31/12/2021. No último dia do ano é altura de pegar nas passas de uva e formular os doze desejos para os próximos doze meses. Não fujo à tradição e acrescento a probabilidade de cada um se realizar. O assunto, como não podia deixar de ser, é o automóvel.

 

Ao fim de quase dois anos a levar “pancada” de todos os lados, a indústria automóvel entra no novo ano com a esperança de melhores dias. Das marcas aos condutores, todos querem deixar o biénio 2020/2021 para trás e esperar por um 2022 bem melhor.

É por isso a altura de formular os doze desejos para o Ano Novo, com as passas de uva na mão e ao som das doze badaladas. Mas como a realidade é sempre mais inesperada que a ficção, acrescento aquela que penso ser a probabilidade de cada um dos doze desejos se concretizar.

1 – O fim da crise dos semi-condutores

Mais do que a pandemia, mas consequência dela, a crise dos semi-condutores está a afetar a indústria de maneira profunda. É a demonstração de que depender de um grupo pequeno de fornecedores pode ser bom para os custos, mas não para a independência de cada construtor. Há medidas a ser tomadas para inverter a situação e evitar réplicas deste “terramoto”.

Probabilidade de realização: 40%

 

2 – Aumento da rede de carregadores lentos

A eletrificação do parque automóvel está em curso, mas o aumento da rede de carregadores está a avançar devagar. Sobretudo a dos carregadores lentos de rua, que são os mais importantes. Alguns países estão a usar os postes de iluminação de rua como base para a instalação de carregadores para uso noturno.

Probabilidade de realização: 10%

 

3 – Descida do preço dos combustíveis

A tendência de subida de preços dos combustíveis não tem parado nos últimos meses e está a ter repercussões em todas as áreas da economia. A indústria automóvel é particularmente atingida por estas subidas, tanto na produção, como no transporte e depois na utilização. Como estancar este problema?…

Probabilidade de realização: 15%

 

4 – Evolução dos transportes públicos

Todos gostamos de automóveis e de os guiar. Mas há situações e locais em que um automóvel é um estorvo e os transportes públicos são muito mais eficientes. Mas é preciso maior investimento público neste setor. A câmara municipal de Lisboa vai implementar os transportes gratuitos para algumas faixas etárias, na Carris e Metro. Uma medida positiva.

Probabilidade de realização: 50%

 

5 – Carros elétricos mais baratos

A eletrificação não poderá acelerar enquanto os carros elétricos forem muito mais caros que os carros com motor de combustão interna. É preciso uma oferta de carros elétricos mais acessíveis, sem que isso dependa de descontos nos impostos. Algumas marcas, como a Dacia, estão a dar o exemplo.

Probabilidade de realização: 50%

 

6 – Se conduzir… não use o telemóvel

São cada vez mais os casos de acidentes graves provocados por condutores que usam o smartphone enquanto conduzem. E não se trata apenas de atender chamadas, mas de enviar SMS, tirar fotos e usar as redes sociais. Tudo enquanto se conduz. A fiscalização está a aumentar, mas isto só se resolve pela consciência de cada condutor.

Probabilidade de realização: 1%

 

7 – Apoio à retoma

Não são só os carros elétricos que precisam de apoio fiscal para ficarem mais acessíveis. Substituir o parque rolante envelhecido e poluidor por modelos de combustão interna novos, muito menos poluentes e muito mais seguros é uma medida fundamental. Falta a vontade política para o fazer.

Probabilidade de realização: 10%

 

8 – Descida da “febre” dos SUV

Comparando um SUV com a berlina equivalente fica evidente que o SUV é mais pesado e tem pior aerodinâmica, por isso consome mais e polui mais. Além de ocupar mais espaço, na maioria dos casos. Mas os compradores continuam a gostar da sensação de guiar num banco mais alto…

Probabilidade de realização: 0%

 

9 – Carros com maiores ciclos de vida

Trocar de carro de quatro em quatro anos não é sustentável, mas é o que fazem muitas empresas com os seus carros de serviço. É preciso desenvolver a economia circular e já há exemplos. Algumas marcas estão a estudar a hipótese de recondicionar automóveis ao final de quatro anos, tal como se faz hoje com os smartphones.

Probabilidade de realização: 50%

 

10 – Melhor controlo da velocidade

O aumento de radares fixos e móveis pode ser uma medida no sentido do aumento da segurança rodoviária e até da fluidez do trânsito nas cidades. Mas é preciso que seja feito de forma lógica e às claras. Emboscar um radar numa zona em que só serve para a caça à multa tem o efeito exatamente oposto na consciencialização dos condutores.

Probabilidade de realização: 10%

 

11 – Menos lombas, rotundas e Cia.

A “febre” das rotundas veio trazer mais de propaganda política que se segurança rodoviária. O fundamentalismo das lombas de redução de velocidade, veio trazer mais trabalho às oficinas que segurança aos peões. É preciso melhores critérios para a acalmia do trânsito.

Probabilidade de concretização: 10%

 

12 – O automóvel continuar a ser um prazer

Com tantas restrições ao seu uso, com uma perseguição que o aponta como alvo a abater na questão climática, ainda assim, guiar um automóvel continua a ser uma experiência fabulosa. Para quem gosta de automóveis, uma boa estrada e algum tempo disponível chegam para verdadeiros momentos de prazer ao volante. E nem é preciso grandes carros, nem velocidades altas. O que encanta é a sensação de liberdade e o “diálogo” com a máquina.

Probabilidade de concretização: 100%

Feliz Ano Novo!

Francisco Mota

Ler também, seguindo o link:

Crónica – Os 12 desejos para o ano 2021 do Automóvel