Ford Focus SW Active X 1.0 Ecoboost MHEV 125 (fotos de João Apolinário)

Grelha tem textura diferente

Versão Active com visual "off road"

Perfil baixo e comprido na SW

Jantes têm desenho específico

Luzes traseiras são tipicamente Focus

Escape duplo para o motor de três cilindros 1.0

Para-choques e embaladeiras diferentes

Boa qualidade de materiais no habitáculo

Painel de instrumentos configurável

Caixa manual dá gozo utilizar

Ecrã tátil central é fácil de usar

Detalhes Active no tecido dos bancos

Proteção escamoteável da porta

Muito boa posição de condução

Espaço atrás não falta e acesso fácil

Mala tem grande capacide de carga

Dinâmica precisa e envolvente

Mesmo na versão Active, a condução é entusiasmante

Suspensão confortável em todos os pisos

Suspensão 30 mm mais alta na versão Active

Uma carrinha com motor a gasolina, ajudado por um sistema “mild hybrid”, ainda fará sentido? Num mercado em que os SUV não param de conquistar adeptos é uma pergunta com respostas em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Os SUV já são o tipo de carroçaria mais vendida na Europa, o que levou a Ford a anunciar há algum tempo que está a fabricar as últimas berlinas e carrinhas. Já “fechou a loja” com o Fiesta e prepara-se para fazer o mesmo com o Focus, dentro de dois anos.

Mas enquanto a linha de produção de Saarlouis na Alemanha continuar a deixar sair modelos como o Focus SW Active X 1.0 Ecoboost MHEV, a fórmula da carrinha espaçosa do segmento “C” ainda é uma alternativa no portefólio da marca americana.

Perfil baixo e comprido na SW

Conhecendo como conheço a gama Focus, devo dizer que é sempre com muito interesse que volto a guiar uma nova versão. Quem lê regularmente o blog TARGA 67, sabe que o comportamento dinâmico é sempre um aspeto importante da avaliação e o Focus sempre teve ai um dos pontos fortes.

SW e Active

Esta versão SW, a carrinha em português, é a sub-versão Active. Isso significa que tem um conjunto de modificações exteriores e interiores que lhe dão um ar a fazer lembrar uma utilização fora de estrada, apesar de ter apenas tração às rodas da frente.

Como se pode ver nas imagens do João Apolinário que acompanham este Teste, as diferenças do Active passam por para-choques com zonas sem pintura e outras com acabamento em cor de alumínio, aros em plástico não pintado nos guarda-lamas e embaladeiras com a mesma mistura dos para-choques.

Para-choques e embaladeiras diferentes

A grelha também tem um aspeto diverso e contém o símbolo da marca, um dos pontos distintivos do ligeiro restyling de que beneficiou toda a gama Focus há alguns meses. As barras no tejadilho são outro toque desta versão.

As jantes também têm um desenho específico no Active, além de virem equipadas com pneus de medida 215/50 R18, que lhe dão a promessa de maior resistência em pisos sem asfalto.

Ford Focus SW Active X 1.0 Ecoboost MHEV 125 (fotos de João Apolinário)

A suspensão é 30 mm mais alta, o que pode ser uma vantagem em países com neve na estrada, por aumentarem o espaço entre os pneus e as cavas das rodas.

Por dentro também muda

O tratamento Active continua por dentro com cores específicas para alguns revestimentos, detalhes de decoração e forros dos bancos com tecido exclusivo desta versão.

De resto, o Focus SW Active não difere das outras versões. A posição de condução será ligeiramente mais alta devido à suspensão, mas mal se nota. No Focus, todos os ocupantes vão sentados relativamente baixos, mesmo para um familiar do segmento “C”.

Muito boa posição de condução

Ao volante, sente-se de imediato o seu posicionamento muito bom em relação ao banco, pedais e alavanca da caixa. Os ajustes são mais que suficientes e o banco é confortável e tem bom apoio lateral. O punho da caixa podia ser um pouco mais alto.

Modos de condução

O painel de instrumentos digital muda de aspeto consoante o modo de condução, havendo à escolha os seguintes: Normal/Eco/Sport/Escorregadio/Trilho, que regulam a rapidez do acelerador, sensibilidade do ABS e do TCS e assistência da direção.

Espaço atrás não falta e acesso fácil

Quanto ao ecrã tátil central, tem 13,2” de diagonal nesta versão X, o que é muito, facilitando a sua utilização. Os comandos da climatização estão integrados na sua base, mas sempre visíveis. Seria melhor se estivessem separados, mas é uma solução de compromisso. Tem Android Auto e Apple Carplay.

A qualidade dos materiais usados no habitáculo está a um bom nível para o segmento, usando aplicações com texturas contrastantes que funcionam muito bem. Há porta-objetos na consola com capacidade suficiente.

Espaço não falta

Na frente, não falta espaço, nem em largura, nem em altura. Nos lugares de trás, o comprimento para as pernas é generoso, devido à distância entre eixos de 2700 mm, da versão SW. E mesmo o túnel central não é muito volumoso. As portas traseiras mais altas do que as da versão berlina de cinco portas, facilitam o acesso.

Boa qualidade de materiais no habitáculo

Quanto à mala, tem 635 litros de capacidade, acesso baixo e formato fácil de aproveitar. Tem também rebatimento assimétrico do banco traseiro, que se pode fazer a partir de alavancas nas paredes laterais. O enrolador da chapeleira é pesado, difícil de tirar e não tem lugar para ser guardado, sob o piso.

Motor de 125 cv e MHEV

Esta versão do Focus usa o conhecido motor 1.0 Ecoboost turbocomprimido de três cilindros, um dos melhores do seu tipo. Surge aqui ajudado por um sistema “mild hybrid” ou híbrido ligeiro. A sua função é ajudar o motor a gasolina e baixar os consumos, não está dimensionado para mover o Focus SW sem o motor a gasolina.

Mala tem grande capacide de carga

E a ajuda que dá sente-se bem e pode ver-se num gráfico no painel de instrumentos. A sua estratégia é entrar em ação sempre que o motor a gasolina é menos eficiente. Para isso, usa um motor/gerador de 16 cv e 50 Nm e uma bateria de 0,38 kWh, colocada sob os bancos da frente.

Grande parte dos sistemas MHEV pouco se notam, em condução, mas o da Ford faz notar bem a sua presença. Tanto nos arranques, como nas recuperações a baixos regimes, colmatando o tempo de resposta do turbocompressor.

Também é muito bom a evitar que o motor “se vá abaixo” por erro do condutor, suportando relações de caixa muito altas a velocidades muito baixas. Além disso, nas desacelerações, nota-se a retenção da regeneração, o que é pouco vulgar nos MHEV.

Em cidade

Tudo isto se percebe particularmente bem conduzindo em cidade, mesmo em modo Eco, que torna o acelerador um pouco mais lento. O motor tem sempre boa resposta, não precisando de fazer subir muito o regime e emitindo pouco ruído. A sensação de binário faz parecer que estou a guiar um motor de maior cilindrada.

Suspensão confortável em todos os pisos

Mesmo a andar devagar, ao ritmo do trânsito, sente-se logo o excelente trabalho de calibração da direção – muito precisa, com bom tato e bem assistida. Uma imagem de marca da Ford há muitos anos.

Já o mesmo não posso dizer do pedal de travão, um pouco difícil de dosear com suavidade e da embraiagem, da qual se pode dizer o mesmo. Já a caixa manual de seis é muito suave e precisa, com um tato que dá gosto usar.

A suspensão, MacPherson na frente e multibraço atrás, mostrou-se muito confortável, mesmo em piso deteriorado. Há curso suficiente para absorver as pancadas sem chegar ao batente, os pneus têm altura para ajudar e nunca se perde um bom controlo. O conforto é a característica da versão Active de que mais vezes se vai usufruir.

Ecrã tátil central é fácil de usar

Apesar do comprimento total de 4693 mm, a Focus SW não é muito difícil de manobrar em cidade, a visibilidade é boa, o raio de viragem de 11,0 m não é exagerado e a perceção de onde ficam os quatro cantos do carro é intuitiva.

Consumos baixos

No meu habitual teste de consumos em cidade, feito em modo Eco e com o A/C desligado, obtive um valor de 5,6 litros/100 km, mostrando o bom trabalho do sistema híbrido ligeiro, considerando que o peso total é de 1413 kg.

Passando à autoestrada, curiosamente o consumo que obtive, circulando a 120 km/h estabilizados, também em modo Eco e com A/C desligado foi extamente o mesmo: 5,6 l/100 km. Apesar de o sistema híbrido ter menos hipóteses de ajudar nestes terrenos, a aerodinâmica é eficiente e a sexta velocidade desmultiplicada o suficiente.

A condução em vias rápidas reforça a sensação de conforto da suspensão e de suavidade de todos os comandos, os ruídos aerodinâmicos são baixos e os de rolamento ainda mais.

Jantes têm desenho específico

O motor roda sem esforço, mostrando que tem uma reserva de força, caso seja preciso acelerar uma ultrapassagem, os 170 Nm máximos disponíveis às 1400 rpm, parecem mais.

Dinâmica agrada

Saindo para uma estrada secundária, a dinâmica do Focus brilha ainda mais. Os 125 cv desta versão são suficientes para acelerações capazes de deixar um sorriso nos lábios, sobretudo passando ao modo Sport. A Ford anuncia os 0-100 km/h em 10,6 segundos e 194 km/h de velocidade máxima.

Os travões são mais fáceis de dosear em solicitações mais fortes e a direção permite entradas em curva muito precisas e rápidas, mas mantendo uma progressividade e suavidade apreciáveis.

Dinâmica precisa e envolvente

A caixa manual é um real prazer de utilizar, apesar de nem ser muito rápida, é preferível fazer um movimento compassado com a mão direita, do que tentar ser mais rápido que os sincronizadores.

O controlo dos movimentos da carroçaria em curva é muito bom, mesmo com alguma inclinação lateral quando se exagera. Mas há sempre uma sensação de que o carro funciona como um todo, de forma harmoniosa.

Mesmo na versão Active, a condução é entusiasmante

Boa resistência à subviragem que chega de forma progressiva e fácil de lidar. E uma descomplexada disponibilidade para deixar a traseira deslizar e fazer rodar o carro, se o condutor fizer as provocações certas. Claro que o limite de tudo isto são os pneus, mais pensados para uma utilização calma do que para aturar os ataques de “piloto de ralis” do condutor.

Conclusão

O Focus sempre foi um familiar diferente. Cumprindo as suas obrigações de conforto, espaço e versatilidade como os melhores, mas acrescentando uma dinâmica entusiasmante que se torna irresistível de explorar por alguns condutores, eu confesso ser um deles. A carroçaria SW oferece espaço suficiente e muito volume na mala e esta versão Active acrescenta o visual “off road” de que alguns gostam e um extra de conforto. Para quem aprecia tudo isto, é aproveitar enquanto ainda existe.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Ford Focus SW Active X 1.0 Ecoboost MHEV

Potência: 125 cv

Preço: 31 204 Euros*

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

(*campanha)

 

Ler também, seguindo o link:

Teste – Ford Focus ST Pack Track: Gosto, gosto muito!