12/8/2022 – Na utilização diária de um carro, há sempre coisas que irritam. Coisas mal pensadas ou vitimas do corte nos custos de produção. A colocação não padronizada do botão dos 4 piscas é uma das mais irritantes.

 

O botão dos 4 piscas é um dos que tem uma utilização mais esporádica, mas quando é realmente preciso, é muitas vezes de urgência, e o condutor precisa de saber exatamente onde está localizado. Pois a segurança pode estar em causa.

Ao contrário do que se possa pensar, a localização do botão dos 4 piscas não está padronizada, ou seja, não está no mesmo local em todos os automóveis, pelo contrário.

A utilização dos 4 piscas, ou como são referidos no Código da Estrada, as luzes de perigo ou de emergência está bem definido e nem todos os condutores parece saberem exatamente qual a sua utilização, por isso aqui vai uma rápida revisão da matéria dada.

Quando usar os 4 piscas

Segundo o Código da Estrada, a utilização dos 4 piscas deve ser feita nas seguintes situações:

Para indicar que o veículo representa um perigo especial para outros utentes da via, devido a uma avaria súbita.

Assinalar uma repentina redução de velocidade, causada por um acidente, ou engarrafamento do qual não se deu conta anteriormente.

Quando ocorre uma imobilização forçada do veículo que ponha em causa a segurança dos restantes condutores.

Quando o veículo está a ser rebocado.

Há ainda uma quinta situação em que se deve ligar os quatro piscas: quando o sistema principal de luzes se avaria.

E quando é sujeito a multa?

Como se vê, ficam de fora três situações em que alguns condutores usam os 4 piscas, mas não deviam, ficando até sujeitos a multa:

Quando deixam o carro estacionado em segunda fila ou num local não autorizado.

Quando usam um toque no botão para agradecer a outros condutores a facilidade que lhe deram para mudar de faixa ou entrar num cruzamento.

E também quando ligam os 4 piscas em condições de circulação de forte chuva ou forte nevoeiro.

Mas onde está o botão?

Revista a matéria, o problema, muitas vezes é encontrar o botão, no meio dos outros que estão à frente do condutor. Não havendo uma padronização da sua localização, os construtores colocam-no onde lhes é mais conveniente.

Em muitos anos a testar todos os novos modelos do mercado, é claro que já me deparei com os posicionamentos mais inesperados do famoso botão triangular vermelho, que pisca quando é ligado.

No meio da coluna?…

Há alguns anos, certas marcas pensavam que o melhor era colocar o botão sobre a coluna de direção, bem em frente aos olhos do condutor. Aqui não havia dúvidas de onde estava.

O problema era lá chegar, pois era preciso decidir por onde meter o braço: se à volta do volante, se por dentro do aro do volante. Nenhuma das duas era uma solução ótima.

Discretamente entre os outros?…

Para outras marcas, o ideal parece ainda ser colocar o botão integrado numa linha de outros botões com funções totalmente diferentes, para não estragar o estilo do interior.

Mas ao ter as mesmas dimensões dos outros botões, acaba por ser muito difícil de identificar, numa situação de emergência.

Outros construtores aceitam “estragar” um pouco o estilo, mas manter o botão dos 4 piscas numa dimensão maior que a dos outros e com o tradicional formato triangular, mas posicionado muito abaixo, ou muito descentrado, na consola central vertical.

Mais acima ou mais abaixo?

Depois há a questão da altura em que se coloca o botão. Mais abaixo, é pouco aconselhável, muito acima pode ser bom para ser facilmente identificado, mas nem sempre de alcance rápido.

A “bola” vermelha colocada sobre o tablier, bem a meio, foi a opção escolhida para a primeira geração do Renault Twingo. De uma maneira inteligente, os designers usavam o botão dos 4 piscas como uma peça de estilo e não como um estorvo.

Questão de segurança

Seja em que lugar estiver, o mais importante é que seja de identificação imediata e de acesso fácil. Caso contrário, pode acontecer que, quando se encontrar o botão, já não seja necessário.

Ou, pior, a sua busca demorar tanto tempo que acaba por desviar a atenção do condutor da estrada, numa altura em que a situação pode exigir toda a atenção do condutor.

Talvez por isso, alguns condutores não o cheguem a usar, por exemplo quando se aproximam de um engarrafamento ou de um acidente inesperado que imobiliza o trânsito numa autoestrada.

É uma situação de grande perigo, na qual os 4 piscas podem desempenhar um papel fulcral, pois despertam a atenção muito mais facilmente e a maior distância do que as luzes de travagem.

Conclusão

Com tantas normas que existem para tudo e mais alguma coisa, no que aos automóveis diz respeito, talvez não fosse má ideia uma norma para definir a forma, dimensão e posicionamento detalhado do botão dos 4 piscas. A segurança poderia ficar ganhar.

Francisco Mota

(foto de João Apolinário)

Ler também, seguindo o LINK:

Crónica – Coisas que irritam 6: assistente de faixa de rodagem