BMW iX1 (fotos de João Apolinário)

Pneus 245/40 R20 em jantes de desenho específico

Detalhes em azul identificam a versão elétrica

Mais um membro da família de elétricos da BMW

O comprimento total é de 4,5 metros com 2,7 entre-eixos

Linhas tipicamente BMW nas luzes de trás

iX1 partilha a plataforma com os outros X1 de motor térmico

Detalhes em azul nas saias laterais

Para-choques com desenho diferente no iX1

O ADN da marca está presente no desenho do iX1

Interior simplificado na terceira geração do X1

Painel de instrumentos digital tem leitura fácil

Ecrá tátil tem utilização intuitiva

Comando da transmissão é demasiado pequeno

Muito bom nível de qualidade no interior

Boa posição de condução, não muito alta

Espaço atrás não falta mas o piso é alto

Mala desceu dos 540 para os 490 litros

iX1 xDrive 30 tem dois motores elétricos, um por eixo

Dinâmica precisa e ágil

Condução envolve o condutor na ação, como em todos os BMW

O peso de 2085 kg é bem disfarçado pelo binário de 494 Nm

A aceleração 0-100 km/h demora apenas 5,6 segundos

Suspensão controla muito bem os movimentos

A BMW aborda os elétricos consoante o segmento. Nos mais caros, oferece modelos únicos com estilo polémico, nos outros é mais conservadora. Descubra como se enquadra o iX1 xDrive 30, em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Tanto o iX como o i7 aterraram no mercado dos elétricos de luxo com estrondo e alguma polémica, alimentada sobretudo pelo estilo controverso. Há várias razões para isso, uma delas é a importância que o mercado chinês tem nas vendas da BMW e das outras marcas premium alemãs, representando cerca de um terço do negócio.

E sabe-se como os compradores chineses de automóveis de topo preferem uma aparência extrovertida, que não deixe dúvidas acerca da marca e modelo que estão a conduzir, ou no qual estão a ser conduzidos.

iX1 partilha a plataforma com os outros X1 de motor térmico

Acresce que a China é o maior mercado de automóveis elétricos de todos os segmentos, concluindo-se que a BMW quase não tinha outra hipótese que não fosse desenhar o iX e o i7 como o fez. Mas nos segmentos menos caros, já não é bem assim.

Europa gosta do X1

Para modelos como o X1, que nas duas primeiras gerações vendeu mais de 2,7 milhões de unidades, a Europa é fundamental, por isso era preciso um estilo mais europeu. A ideia aplica-se à versão elétrica iX1, como se pode ver nas imagens do João Apolinário, que ilustram este teste TARGA 67.

Mais um membro da família de elétricos da BMW

O desenho exterior desta terceira geração do X1 trás uma grelha maior, mas nada dos exageros de outros modelos. As diferenças visuais do elétrico iX1 para as versões térmicas ficam-se pelo desenho dos para-choques e saias laterais, que levam detalhes em azul, a cor que identifica os elétricos na BMW.

Já não é “júnior”

Com um comprimento de 4,50 metros, o X1 já não é o SUV júnior que foi no passado, agora posiciona-se bem no topo do segmento “C”, com 1,64 metros de altura e 20 cm de altura ao solo.

O comprimento total é de 4,5 metros com 2,7 entre-eixos

Se a superfície frontal projetada aumentou face à geração anterior, o Cx de apenas 0,26, obtido em parte graças às cortinas dianteiras que só abrem se necessário, mostra o trabalho de túnel de vento feito na Alemanha.

O ADN da marca está presente no desenho do iX1

A BMW conseguiu desenhar um C-SUV com forte identidade de marca e linhas que lhe dão um aspeto atrativo. Os tais detalhes azuis são uma questão de gosto…

Muita qualidade

Por dentro, a primeira coisa que se nota é a boa qualidade dos materiais usados, claramente no topo do segmento. A segunda impressão vem da sensação de espaço, resultado do tejadilho alto e plano, que facilita muito o acesso aos cinco lugares.

Interior simplificado na terceira geração do X1

Na segunda fila, os dois lugares laterais têm bastante comprimento para as pernas, muita altura e a largura só poderá incomodar o passageiro do meio, que nem sequer tem um túnel alto no chão, mas o seu assento é mais alto, duro e estreito.

Piso alto

A posição da bateria sob o habitáculo faz subir o piso em relação ao assento, obrigando a levar os joelhos altos e as coxas mal apoiadas, resultando pouco confortável em deslocações mais demoradas. É o resultado de uma plataforma que não nasceu para receber mecânicas exclusivamente elétricas.

Espaço atrás não falta mas o piso é alto

A presença da bateria terá também impedido que o banco deslize no sentido longitudinal, ao contrário das outras motorizações, perdendo um pouco de versatilidade. A mala reduziu a capacidade de 540 para 490 litros, pelo mesmo motivo, mas continua a ser grande.

Ergonomia criticável

A posição de condução não é muito alta, para o segmento, tem amplas regulações do volante e banco e boa visibilidade. O banco é relativamente duro, mas confortável durante períodos longos e com apoio lateral mais que suficiente.

Boa posição de condução, não muito alta

Atrás do volante, que tem botões muito pequenos, está o já habitual ecrã curvo da BMW, que inclui um painel de instrumentos digital de 12,5”, fácil de ler e com várias visualizações; e um ecrã tátil central de 10”, também intuitivo de usar e sem grandes complicações.

Os comandos da climatização estão incluídos no infotainment, o que não é o ideal, mas o botão de chamada do respetivo menu está sempre visível.

Comando da transmissão é demasiado pequeno

A consola é flutuante, com uma grande prateleira por baixo. Em cima tem o minúsculo e pouco prático balanceiro da transmissão, que também ativa a função “B” de maior retenção na desaceleração; e botões táteis para os modos de condução, volume do som e outros.

Muitos modos

Os modos de condução, que alteram a sensibilidade do acelerador, assistência da direção e controlo de estabilidade são três: Personal/Sport/Efficient. Depois há mais três modos que alteram a visualização do ecrã central, a iluminação interior entre outras funções de conforto e ambiente: Expressive/Relax/Digital Art.

Ecrá tátil tem utilização intuitiva

Ainda existe a possibilidade de ajustar a intensidade da regeneração na desaceleração em três níveis, mas só numa página do infotainment, o que se torna pouco prático. Deixar na posição automática, que ajusta a retenção de acordo com o trânsito e perfil da estrada, é uma boa opção. Ou então ligar e desligar a função “B”.

Em cidade

Comecei este teste em cidade no modo Efficient, com a bateria a marcar 100% de carga. A resposta do sistema aos movimentos do acelerador é rápida, mas nada brusca desde que se acelere normalmente.

iX1 xDrive 30 tem dois motores elétricos, um por eixo

Esta versão xDrive 30 tem dois motores elétricos, um para as rodas da frente e outro para as de trás, facultando assim tração às quatro rodas, quando a gestão julga necessário. Cada motor tem 190 cv e 247 Nm, perfazendo um total combinado de 313 cv e 494 Nm.

Bons consumos em cidade

A assistência da direção está no ponto certo, não obriga a esforço, mas mantém boa ligação às rodas da frente. O pedal de travão é fácil de dosear e a função “B” retém o andamento até à imobilização mas não é brusco.

A suspensão faz um bom trabalho nos pisos imperfeitos. É firme mas não passa pancadas para o interior, está bem amortecida, com um travo desportivo, típico dos BMW.

Painel de instrumentos digital tem leitura fácil

No meu habitual teste de consumos em cidade, com A/C desligado e sempre à mesma média horária, obtive um consumo de 13,9 kWh/100 km, o que é um bom valor para um peso total de 2085 kg. Considerando a capacidade útil da bateria de 64,7 kWh, resulta numa autonomia real em cidade de 465 km.

Em autoestrada, rolando a 120 km/h estabilizados, o consumo subiu aos 21,4 kWh/100 km, o que resulta numa autonomia real em autoestrada de 302 km, que não é um valor tão bom quanto o que encontrei em cidade.

Pneus 245/40 R20 em jantes de desenho específico

A bateria pode ser carregada até 130 kW DC, demorando, em carregadores com essa potência, 29 minutos para ir dos 0 aos 80% de carga. A 11 kW AC, demora 6h30 para fazer os 0-100%.

Ligação à estrada

A condução em autoestrada é silenciosa, tanto no que respeita à aerodinâmica como ao rolamento dos pneus e ao som dos motores elétricos, que mal se ouve. Pode ligar-se um som sintetizado, para quem gostar. As massas estão muito bem controladas, com o iX1 a mostrar um pisar refinado.

Suspensão controla muito bem os movimentos

Não será o rei do conforto, mas é dos melhores a ligar o condutor à estrada, dando-lhe imensa informação sobre a dinâmica e a aderência. A velocidade máxima é de 180 km/h.

Muito boa aceleração

Foi essa atitude dinâmica que me incentivou a levar este C-SUV elétrico para uma estrada secundária, à procura da sua atitude em traçados mais exigentes, com o modo Sport ligado. E o que encontrei era o que estava à espera.

Uma direção muito precisa e detalhada que deixa colocar as rodas da frente ao milímetro, sem excesso de nervosismo. Os pneus 245/40 R20 têm muita aderência, mantendo a frente na linha escolhida, mesmo a velocidades de entrada em curva mais altas.

A aceleração 0-100 km/h demora apenas 5,6 segundos

Isso é bom sinal, porque o iX1 xDrive 30 é capaz de performances de desportivo, com os 0-100 km/h a serem feitos em apenas 5,6 segundos. Um arranque numa reta deserta, serviu para mostrar como a tração às quatro rodas coloca todo o binário no chão, catapultando o iX1 para diante com notável vigor.

ADN BMW

Nas travagens fortes, como são quase todas quando se usa a performance disponível, sente-se o peso do iX1, mas usando a função “B” ganha-se tempo assim que se tira o pé do acelerador, antes de pressionar o travão.

A entrada em curva começa por ser neutra e rigorosa, com pouca inclinação lateral a meio e depois com excelente tração à saída. A noção de segurança faz subir a confiança para tentar a próxima curva de forma mais decidida.

O ADN da marca está presente nesta versão

Aparece então um pouco de subviragem, mas o “diferencial central” virtual é capaz de atribuir mais binário ao eixo de trás e induzir uma ligeira rotação, que nem chega a ser sobreviragem. É uma atitude decaldada de outros xDrive mecânicos que testei no passado, reconheço a “escola”.

Quando o ESC manda

Claro que, aumentando o ritmo, chega um ponto em que a massa elevada acaba por chamar o ESC, que não se desliga mas entra sempre de forma muito civilizada. É o sinal para baixar o andamento e regressar a uma utilização mais adequada a um C-SUV elétrico.

Condução envolve o condutor na ação, como em todos os BMW

Poucos condutores o vão guiar depressa neste tipo de estradas, mas a verdade é que, para quem quiser divertir-se um pouco, está lá o ADN típico da BMW e isso é uma boa notícia, nesta fase de transição energética.

Conclusão

O iX1 consegue marcar pontos em áreas como os consumos em cidade, qualidade e espaço do habitáculo, dinâmica tipicamente BMW e até no estilo. Há algumas escolhas de ergonomia que não são da minha preferência e a suspensão poderá parecer demasiado firme a quem nunca guiou um modelo da marca, mas isso não é nada de novo. Não é por ser elétrico que o iX1 deixou de ser um verdadeiro BMW.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

BMW iX1 xDrive 30

Potência: 313 cv

Preço:61 000 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

Ler também, seguindo o link:

Teste – BMW X1 18i: Três cilindros para um SUV bastam?