MG Marvel R (fotos de João Apolinário)

Luzes de dia com formato elegante

Faróis "escondidos" no para-choques

O comprimento total chega aos 4,67 metros

Jantes de liga com pneus 235/45 R19

SUV elétrico da MG rival do VW ID.4

Marca MG ganhou uma nova vida eletrificada

Desenho convencional neste SUV elétrico

Boa qualidade apercebida, mas alguns ruídos parasita

Painel de instrumentos digital tem demasiada informação

Comandos da transmissão estão no ecrã central

Ecrã tátil central vai até à base da consola

Por trás do ecrã está uma prateleira de difícil acesso

Mala tem 357 litros de capacidade

Espaço generoso atrás, sobretudo para dois

Bancos da frente são confortáveis

"Frunk" tem capacidade de 150 litros

Comportamento neutro e seguro, mas pouco envolvente

Direção precisa e bem assistida

Suspensão e pneus não proporcionam muito conforto

A MG, fundada em 1924 no Reino Unido, foi vendida ao grupo chinês SAIC em 2005 e está a ter uma segunda vida na era da eletrificação. O SUV elétrico Marvel R é o protagonista de mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

A Morris Garage comemora este ano o seu primeiro centenário, tendo acumulado um histórico ligado a modelos desportivos tipicamente britânicos. É uma das marcas mais celebradas pelos apreciadores de carros clássicos em todo o mundo, que os mantêm em circulação com grande entusiasmo.

O comprimento total chega aos 4,67 metros

Mas o mundo mudou e o estatuto da MG, como marca britânica clássica, convive desde 2005 com uma outra realidade. Foi nesse ano que o grupo chinês SAIC comprou a marca MG e lhe começou a dar uma nova direção, muito orientada para modelos utilitários e familiares, destinados aos mercados chinês e do Reino Unido.

A nova vida elétrica

A fase que vivemos de transição energética, com a eletrificação do automóvel, deu uma nova oportunidade à MG para se posicionar de maneira diferente. Abriu um novo caminho na Europa, que os atuais proprietários não têm desperdiçado.

SUV elétrico da MG rival do VW ID.4

A Portugal, esta nova MG chegou há pouco tempo, mas já tem uma gama de modelos bastante alargada, que incluiu sobretudo modelos 100% elétricos e SUVs, mas também um híbrido “plug-in” e um familiar compacto, o MG4, que já testei aqui no TARGA 67, como pode ver seguindo o link no final deste teste.

Desta vez, o protagonista do Teste TARGA 67 é o Marvel R, um SUV 100% elétrico com 4,674 metros de comprimento que se posiciona como rival de modelos como o VW ID.4 ou o Skoda Enyaq IV.

Segunda geração EV

Segundo a marca, o Marvel R insere-se numa segunda geração de modelos elétricos da SAIC, pois a primeira era feita sobretudo com base em modelos que nasceram para ter motores de combustão e que foram adaptados a motorização elétrica.

Desenho convencional neste SUV elétrico

A plataforma deste Marvel R foi feita exclusivamente para modelos elétricos, tendo sido lançada no seu mercado doméstico em 2020. Utiliza aços de alta resistência e também componentes em alumínio.

A bateria está colocada sob o piso e tem uma capacidade útil de 70 kWh, podendo ser carregada a 92 kW DC, demorando 43 minutos para ir dos 5 aos 80% de carga. Também pode ser carregada a 11 kW AC. A autonomia anunciada em ciclo misto é de 402 km. Está incluída de série uma bomba de calor.

Dois motores atrás

Original no Marvel R é ter dois motores que movem as duas rodas traseiras em separado, tendo ainda duas relações de transmissão. A potência total é de 180 cv e o binário de 410 Nm, o que permite atingir os 200 km/h de velocidade máxima na segunda relação.

Marca MG ganhou uma nova vida eletrificada

O estilo do Marvel R parte de um perfil de SUV convencional, com 1,63 metros de altura, barras no tejadilho, puxadores de portas encastrados, capôt relativamente comprido, com um compartimento de 150 litros para os cabos da bateria e uma distância entre-eixos de 2,80 metros.

Estilo moderno

A frente talvez tenha o desenho mais arrojado de todos os modelo da marca, neste momento, com luzes de dia no topo e faróis mais abaixo, dentro de cavidades nos para-choques.

Boa qualidade apercebida, mas alguns ruídos parasita

A vista de trás segue as tendências atuais, com luzes ligadas por uma barra luminosa. A mala tem abertura elétrica sem mãos e uma capacidade de 357 litros, pequena para o segmento, pois um ID.4 tem 543 litros.

Boa qualidade aparente

Por dentro, o tablier também tem uma fisionomia convencional, com um painel de instrumentos digital (com letras pequenas) mas com um ecrã central muito grande, colocado ao alto e descendo até à base da consola, incluindo o comando rotativo da transmissão e deixando por detrás uma prateleira porta-objetos, de acesso um pouco difícil.

Por trás do ecrã está uma prateleira de difícil acesso

Este ecrã tátil acaba por deixar o comando da transmissão muito recuado e ocupa bastante espaço em largura no habitáculo, sendo muito intrusivo para o condutor e passageiro da frente. Além disso, a sua organização de menus não é totalmente intuitiva e encontrei alguns erros de tradução.

O habitáculo tem um bom nível de qualidade apercebida. Há vários plásticos macios, pele sintética com pespontos e detalhes de efeito metálico.

Bancos da frente são confortáveis

Quanto à habitabilidade, há bastante espaço na segunda fila para dois passageiros altos. O lugar do meio é mais estreito, mas o piso é plano e não está demasiado alto. As portas proporcionam bom acesso.

Condução e regeneração

A posição de condução é alta, como se espera de um SUV deste tamanho, mas não em exagero e a visibilidade é boa. Os bancos são confortáveis e encaixam o corpo corretamente. O volante está bem posicionado e tem boa pega, mas precisava de maior amplitude no ajuste em alcance.

Espaço generoso atrás, sobretudo para dois

Estão disponíveis quatro modos de condução: Eco/Normal/Sport/Winter que regulam o acelerador, assistência da direção e controlo de estabilidade e tração. Também se pode regular a intensidade da regeneração em três níveis, mas não há um nível zero, para deixar o Marvel R deslizar em “roda livre”.

Em modo Eco

Comecei em modo Eco para o meu percurso em cidade e a resposta do acelerador pareceu-me suficiente para uma condução sem preocupações em meio urbano. A direção está bem assistida e tem a precisão suficiente.

Comportamento neutro e seguro, mas pouco envolvente

O pedal de travão não levanta problemas quando é preciso dosear a travagem a baixa velocidade. E isso é importante, pois a intensidade da regeneração é sempre pouco intensa para guiar em cidade, em qualquer dos três níveis.

Autonomias reais

A suspensão, independente às quatro rodas, é um pouco firme e seca nos pisos deteriorados e os pneus de medida 235/45 R19 também não ajudam, por terem perfil demasiado baixo para um SUV. Talvez por isso se notem alguns ruídos parasita quando o piso não é perfeito.

No meu habitual teste de consumos reais em cidade, em modo Eco, usando os vários níveis de regeneração e com o A/C desligado, o consumo que obtive foi de 17,2 kWh/100 km. Considerando a capacidade útil da bateria de 70 kWh, isso equivale a uma autonomia real de 407 km.

Direção precisa e bem assistida

Passando para a autoestrada, mantendo o modo Eco, mas baixando ao nível mínimo de regeneração e estabilizando a velocidade nos 120 km/h, obtive um consumo real de 23,6 kWh/100 km, o que equivale a uma autonomia real em autoestrada de 297 km. Fica clara a vocação citadina deste Marvel R.

Estável em autoestrada

Conduzindo em autoestrada, as oscilações estão bem controladas, porque a bateria mantém o Centro de Gravidade baixo, mas também resultado da medida e do acerto da suspensão. Contudo, nada disso põe em causa um bom nível de conforto, nestes terrenos.

Painel de instrumentos digital tem demasiada informação

Passando ao modo de condução Normal, ganha-se um pouco de vivacidade no acelerador, que se mostra útil quando é preciso ultrapassar. O que também se nota são ruídos de rolamento e alguns de origem aerodinâmica, indicando que a insonorização poderia ter ido mais além.

Dinâmica neutra

Apesar da sua vocação familiar, é sempre importante fazer uma passagem por uma estrada secundária, com curvas mais difíceis e a um ritmo mais elevado, para se perceber a dinâmica em condições mais exigentes que podem ocorrer sem se esperar.

Em modo Sport, o acelerador passa ao terceiro nível de prontidão, mas a potência de 180 cv não dá enormes ambições ao Marvel R. A MG anuncia os 0-100 km/h em 7,9 segundos, um valor suficiente para um SUV deste tamanho e com 1810 kg.

Suspensão e pneus não proporcionam muito conforto

A entrada em curva é precisa, graças à boa direção e à alta aderência dos pneus, mas não muito rápida. Não há muita inclinação lateral em curva, mantendo-se uma atitude neutra com facilidade. Quando se volta ao acelerador, a tração traseira é sempre muito boa, colocando todo o binário no chão, mesmo com o ESC desligado.

Exagerando um pouco, a atitude permanece muito neutra, só dando um ligeiro indício de sobreviragem em casos extremos, ou piso molhado. Não é o mais divertido, mas é seguro e previsível, competente como se pede a um familiar.

Conclusão

Este Marvel R Luxury está muito bem equipado, incluindo tejadilho panorâmico e várias câmaras, sendo a versão menos potente da gama. Há um Performance com 288 cv. Mas a versão de 180 cv deste teste pareceu-me perfeitamente suficiente para uma utilização familiar em cidade. A autonomia urbana está num bom nível, mas o conforto é prejudicado pelos pneus. Quanto ao preço, não será o “negócio da China” que alguns poderiam estar à espera.

Francisco Mota (fotos de João Apolinário)

MG Marvel R RWD Luxury

Potência: 180 cv

Preço: 51 390 euros

Veredicto: 3,5 estrelas

Ler também, seguindo o link:

Teste – MG4 XPower: O elétrico que queria ser um Golf R