Plataforma elétrica e-CMP

Vincent Cobée o CEO da Citroën

O ë identifica os Citroën elétricos

Aerodinâmica sempre importante para os consumos

Mais carregadores públicos são essenciais

Baterias maiores não são essenciais

Citroën ë-C4, a versão elétrica

A transição energética está à porta

19/2/2021. Como se melhora a utilização de um carro elétrico? A maioria dirá que é preciso aumentar a autonomia das baterias. Mas nem todos pensam assim, como fiquei a saber ouvindo o CEO da Citroën, Vincent Cobée, justificar por que a prioridade é outra.

 

Tornou-se senso comum pensar que o grande problema dos carros elétricos é a autonomia das suas baterias. E que para resolver esse problema é obrigatório aumentar a sua capacidade.

A Tesla tem tido um papel nesta convicção, ao propor nos seus modelos baterias cada vez maiores, para fazer subir a autonomia. Mas, não se pode esquecer, também tem feito um trabalho na implantação dos seus próprios carregadores em espaços mais ou menos públicos.

Outros protagonistas desta transição energética estão convictos que a solução não está nas atuais baterias de iões de Lítio cada vez maiores, mas num novo tipo de baterias.

Baterias de eletrólito sólido

Há quem aposte tudo nas futuras baterias de eletrólito sólido, defendendo que a sua maior densidade energética poderá significar o salto fundamental para a solução do problema da autonomia. Mas nem todos estão de acordo com isso.

Há poucos dias participei numa mesa redonda virtual com Vincent Cobée, o novo CEO da Citroën, em que se falou sobre a eletrificação da marca, a respeito do lançamento do novo ë-C4, a versão elétrica do regressado e profundamente renovado C4.

Questionado sobre se a marca tinha planos para montar uma bateria maior no ë-C4, no futuro, Cobée não negou essa hipótese, mas apontou outros caminhos.

A opinião do CEO da Citroën

Na sua opinião, a solução da utilização dos carros elétricos, no que diz respeito à chamada ansiedade da autonomia, não está na montagem de baterias com maior capacidade, mas no aumento substancial da rede de carregadores públicos.

Quanto à futura tecnologia de baterias de eletrólito sólido, Cobée avançou dados muito concretos sobre a comparação com as atuais baterias de iões de Lítio.

Esses dados mostram a limitada evolução desse novo tipo de baterias, onde alguns têm investido fortunas, mas que ainda não estão perto da produção em grande série.

Os números de Cobée

Segundo os números de Cobée, hoje, uma bateria de iões de Lítio precisa de 5 kg de peso para ter 1 kWh de capacidade e o custo de cada kWh, para o cliente final, é de 120 euros.

Nas futuras baterias de eletrólito sólido, bastam 2 kg de peso para obter o mesmo 1 kWh de capacidade e o custo unitário para o cliente final desce para os 80 euros.

Com estes valores unitários podemos fazer algumas contas, para ficar a saber quanto se ganha com a nova tecnologia. Por exemplo, uma das atuais baterias de 50 kWh, pesa cerca de 250 kg e tem um custo de 6000 euros para o cliente.

Passando para a tecnologia das baterias de eletrólito sólido, o peso de uma bateria de 50kWh seria de 100 kg e o custo para o cliente de 4000 euros.

O que se ganha em autonomia e custos

Ou seja, ganha-se 60% em peso, mas só se ganha 33% em custo e é aqui que as coisas parece não serem assim tão brilhantes para as baterias de eletrólito sólido.

Podemos fazer as contas de outra maneira, do ponto de vista da autonomia. Considerando um consumo médio de 14 kWh/100 km, uma bateria atual de 50 kWh (úteis) terá uma autonomia de 357 km, pesando os tais 250 kg.

Passando a uma bateria de eletrólito sólido, com os mesmos 250 kg de massa seria possível ter uma bateria de 125 kWh de capacidade. Considerando o mesmo consumo médio de 14 kWh/100 km, seria possível chegar a uma autonomia de 892 Km. Só que a bateria iria custar 10 000 euros.

É por isso que Cobée diz que a resposta não está nas baterias de eletrólito sólido, pelos menos com os custos de produção atuais e já nem entrando em linha de conta com os custos de desenvolvimento. A redução nos custos não é tão atrativa quanto o aumento da autonomia.

Conclusão

Por isso, Cobée diz que uma subida substancial dos pontos de recarga de baterias é um investimento muito mais rentável. Isto para se acabar com a ansiedade da autonomia e tornar a utilização dos carros elétricos tão fácil como a dos carros de motor térmico. Mas como fazer isso?… Será assunto para discutir noutra crónica.

Francisco Mota

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