Dacia Sandero Stepway 1.0 TCe 110 (fotos de João Apolinário)

Plataforma é partilhada com o atual Renault Clio

Desenho do Sandero Stepway tem agradado aos compradores

Novo símbolo e nova grelha Dacia

Nova imagem de marca da Dacia na tampa da mala

A assinatura luminosa da Dacia no Sandero

Pneus altos são a solução ideal para aumentar o conforto e o visual TT

Barras articuladas podem colocar-se transversalmente

Detalhe dos interiores das luzes de trás

Plásticos são todos duros: apenas o essencial, diz a marca

Painel de instrumentos é analógico com computador de bordo digital

Palavra por extenso no volante, em vez do novo símbolo

Ecrã tátil central é pequeno e tem suporte para smartphone

Comandos da climatização são muito fáceis de usar

Caixa manual de seis não é muito rápida

Teto de abrir elétrico na versão Expression

Boa posição de condução e bancos confortáveis

Muito bom espaço atrás, tendo em conta as dimensões do Sandero

Mala tem uma capacidade declarada de 328 litros

Pouco envolvente de conduzir, num ritmo mais acelerado

Modo Eco torna a condução mais suave, além de poupar gasolina

Dinâmica muito focada no conforto

Motor 1.0 TCe da Renault tem três cilindros e turbo

A Dacia mudou a sua imagem de marca, com um novo símbolo e uma nova grelha. Um bom pretexto para revisitar o Sandero Stepway, o líder de vendas na Europa, aqui na versão 1.0 TCe de 110 cv. Um teste TARGA 67 à procura dos segredos do sucesso.

 

Era inevitável. A Dacia não podia ser a exceção na mudança dos símbolos que todas as marcas têm vindo a fazer, para se tornarem graficamente mais amigas dos meios digitais. A moda dos efeitos 3D já lá vai, agora o que é preciso é voltar ao 2D.

No caso da marca romena do Group Renault, era preciso mais do que uma nova versão, pois o antigo símbolo não se adequava a fazer uma versão “plana”. Na verdade, tinha uma gritante falta de individualidade, por isso foi mandado para os livros de história e substituído por um novo, mais moderno.

Novo símbolo e nova grelha Dacia

Graficamente, é muito mais forte mas era escusado ser tão grande e pintado num branco frigorífico que lhe dá um aspeto demasiado genérico. Eu sei que a Dacia não quer nada com cromados, mas talvez outra cor funcionasse melhor…

Stepway acerta em cheio

A versão Stepway do Sandero com visual “off road” tornou-se na preferida dos compradores em todo o lado e contribuiu para que o Sandero tenha chegado ao primeiro lugar entre os modelos mais vendidos na Europa em Janeiro de 2023. Já não é só a clientes privados, é no ranking geral

Plataforma é partilhada com o atual Renault Clio

Recorde-se que o Stepway tem mais 37 mm de altura ao solo, proteções de carroçaria e para-choques ao estilo “TT” e ainda acrescenta um capót mais alto que a versão normal do Sandero, para lhe dar um visual mais marcante.

Em opção, existem barras de tejadilho articuladas, que se podem montar na posição longitudinal ou transversal, evitando ter que usar outros suportes transversais.

Apenas o essencial

Por dentro, o Sandero tem materiais relativamente simples. Todos os plásticos são duros, mas existe uma aplicação têxtil que alegra um pouco o ambinete. É a teoria de oferecer só o essencial, que a Dacia defende e os clientes aprovam.

Plásticos são todos duros: apenas o essencial, diz a marca

O espaço para passageiros continua a ser um dos seus trunfos, ficando ao nível de um bom modelo do segmento B, por preços do segmento A.

Os lugares dos lados, atrás, têm bom espaço para pernas, assentos confortáveis e o tejadilho alto facilita o acesso. Mesmo o lugar do meio não é tão estreito e desconfortável como em modelos bem maiores.

Boa posição de condução

A posição de condução é um pouco mais alta que na versão “normal”, não muito mas o suficiente para se perceber a diferença quando se entra no carro. As regulações do volante e do banco têm amplitude suficiente e o condutor vai sentado com conforto e suficiente apoio lateral.

Boa posição de condução e bancos confortáveis

A mala tem acesso muito amplo, uma capacidade de 328 litros e um fundo que se pode colocar em duas alturas diferentes, além de haver rebatimento assimétrico do banco traseiro. Mais que o essencial.

Muito bom espaço atrás, tendo em conta as dimensões do Sandero

O condutor tem um painel de instrumentos analógico (nada contra) e um ecrã tátil central simples mas fácil de usar, com um suporte para o smartphone ao lado e até uma tomada USB logo atrás.

Ergonomia quase perfeita

Os comandos da climatização estão mais abaixo, são botões grandes e fáceis de usar, como deve ser para não ter que desviar os olhos da estrada por muito tempo.

Palavra por extenso no volante, em vez do novo símbolo

Na coluna de direção está uma versão do já “histórico” satélite de comando do rádio da Renault. Sinceramente, já merecia reforma, tanto mais que os botões do volante são fáceis de usar e podiam acumular essas funções.

Motor de 110 cv

O motor desta versão é o 1.0 TCe usado pelo Clio, entre outros, um três cilindros turbo que nesta configuração tem 110 cv, transmitidos às rodas da frente através de uma caixa manual de seis relações, que não é muito rápida e tem a sexta velocidade muito longa.

Motor 1.0 TCe da Renault tem três cilindros e turbo

Arranque muito suave, com o motor a fazer um ruído simpático mas com alguma vibração a chegar aos comandos principais.

Assim que se começa a guiar em cidade, logo se percebe que há um acréscimo de força a partir das 2900 rpm, quando o turbocompressor atinge a pressão máxima e o binário chega aos 200 Nm.

O modo Eco

Se não se for muito preciso com o acelerador, o mais certo é que a progressão se faça com alguns soluços. Mas há uma solução para isso: o botão Eco muda a cartografia do pedal para uma atitude mais tranquila, ganhando-se outra suavidade na condução, além de se poupar gasolina.

Dacia Sandero Stepway 1.0 TCe 110 (fotos de João Apolinário)

A direção está bem assistida, não em excesso, oferecendo um tato suficiente para uma condução tranquila. O pedal dos travões não mostra dificuldade no doseamento e a embraiagem é progressiva. A visibilidade é boa e o raio de viragem não é grande.

Consumos baixos

Tudo como deve ser, para uma vida em cidade sem grandes problemas. No meu habitual teste de consumos em cidade, sempre com o A/C desligado, obtive um valor de 6,7 l/100 km, que é muito bom para um carro com as dimensões do segmento B, mas que só pesa 1181 kg.

Desenho do Sandero Stepway tem agradado aos compradores

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados, o meu teste de consumos fez descer o valor para os 5,7 l/100 km, mostrando o interesse de ter a tal sexta velocidade extra-longa.

Boa estabilidade em reta, mesmo com os fortes ventos laterais que apanhei em alguns dias deste teste, baixos ruídos de rolamento e apenas alguns silvos aerodinâmicos se esgueiram pelas borrachas das portas.

Modo Eco torna a condução mais suave, além de poupar gasolina

Mesmo na autoestrada, a rolar a 120 km/h, com o motor perto das 2500 rpm, há sempre a sensação de que o motor vai no mínimo esforço e que ainda tem uma boa reserva de potência, caso necessário.

Plataforma do Clio

A plataforma é a mesma CMF-B do Clio, com suspensão MacPherson, à frente e eixo de torção, atrás. Já não há aqui material Renault de gerações anteriores. O acerto dá clara prioridade ao conforto e isso nota-se bem quando o piso não é perfeito. O Sandero faz valer o maior curso da versão Stepway, passando por buracos e bandas sonoras com grande indiferença.

Claro que os pneus de perfil alto (205/60 R16) também dão uma ajuda importante ao conforto e são a prova de que não é preciso usar jantes de 17″ ou 18” num carro deste tamanho para lhe dar aquele ar de mini-SUV de que os compradores gostam.

Dinâmica tranquila

Claro que o preço a pagar por esta suspensão e por estes pneus é uma dinâmica em curva que perde um pouco de precisão e, sobretudo, de entusiasmo na condução. A inclinação lateral é sensível e a atitude na entrada em curva é decididamente subviradora, quando se aumenta o ritmo, com o ESC a entrar mais no motor que nos travões.

Pouco envolvente de conduzir, num ritmo mais acelerado

Guiado de forma mais tranquila, o Sandero Stepway controla razoavelmente as transferências de massas, transmitindo uma correta sensação de controlo. A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 10,0 segundos e a velocidade máxima de 183 km/h.

Conclusão

Não são precisos muitos quilómetros para perceber a razão do sucesso do Sandero Stepway. Em tudo aquilo que é importante, o modelo cumpre bem, deixando de fora o que não é essencial (lá vem a palavra outra vez…). Claro que os materiais do interior são funcionais, em vez de decorativos. Mas, neste segmento, não vejo necessidade para muito mais. E nem se pode já dizer qu se “desculpa “ isso devido ao preço. Os 18 000 euros que a Dacia pede por uma versão como esta acabam por parecer um bónus e não a razão da escolha.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Dacia Sandero Stepway 1.0 TCe 110 Expression

Potência: 110 cv

Preço: 18 000 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

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