeot lidera a tabela, seja considerando apenas os ligeiros de passageiros, seja acrescentando-lhe os comerciais ligeiros, tabela que também liderou.

Nos ligeiros de passageiros, que são os números que mais me interessam e sobre os quais as próximas linhas incidem, a marca do leão vendeu 20 698 unidades, num crescimento de 22,9% face a 2022. Em segundo lugar ficou a Renault, com 16 100 unidades e uma subida ainda maior de 25%. O modelo mais vendido no nosso país foi o Peugeot 2008, com 6760 unidades.

Mercedes bate Dacia

Tão ou mais interessante foi a luta pelo terceiro lugar do pódio, disputada entre a Mercedes-Benz e a Dacia. A marca premium alemã ganhou, com uma vantagem de apenas sete 7 (sete) carros vendidos, 14 810 contra 14 803. Apesar de a Dacia ter crescido 45,2% face a 2022. Logo a seguir veio a BMW, com 13 963 unidades.

É sabido que as duas marcas premium vendem sobretudo a empresas, para as quais costumam até ter versões com relação preço/equipamento especialmente atraente e que têm valores residuais altos. Mas, ainda assim…

Uma coisa é certa, apesar de ter subido 34,5%, as 3798 unidades vendidas pela Audi ainda a colocam longe desta disputa entre as três marcas premium alemãs.

Tesla a “disparar”

Como esperado, a marca que mais subiu entre as que se posicionaram no Top 10, foi a Tesla, com mais 256,3% face a 2022, que equivalem a 9329 unidades vendidas e ao oitavo posto, mais que as 9059 da Citroën, na nona posição, com apenas 0,5% de subida.

Outras comparações interessantes são, por exemplo, as vendas de 8291 unidades da Seat (+ 35,2%), que ficou no décimo lugar, com as da sua “irmã” Cupra, que não passou das 2522 unidades (+52,4%). Imaginar que a Cupra irá substituir a Seat no futuro, é um cenário cada vez mais difícil de perceber.

Nem todos subiram

Outras comparações menos evidentes, mas igualmente interessantes podem ser estabelecidas entre as vendas de 1019 unidades da Porsche (+17,4%) com as da Honda, que se ficou pelas 546 unidades, sendo das poucas marcas que desceu, com menos 28,9% que em 2023.

As outras marcas de maior dimensão que ficaram no vermelho, face a 2022, foram a Fiat (-16%) e a Hyundai (-2,7%). Pelo lado oposto, a marca com maior crescimento foi a MG (+351,9%) mas ainda com apenas 1080 unidades vendidas. A Polestar também subiu muito (+132,3%) mas fica ainda pelas 295 unidades, pois apenas comercializa um modelo.

A BYD vendeu 450 unidades, no seu primeiro ano de atividade no nosso país. Com 478 unidades e 87,5% de crescimento, ficou a Alfa Romeo, logo atrás ficou a Lexus com 461 vendas (+34,8%). A melhor marca não europeia foi a Toyota com 10 200 unidades (+13%) em sétimo lugar.

E as marcas de luxo?

Quanto às marcas de luxo, tirando a Porsche que joga noutro campeonato, a Bentley liderou com 55 unidades, apesar de ter descido 15,4% sendo seguida de perto pela Aston Martin (51 unidades), pela Ferrari (33 unidades) e pela Lamborghini (17 unidades).

A Maserati, com 47 unidades e uma descida de 43,4%, ficou muito aquém das naturais espetativas. Ainda foi vendido um Rolls Royce, um McLaren, um Lotus e um Nio.

Novas energias lideram

Quanto aos chamados veículos de novas energias, representaram 51,9% do total do mercado, com os 100% elétricos a liderar (18,2% do mercado), seguidos pelos Plug-in (13,6% do mercado), pelos Full Hybrid (14,5%) e com 5,6% para outros. A gasolina ainda foram vendidos 36,1% e os Diesel ficaram-se pelos 12,0%.

No total dos veículos ligeiros, foram vendidos em 2023 em Portugal 199 623 unidades, numa subida de 26,9% face a 2023. Mas a ACAP não deixa de sublinhar que o mercado ainda está 11,2% abaixo dos números pré-pandemia de 2019.

Somando os comerciais ligeiros (28 523) e os pesados (7907) o total das vendas subiu aos 236 053, mais 26,1% que em 2022 e menos 12,3% que em 2019.

Conclusão

Face a 2019, o mercado ainda tem margem de crescimento, é uma das conclusões possíveis. A outra é que os 100% elétricos já são o segundo tipo de motorização mais vendida em Portugal, só superados pelos motores a gasolina. Isto mostra bem como a transição energética está a acelerar no nosso país. Menos “glamorosas”, mas igualmente importantes, são as vendas de pesados, as únicas a subir face a 2019, com mais 33,7%. Tradicionalmente, isto é um indicador positivo do estado da economia do país.

Francisco Mota

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