BMW X1 sDrive 18i (fotos de João Apolinário)

Estilo SUV sai reforçado nesta terceira geração do X1

Novo desenho dos faróis de LED com efeito duplo

Superfícies com vincos pronunciados fazem o estilo do X1

A grelha de grandes dimensões não podia faltar

Detalhes aerodinâmicos das luzes de trás

Pneus 245/40 R20 estão sobredimensionados

Versão 18i tem motor 1.5 de três cilindros

Qualidade no topo do segmento, no interior do novo X1

Painel curvo inclui instrumentos e ecrá tátil

Botões do volante são muito pequenos

Excelente definição no ecrã tátil central

Consola flutuante com prateleira por baixo

Caixa não pode ser comandada manualmente

Muito espaço em comprimento e altura na segunda fila

Posição de condução com ampas regulações e bancos desportivos muito bons

Motor 1.5 turbo tem 136 cv e boas prestações

Conforto sai um pouco comprometido

Condução envolvente e divertida, tipicamente BMW

Dinâmica precisa e pouca inclinação em curva no X1

Mala tem 540 litros de capacidade e plano de carga baixo

Motor 1.5 turbo ainda não tem qualquer sistema híbrido

O SUV mais pequeno da BMW entra na sua terceira geração com um estilo fortemente atualizado, novos interiores e renovada oferta de motores. Teste TARGA 67 ao X1 18i, com o seu motor 1.5 de 136 cv, para descobrir se continua à altura dos padrões da marca.

 

A terceira geração do BMW X1 mede 4,5 metros de comprimento e continua a ter no Q3 e no GLA os seus rivais mais diretos. As mudanças face à segunda geração são muitas e fáceis de encontrar, a começar pelo estilo.

A frente, com o duplo rim de grandes dimensões não podia faltar, tal como as linhas e frisos bem mais vincados por toda a carroçaria, com destaque para os para-choques, muito mais “trabalhado” que no passado. Contudo, aspetos práticos como a generosa área vidrada permanecem, a bem da visibilidade para fora.

Estilo SUV sai reforçado nesta terceira geração do X1

A plataforma é a mesma da segunda geração, a UKL2 de tração à frente que é partilhada com o Série 1 e Série 2 Active Tourer, só para dar dois exemplos. Mas as dimensões foram aumentadas ligeiramente (mais 5,2 cm na distância entre-eixos), a gama de motores foi enriquecida e o interior é completamente novo.

Espaço de qualidade

A primeira impressão que se tem ao entrar para o X1 é de espaço, sobretudo na segunda fila onde o comprimento para as pernas é muito bom, tal como a altura e o acesso. O lugar do meio é mais estreito e há um túnel no piso. Mas o banco desliza 13 cm longitudinalmente, reclina as costas em 60/40 e rebate em 40/20/40.

Qualidade no topo do segmento, no interior do novo X1

A mala tem 540 litros de capacidade, com o banco de trás recuado, há amplo espaço para arrumação sob o fundo e o plano de carga não é muito alto, facilitando as cargas e descargas.

Nos lugares da frente, a impressão de qualidade fica evidente ao olhar de perto para o tipo de materiais usados, macios na metade superior do tablier e nos topos das portas da frente. Mesmo os materiais mais duros têm ótimo aspeto e montagem excelente.

Ambiente “tecnológico”

A posição de condução tem ajustes muito amplos, a ponto de parecer demasiado baixa, para um SUV. Mas a posição e o tato do volante é muito bom (apesar de ter botões minúsculos) e os bancos têm sustentação lateral acima da média, apesar de não serem muito macios.

Posição de condução com ampas regulações e bancos desportivos muito bons

Em frente ao condutor está uma superfície ligeiramente curva que inclui o painel de instrumentos digital de 10,25” e o ecrã tátil central de 10,70” ambos com excelente definição. O infotainment usa o mais recente sistema operativo da marca, o BMW ID8 que se mostrou rápido e relativamente intuitivo.

Muito espaço em comprimento e altura na segunda fila

Claro que o menu principal mostra imensas funções acessíveis através de ícones semelhantes aos das Apps para smartphone, por isso é preciso algum tempo para “estudar” tudo até perceber onde está o quê. Mas é possível personalizar a organização do menu, o que ajuda.

Questões de ergonomia

Não há botões sob o ecrã tátil, os comandos da climatização estão lá dentro, mas estão em rodapé, sempre visíveis, não é preciso andar à procura deles no sistema.

A consola é do tipo flutuante, ou seja, tem uma prateleira por baixo que poderá ser útil para as carteiras das senhoras e pouco mais, já que tem pouco suporte lateral. Por cima, está o apoio de braços com tampa mas muito pouco volume útil.

Consola flutuante com prateleira por baixo

No extremo da consola estão os comandos da transmissão, reduzidos a um botão balanceiro demasiado pequeno, um rolete para o volume de som, botões para o “auto-hold”, quatro piscas e modos de condução (Efficient/Personal/Sport). Fora o primeiro, todos os outros são táteis, obrigando a desviar os olhos da estrada para acertar com o dedo naquele que se pretende.

Motor 1.5 de 3 cilindros

O motor deste 18i não é um 1,8 litros, como significaria na antiga nomenclatura da BMW. Trata-se de um motor 1.5 de três cilindros e injeção direta de gasolina com turbocompressor de dupla entrada. Tem distribuição e admissão variáveis, mas não tem nenhuma ajuda híbrida. A potência máxima é de 136 cv e o binário atinge os 230 Nm.

Motor 1.5 turbo ainda não tem qualquer sistema híbrido

O seu som não renega a contagem de cilindros, mas está modulado a ponto de nunca ser desagradável ao ouvido. Todos os X1 estão equipados com uma caixa de dupla embraiagem e sete relações, neste caso com duas posições no tal botão balanceiro que faz de alavanca: a normal posição D e uma posição L que mantém a caixa sempre por relações mais curtas.

É uma maneira de ter maior efeito travão-motor nas descidas e uma reação um pouco mais rápida do sistema quando se quer andar mais depressa. De resto, não há nenhuma maneira de escolher as relações de forma manual, a não ser que se comprem as patilhas no volante, que são opcionais.

Bem calibrado em cidade

Em cidade, a afinação do motor e da caixa resulta numa resposta muito suave e rápida, sem tempos de espera e uma progressão viva, sem soluços, pois a caixa faz uma boa imitação de uma automática de conversor de binário.

Conforto sai um pouco comprometido

Mesmo a andar devagar, o X1 evidencia os seus genes BMW, ligando o condutor à estrada como nenhum dos seus rivais. A direção é muito precisa e tem a rapidez suficiente para não ser nervosa, a suspensão mantém este SUV sempre muito bem controlado e os travões são um exemplo de facilidade de doseamento.

Claro que, nesta versão X-Line com pneus 245/40 R20, claramente exagerados para a potência disponível, o reverso da medalha é um pisar firme, tanto mais que a suspensão independente às quatro rodas faz questão de reforçar a atitude desportiva do X1. Em piso imperfeito, o conjunto fica demasiado duro e intolerante.

Falta o “mild hybrid”

No meu habitual teste de consumos em cidade, usando o modo Efficiency e deixando o A/C desligado, obtive um valor de 7,4 l/100 km que, hoje em dia, já não se pode considerar brilhante, mas que se compreende pela total ausência de uma componente híbrida. O sistema stop/start funciona muito bem e a caixa faz “bolina”, mas isso não chega.

Motor 1.5 turbo tem 136 cv e boas prestações

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados, o meu teste de consumos registou um valor um pouco melhor de 6,1 l/100 km, sendo aqui o tamanho deste SUV a impedir melhor. Ainda assim, é um consumo muito bom, para um carro que pesa 1575 kg.

Dinâmica faz a diferença

A estabilidade em autoestrada é excelente, a carroçaria pouco se inclina, seja em curva seja nas travagens fortes. A suspensão firme não é um obstáculo ao conforto de viagens mais longas, pelo contrário. Pouco ruído de rolamento dos pneus Conti EcoContact 6 e silvos aerodinâmicos bem controlados. Um estradista que atinge os 208 km/h, como os condutores alemães exigem.

Condução envolvente e divertida, tipicamente BMW

Para um SUV familiar deste segmento, o teste podia perfeitamente terminar aqui e ir direto para a conclusão. Mas tratando-se de um BMW, era preciso investigar a dinâmica, mesmo sabendo que a tração é às rodas da frente e que a carroçaria de SUV tem 1,642 m de altura.

Motor competente

A marca anuncia os 0-100 km/h em 9,2 segundos, o que a caixa de dupla embraiagem não tem dificuldade em reproduzir várias vezes seguidas. Apesar da banda sonora pouco “possante” a verdade é que este tricilindrico mostra força desde os regimes mais baixos até ao corte.

Painel curvo inclui instrumentos e ecrá tátil

Guiado nas rotações intermédias, garante ritmos consistentes, sem que o condutor se possa queixar de falta de força. Guiado nos regimes mais altos, ganha-se ímpeto e aumenta-se um pouco a emoção. Com a caixa em “L”, impede-se mudanças precoces. Mas a falta de controlo sobre a transmissão acaba por ser frustrante.

Dinâmica faz a diferença

Quem quiser guiar o X1 18i de forma mais empenhada, nem que seja só de vez em quando, vale bem a pena configurar a opção das patilhas no volante, que ainda substituem a posição L da caixa pela posição S.

Dinâmica precisa e pouca inclinação em curva no X1

Isto porque a dinâmica em estradas secundárias com curvas exigentes está ao nível que se espera de um BMW. Muita precisão da direção, que tem a assistência muito bem calibrada e um trem dianteiro obediente e rigoroso. Grande resistência à subviragem, como seria de esperar com os pneus montados.

Diversão ao volante

Escolhendo o modo de condução Sport, que é configurável, o acelerador fica mais reativo e isso serve tanto para as saídas de curvas lentas, sempre com ótima tração, como para as desacelerações bruscas na entrada, levando a traseira a deslizar e fazer rodar o carro.

Excelente definição no ecrã tátil central

O tato do X1 ganha interatividade, envolve o condutor na condução como poucos rivais mas sempre de uma forma muito progressiva e benigna. Sobretudo porque a suspensão não deixa a carroçaria ganhar inércia indesejável, mantendo-a sempre muito bem controlada.

Conclusão

Nunca o X1 teve tanta concorrência como agora, mas também nunca esteve tão bem preparado para se defender. Seja nas questões práticas, na afirmação da sua imagem de marca e até na dinâmica que sabe honrar, à sua escala, a fama da BMW. Não é barato, mas ninguém estaria à espera que fosse.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

BMW X1 sDrive 18i X-Line

Potência: 136 cv

Preço: 44 762 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

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