Audi A1 Allstreet 30 TFSI s-tronic (fotos de João Apolinário)

Jantes com pneus 205/55 R17 são opcionais

Falsas entradas de ar sobre a grelha evocam o Sport Quattro dos anos 1980

O comprimento total é de 4,03 metros

Desenho dos faróis é tipicamente Audi

Nasceu Citycarver, mas mudou oara Allstreet

Suspensão é 40 mm mais alta que a dos outros A1

Desenho do spoiler de tejadilho

Motor 1.0 TSI de três cilindros e turbo precisa de um "mild hybrid"

Alguns plásticos macios no interior, mas não muitos

Painel de instrumentos digital com demasiada informação

Ecrã tátil central é de fácil utilização. Comandos da climatização são ótimos

ESC pode desligar-se mas não aumenta prazer de condução

Caixa automática de dupla embraiagem e sete relações

Mala tem bom volume de 335 litros

Espaço na segunda fila é acanhado

Bons bancos dianteiros desportivos são opcionais

Maior altura ao solo ajuda, em caminhos como este

Pneus opcionais não dão muito conforto em pisos de terra

Direção com a assistência certa e bastante precisa

Suspensão mais alta não prejudica comportamento

O A1 Allstreet sabe ser divertido de guiar

O Audi A1 está a chegar ao final da carreira, que deverá ocorrer em 2026. A versão crossover Allstreet parece uma boa ideia, nos tempos que correm, razões para tirar a limpo o que vale a motorização 30 TFSI s-tronic, em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Que tal um Dacia Sandero Stepway numa abordagem premium? É exatamente isso que a Audi propõe com o A1 Allstreet 30 TSI, que sucedeu ao A1 Citycarver em 2022, numa mudança apenas de nome.

O comprimento total é de 4,03 metros

O A1 vai na segunda geração, lançada em 2018, estando disponível apenas com carroçaria de cinco portas e em duas versões, o Sportback convencional e este Allstreet, com visual crossover.

Crossover urbano

Com a moda dos SUV e crossover a dominar quase todos os segmentos, uma versão como esta faz todo o sentido. Até porque há outros exemplos, dos quais o mais importante em termos de vendas é o Dacia Sandero Stepway.

Nasceu Citycarver, mas mudou oara Allstreet

Claro que a Audi não joga no mesmo campeonato da Dacia, em termos de perceção de qualidade, de equipamento e de preço. Mas o conceito subjacente aos dois modelos é o mesmo: pegar num utilitário do segmento B e dar-lhe um visual “off road”.

O que muda

Face ao Sportback, o A1 Allstreet tem mais 40 mm de altura ao solo, o que é atingido com uma suspensão um pouco mais alta e com pneus de perfil também mais alto. No caso da unidade deste Teste TARGA 67, são uns opcionais de medida 205/55 R17.

Depois há os detalhes de estilo, como o desenho diferente da grelha e dos para-choques, bem como a colocação de molduras em plástico não pintado nos guarda-lamas e embaladeiras. As jantes têm desenho específico e a escolha de cores também é mais alargada.

Suspensão é 40 mm mais alta que a dos outros A1

Por dentro, há apenas alguns detalhes de decoração, tudo o resto permanece como no Sportback. O que não é má notícia

Plataforma MQB A0

O A1 é um irmão gémeo do VW Polo, feitos sobre a mesma plataforma MQB A0, mas com o Audi a insinuar um ambiente ligeiramente melhor do habitáculo. Há alguns materiais macios, mas não são muitos.

A unidade aqui testada está equipada com o pacote S-Line, que inclui detalhes de decoração e bancos desportivos com maior suporte lateral, proporcionando uma boa posição de condução, para a qual contribui também um volante desportivo anatómico, também opcional, bem posicionado e com regulações amplas.

O que é o 30 TFSI

Esta versão 30 TFSI tem o motor 1.0 TSI de três cilindros, turbocompressor e 110 cv, chegando aos 200 Nm entre as 2000 e as 3000 rpm. É uma unidade usada em vários modelos do grupo Volkswagen. Tem também a caixa de velocidades de dupla embraigem e sete relações, que na Audi recebe o nome s-tronic.

Motor 1.0 TSI de três cilindros e turbo precisa de um “mild hybrid”

O painel de instrumentos é digital e configurável mas com muita informação fornecida através de números, em vez de gráficos. O ecrã tátil central é simples mas fácil de usar, devido aos botões hápticos grandes.

Alguns plásticos macios no interior, mas não muitos

O módulo da climatização está separado, a meio da consola, constituído por três botões grandes e intuitivos, quase sem ser preciso olhar para eles. A consola tem alguns porta-objetos úteis e uma alavanca convencional para a caixa de velocidades automática, com posição “S”.

Pouco espaçoso

O espaço nos lugares da frente é suficiente, nos de trás também cabem dois adultos, mas sem espaço de sobra, pois os bancos da frente ocupam bastante volume. Tal como o Polo, o A1 não é referência do segmento neste aspeto. A mala leva 335 litros, um bom valor.

Bons bancos dianteiros desportivos são opcionais

Os 4,03 metros de comprimento e 10,5 metros de diâmetro de viragem dão a este A1 uma boa agilidade em cidade, mesmo em ruas mais estreitas ou nas manobras. A visibilidade é razoável e a direção está muito bem assistida, sem ser excessivamente leve.

Fácil em cidade

Pedal de travão bem calibrado mas uma resposta do acelerador que melhora claramente acima da barreira das 2000 rpm. O facto de este motor ainda não ter nenhum tipo de sistema híbrido é a razão para esta turbo-dependência, que a caixa disfarça o melhor que pode.

Espaço na segunda fila é acanhado

Contudo, a caixa não está isenta de alguns ruídos de funcionamento e esporádicas hesitações em situações de para-arranca. O conjunto suspensão (eixo de torção atrás) e pneus acaba por não ser muito confortável sobre o mau piso.

Os movimentos da carroçaria estão bem controlados, mas são sentidos pelos passageiros através de safanões menos agradáveis. Talvez com as jantes e pneus de série 206/60 R16, o conforto seja melhor.

Consumos bons… em autoestrada

Em cidade, no meu habitual teste de consumos reais, realizado com o A/C desligado e com caixa em modo automático, obtive um consumo de 7,7 l/100 km em meio urbano. Nos dias que correm, não é um número fantástico, mostrando que este 1.0 TSI precisa mesmo de um sistema “mild hybrid”.

Painel de instrumentos digital com demasiada informação

Em autoestrada, rolando a 120 km/h, sempre com caixa em automático, o consumo desceu para os 5,9 l/100 km, o que já é um valor muito melhor. Apesar de esta versão do A1 nem ser a que tem melhor aerodinâmica.

Pouca terra…

O aspeto crossover deste A1 incentivou-me a percorrer uma estrada de terra com algumas rochas, mas sem grande dificuldade, tanto mais que a tração é apenas às rodas da frente. Os pneus impedem maior conforto, apesar da suspensão mais alta, que deixa o A1 à vontade quando passa sobre algumas rochas salientes.

Pneus opcionais não dão muito conforto em pisos de terra

Para terminar, passei ao modo manual da caixa de velocidades e voltei ao asfalto, desta vez de uma estrada secundária com algumas curvas de menor raio. A Audi anuncia a aceleração 0-100 km/h em 10,5 segundos o que me pareceu adequado para um utilitário como este, que pesa 1250 kg.

Com a caixa em modo “S” automático, a gestão das passagens, a subir e a descer pareceu-me bem ajustada às características do motor, mesmo num andamento mais rápido. Os travões com quatro discos, ventilados na frente, estão mais do que à altura e são fáceis de dosear.

… e muito asfalto

A vantagem de ter pneus mais largos e baixos encontra-se neste tipo de estradas, com uma entrada em curva rápida, precisa e resistente à subviragem. O ESC não é precoce, mas pode desligar-se. Só que a relação entre a aderência e a potência está do lado da primeira e pouco se ganha em desligá-lo.

Suspensão mais alta não prejudica comportamento

A suspensão mais alta parece não afetar este A1 Allstreet. Seria preciso ter um Sportback ao lado para melhor descobrir as diferenças dinâmicas. De qualquer forma, a traseira reage bem quando se decide fazer-lhe uma provocação.

Direção com a assistência certa e bastante precisa

Desacelerando bruscamente na entrada em curva, o A1 deixa deslizar um pouco a traseira, ajudando a fazer a rotação e apontando a frente para a próxima reta. Depois é só deixar o motor subir ao “red-line” e dar mais uma patilhada, com a caixa a responder rapidamente e com enorme suavidade. A reduzir, é um pouco mais conservadora, só deixando a mudança ocorrer ao regime que considera seguro para a sua integridade. Era bom que as patilhas fossem maiores.

Conclusão

O A1 Allstreet acrescenta o visual “off road” às suas características de bom utilitário. Mas a verdade é que o A1, qualquer A1, não se distingue o suficiente de um VW Polo, a não ser no estilo. Quanto ao Dacia Sandero Stepway 1.0 TCe, a diferença de preço de, pelo menos, 12 000 euros é muito grande e o mercado parece não ter encontrado justificação para isso.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Audi A1 Allstreet 30 TFSI s-tronic

Potência: 110 cv

Preço: 30 991 euros

Veredicto: 3 estrelas

 

Ler também, seguindo o link:

Teste – Dacia Sandero Stepway 1.0: O segredo do sucesso