Não é fácil imaginar como seria possível o Porto ter a maior concentração de modelos da Lamborghini, de qualquer cidade europeia, no final dos anos sessenta. Mas era uma “verdade” assumida por muitos e que ficou para a história.
Talvez as razões demográficas sejam a explicação mais lógica para esse facto, ou tavez seja um dos primeiros exemplos de “fake news” colocados a correr na “social media” da altura, ou seja, as conversas de café e alguma pequena “breve” num jornal a precisar de “fechar” uma página.
Não me parece que o fascínio dos compradores portugueses de Lamborghini fosse muito diferente de outros países. Mas nestas coisas dos carros mais caros e mais exclusivos do mundo, por vezes basta uma pequena competição de egos para fazer despoletar uma “corrida às armas”.
Outros tempos
Hoje, os tempos são outros, claro. Tanto em termos de mercado e compradores, como de marcas e oferta de modelos.
De uma marca exclusivamente dedicada a fabricar superdesportivos, para bater os arqui-rivais da Ferrari, a Lamborghini de hoje, pertença dos alemães da VW, deu início a uma expansão nunca vista na sua história.
Estou a falar, como é claro, do SUV Urus, que tem feito explodir as vendas da marca em todo o mundo. Dos 1602 carros vendidos em 2011, a Lamborghini subiu para os 8205, em 2019 e a culpa é toda do Urus.
O plano está a resultar em cheio, com a Lamborghini a ser a marca que dá mais lucro de todas as do grupo VW. Mas os planos para o futuro não se ficam por mais versões do Urus, que certamente vão chegar, seguindo o habitual nos ciclos de vida de sete anos dos produtos dos grupo.
Uma quarta família vai chegar
O alargamento a uma quarta família de modelos, depois dos Aventador V12, Huracan V10 e Urus V8 é uma certeza. A marca ainda só não sabe (ou não diz) se será mais um SUV, ou um coupé de quatro lugares.
A outra dúvida é saber se a eletrificação da Lamborghini se fará apenas pela via da hibridização ou pela dos carros 100% elétricos.
Andrea Baldi, o CEO da Lamborghini para a zona da Europa, Médio Oriente e África, esteve em Portugal para inaugurar o novo espaço de venda e assistência técnica da marca, em Cascais.
Localizado em Alcabideche, a nova “casa” dos Lamborghini portugueses tem mais espaço e mais valências, além de um visual harmonizado com a imagem da marca.
Híbridos ou elétricos?
Baldi afirmou que as 63 unidades do Sián – a série limitada feita com base no Aventador, com um V12 de 785 cv e um sistema híbrido alimentado por supercondensador – foram todas vendidas. Mas que a maioria dos clientes não pede especificamente por novos modelos híbridos.
Apesar de a nova plataforma do Porsche Taycan passar a estar disponível para as marcas do grupo que dela necessitem, não é claro que a Lamborghini a vá usar nos tempos mais próximos.
O mais provável é hibridizar os seus atuais motores: “vamos continuar a usar o V10 atmosférico até ser legalmente possível”, afirmou Baldi.
Que carros vão os compradores portugueses da Lamborghini levar para casa nos tempos mais próximos, parece evidente: o SUV Urus. Provavelmente nas cores mais discretas, que façam passar despercebido o facto de custar 273 mil euros.
Em 2019 já foi isso que aconteceu, com uma subida do total das vendas para as 26 unidades, igual ao que a Ferrari vendeu em Portugal.
Mas com o novo espaço de exposição de 385 m2, que inclui a experiência de personalização Ad Personam e uma oficina de 400 m2, as ambições do importador da marca para Portugal (SIVA) são de chegar às 30 unidades até Dezembro.
Metade dos Lamborghini a vender em Portugal vão ser Urus, porque a procura global é tanta que não há mais unidades disponíveis para o mercado Português.
Conclusão
Hibridizar sem perder a emoção de conduzir um Lamborghini, é a estratégia da marca para os próximos anos. Mas vai ser difícil que alguma cidade portuguesa volte a ter tantos quantos teve o Porto nos anos sesenta.
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