Maxus T90 EV RWD (fotos de João Apolinário)

Grelha dianteira com inspiração americana

Pneus montados têm vocação estradista

Frente com faróis esguios

T90 EV disponível com cabine dupla

Arco de proteção é estético, como é hábito nas pick-up

O motor elétrico volumoso move as rodas de trás

Estilo muito conservador, tal como as soluções técnicas

A pick-up T90 foi lançada em 2021 na China

A maioria dos plásticos são duros e de aspeto simples

Painel de instrumentos analógico

Ecrã tátil central muito simples

Comandos táteis da climatização

Comando rotativo da transmissão

Comandos dos modos de condução

Posição de condução alta, típica de uma pick-up

Espaço razoável na segunda fila

Caixa de carga leva 1000 kg de peso

T90 EV só disponível com tração atrás

Suspensão pouco confortável em cidade

Direção muito desmultiplicada dificulta a condução em cidade

Prestações modestas, mas suficientes

Será que uma motorização 100% elétrica faz sentido, numa pick-up de trabalho? Para procurar resposta à pergunta, a Maxus T90 EV chinesa passa pelo Teste TARGA 67, conduzida pelo Francisco Mota e fotografada pelo João Apolinário.

 

A Tesla Cybertruck fez o mundo inteiro falar da eletrificação das pick-up, se bem que numa abordagem mais recreativa do que propriamente funcional. E com a dúvida, que ainda não foi dissipada, se será ou não ser vendida na Europa.

T90 EV disponível com cabine dupla

Por isso, a primeira pick-up 100% elétrica a chegar ao mercado português foi mesmo a chinesa Maxus T90 EV RWD. O novo modelo da marca Maxus, que entrou pela porta dos comerciais e pela mão da Astara no nosso país em 2021. Neste momento, a Maxus já está em vinte pontos de venda espalhados pelo país

Lançada em 2021 na China

A pick-up T90 foi lançada no seu mercado doméstico em 2021, com versões movidas a motor de combustão e esta versão elétrica a partilharem a mesma estrutura.

Uma estrutura totalmente clássica de chassis separado da carroçaria, feito de longarinas e travessas, com 5,365 metros de comprimento e disponível em cabine dupla.

A pick-up T90 foi lançada em 2021 na China

A bateria de 89 kWh de capacidade está montada neste chassis, bem como o motor elétrico, que move as rodas traseiras apenas. O peso total é de 2300 kg e a carga máxima de 1000 kg.

Os números principais

A bateria de iões de Lítio tem 8 anos de garantia ou 100 000 km e pode ser carregada a um máximo de 80 kW DC, demorando, nessas condições, 45 minutos para ir dos 0 aos 80% de carga. Em 11 kW AC, demora 7h30 para fazer uma carga completa. A Maxus anuncia uma autonomia WLTP em ciclo misto de 330 km e de 471 km, em ciclo urbano.

Estilo muito conservador, tal como as soluções técnicas

O motor elétrico tem 130 kW (177 cv) e um binário máximo de 310 Nm, o que permite anunciar uma aceleração 0-100 km/h em 12,3 segundos e atingir os 120 km/h de velocidade máxima. Este são os números principais.

Estilo americano

Em termos de estilo, a T90 é bastante conservadora, com a grelha de efeito metálico dianteira de grandes dimensões a ser o ponto mais identificativo, numa clara evocação das pick-up americanas de maiores dimensões. Não há um compartimento sob o capôt para guardar os cabos da bateria, que assim andam em bolsas entre os p´s dos passageiros o banco de trás.

Grelha dianteira com inspiração americana

Por dentro, a perceção de qualidade não é muito alta. Os plásticos usados são duros e o desenho do habitáculo relativamente básico. Não há requinte, a preocupação foi para a utilidade. O que há é bom espaço na segunda fila, apesar de as costas dos bancos serem bastante direitas, resultando pouco confortáveis.

Na frente, também não falta espaço, a posição de condução é alta, como habitualmente numa pick-up deste porte, tornando os estribos realmente úteis para subir. Curiosamente, apenas nos pilares de tejadilho da porta do condutor não há pegas para içar o corpo, tendo que se usar o aro do volante.

Sem pretensões

É razoável a colocação relativa do banco, que é confortável, dos pedais e do volante, que precisava de maior ajuste em alcance. A visibilidade é boa, mas o diâmetro de viragem grande não facilita manobras nem condução em espaços estreitos.

A maioria dos plásticos são duros e de aspeto simples

O painel de instrumentos é analógico, sendo adaptado da versão com motor de combustão: o ponteiro da carga da bateria é o usado para o nível de gasolina no depósito. No meio tem um computador de bordo com indicação da autonomia restante e consumos.

O ecrã central tátil é pequeno e muito básico, mas fácil de usar e dotado de Apple Carplay e Android Auto. A transmissão comanda-se através de um botão rotativo, mais abaixo na consola, com as habituais posições D, N, R pois o P fica a cargo de um convencional travão de mão de alavanca.

A climatização tem um módulo separado a meia altura, mas os botões são táteis, obrigando a desviar os olhos da estrada. O sistema põe-se a funcionar rodando uma tradicional chave, num canhão e o motor mostra-se ruidoso.

Pouco confortável

A primeira impressão de condução vem da direção, muito desmultiplicada e muito assistida, com pouco tato. A segunda vem da suspensão de braços sobrepostos, na frente e de eixo rígido com molas semi-elípticas, atrás. Desde que o pavimento não seja perfeito, os ocupantes são vigorosamente sacudidos. Basta passar por cima de uma banda sonora.

Posição de condução alta, típica de uma pick-up

Os travões não são muito fáceis de modelar e não há regulação da intensidade da regeneração na desaceleração. Mas o nível escolhido é adequado a uma condução em cidade ou estrada. Também não há função “one-pedal”.

Mas há a possibilidade de escolher entre três modos de condução: Normal/Eco/Power, que fazem variar a sensibilidade do acelerador em três níveis, com razoável diferença entre eles. O nível mais económico tem resposta suficiente para condução em meio urbano, o binário disponível é adequado ao peso.

Um “bug” no sistema

No meu habitual teste de consumo em cidade, feito com o A/C desligado e em modo Eco, o computador de bordo acabou a marcar sempre o mesmo valor: 18,6 kWh/100 km, algo que se iria repetir em autoestrada. Certamente um “bug” no sistema. Por isso não tive maneira de obter valores reais.

Espaço razoável na segunda fila

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados e ainda em modo Eco, tentei usar o indicador de consumo instantâneo para obter algum valor e consegui estabilizar nos 39 kWh/100 km durante algum tempo. Um valor muito alto, mas que também não posso garantir que seja representativo.

Muito agitada

Em reta, em autoestrada, a direção é pouco precisa em torno do ponto neutro, obrigando a correções constantes. Sentem-se variados ruídos aerodinâmicos e também alguns provenientes do rolamento.

Em estradas secundárias, a direção vaga não ajuda e os movimentos da carroçaria em curva são amplos e transmitem pouca confiança para explorar um pouco mais a boa força do motor elétrico.

T90 EV só disponível com tração atrás

Nem é preciso exagerar muito na entrada em curva para surgir subviragem. E basta acelerar com um pouco mais de força, à saída, para que seja a traseira a sobrevirar de forma pouco progressiva, antes de o ESC entrar em cena com algum “alarido”.

Direção muito desmultiplicada dificulta a condução em cidade

Testei a T90 também em estradas de terra, com algumas rochas, notando-se que o chassis está muito mais “à vontade” nestas condições, mas sempre com o desconforto típico da suspensão traseira e com a limitação da tração apenas às rodas de trás, apesar de ser fácil dosear o binário. Os pneus de medida 245/65 R17 desta unidade também estão mais vocacionados para o asfalto.

Conclusão

A Maxus T90 EV é uma pick-up muito conservadora, para não dizer antiquada, nas soluções de construção base que emprega e que tornam a condução pouco confortável e pouco tranquila. A parte elétrica não é a mais criticável, se bem que as autonomias anunciadas são relativamente curtas e as prestações modestas. Mas a mira deste modelo está mais apontada para uma utilização muito específica, por alguns organismos públicos, do que para o comprador privado.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Maxus T90 EV RWD

Potência: 177 cv

Preço: 81 396 euros

Veredicto: 2 estrelas

Ler também, seguindo o link:

Novidade – Maxus T90 EV: A primeira pick-up elétrica