Jeep Avenger elétrico

Tejadilho "flutuante" herdado do Compass

Luzes de trás com X evocam os "jerricans" do Willys

Obstáculos artificiais para demonstrar as aptidões fora de estrada

Mesmo só com tração à frente, o Avenger faz algumas proezas

Estilo simples mas atraente no interior

Painel de instrumentos fácil de ler

Botões da transmissão são pouco práticos

Porta-objetos tem tampa com ímanes mas é pouco prática

Esta é a visão do condutor para o painel de instrumentos

Ecrã tátil fácil de usar e de entender

Muito bons bancos da frente, com conforto e apoio

Espaço na segunda fila é suficiente para o segmento B-SUV

Frente tem os sete orifícios típicos da marca tapados

Conforto a bordo acima da média entre os B-SUV

Posição de condução não é muito alta mas está bem definida

Suspensão proporciona muito bom comportamento

Muito fácil de guiar e com força suficiente

A apresentação estática e a visita à fábrica onde é feito, na Polónia, já tinha deixado uma boa impressão. Mas este primeiro teste em estradas bem exigentes mostrou aquilo que vale o Jeep Avenger.

 

É fácil olhar para um novo modelo e gostar do estilo, imaginando como será a sua condução. No caso do Jeep Avenger, sendo um Jeep, espera-se conforto da suspensão e facilidade de condução.

Por ser um elétrico de tração à frente – pelo menos para já, pois uma versão 4×4 está nos planos – não se pode exigir grandes aptidões fora de estrada, nem sequer esse é minimamente um requisito dos compradores dos B-SUV.

Frente tem os sete orifícios típicos da marca tapados

Com 4,08 metros de comprimento, o Avenger posiciona-se bem no meio da enorme oferta de SUV do segmento B, o tipo de modelos com maior crescimento na Europa.

Estreia e partilha

Como seria de esperar, tratando-se de um modelo e de uma marca do grupo Stellantis, todo o hardware é partilhado com outros modelos do grupo. Só que (ainda) não é bem assim.

Na verdade, o Avenger estreia a nova evolução da plataforma que surgiu no DS 3 Crossback, depois usada pelo Peugeot 2008 e Opel Mokka, a CMP, que se passou a chamar e-CMP nas versões 100% elétricas e que agora recebe o nome lógico de e-CMP2.

Tejadilho “flutuante” herdado do Compass

O Jeep Avenger estreia esta evolução e a equipa que o desenhou conseguiu convencer a Stellantis, na pessoa do seu CEO, o português Carlos Tavares, a introduzir as modificações específicas que conseguissem garantir que o Avenger não perderia o ADN Jeep.

O que mudou

A e-CMP2 tem 60% de peças novas, mas mantém a sua filosofia de multi-energia, apesar de o Avenger só estar disponível com versões 1.2 turbo a gasolina de 100 cv em Espanha e Itália. Nos outros mercados só há a versão elétrica.

Luzes de trás com X evocam os “jerricans” do Willys

As evoluções na plataforma permitiram ao Avenger ter a altura ao solo de que precisava e vãos dianteiros e traseiros curtos, para manter as proporções estreadas no Jeep Compasss e aqui tão bem adaptadas a um modelo mais pequeno.

O estilo resulta em cheio, mais ainda ao vivo, com o Avenger a parecer mais baixo e largo que nas imagens fotográficas. Mas os números apoiam esta impressão.

Aptidões fora de estrada

Os ângulos de ataque, ventral e saída são, respetivamente, de 20, 32 e 20 graus. Os vãos dianteiro e traseiro são de 726 e 659 mm e a altura ao solo é de 200 mm. Valores respeitáveis para um B-SUV.

Obstáculos artificiais para demonstrar as aptidões fora de estrada

O diâmetro de viragem é de apenas 10,5 metros e ainda tenho mais alguns números interessantes que me foram entregues por Laura Farina, a diretora técnica do projeto.

Mesmo só com tração à frente, o Avenger faz algumas proezas

A aerodinâmica conta com um Cx de 0,338 e uma superfície frontal projetada de 2,25 m2, o que resulta numa das menores resistências ao avanço, quando se multiplica um pelo outro.

Suspensão evoluiu muito

A suspensão mantém o esquema MacPherson, à frente e barra de torção com barra Panhard, atrás. Mas foi feito um meticuloso trabalho com os amortecedores.

Comparando com as aplicações anteriores desta plataforma, o Avenger tem mais 20% de força de amortecimento, que resulta em menos 20% de aceleração vertical (o “bombear da carroçaria em piso ondulado), menos 12% de rolamento lateral e menos 18% de efeito de mergulho na travagem.

Muito fácil de guiar e com força suficiente

Antes de ocupar a posição de condução e começar o meu teste, ainda fiquei a saber que o Avenger tem seis modos de condução: Eco/Normal/Sport, para condução em estrada e Sand/Mud/Snow, para fora de estrada.

Os três últimos regulam a resposta do acelerador, do ABS, do controlo de tração e limitam a velocidade máxima a 120/50/80km/h, respetivamente. Também para poupar a energia da bateria.

Motor e bateria são melhores

Além da suspensão, a outra grande evolução da e-CMP2 é a motorização, que conta com um novo motor elétrico de ímanes permanentes, mais eficiente. Funciona a 400 Volt e agora debita 115 kW (156 cv) e 260 Nm.

Suspensão proporciona muito bom comportamento

A bateria, distribuída em “H” sob os bancos da frente, os de trás e o túnel central, aumentou a capacidade para os 54 kWh, usando agora células fornecidas pelos chineses da CATL.

A Jeep anuncia uma autonomia de 400 km, em ciclo misto e de 550 km, em ciclo urbano, de acordo com o protocolo WLTP.

Estilo simples mas atraente no interior

O carregamento pode ser feito até valores máximos de 11 kW AC (5h30 dos 0 aos 100%) ou a 100 kW DC (20 a 80% em 24 minutos).

Aspeto Jeep

A carroçaria do Avenger está protegida a plástico não pintado a toda a volta, para evitar riscar a pintura. O cinzento claro da zona baixa dos para-choques é a cor do plástico na massa, por isso os riscos quase não se notam.

Os pneus 215/55 R18 dão o toque final para que o Avenger tenha um aspeto que fica entre o aventureiro e o urbano, perfeito para o primeiro Jeep desenhado autonomamente na Europa, fabricado na Europa e vendido na Europa.

Painel de instrumentos fácil de ler

O interior reflete isso mesmo. Apesar de a unidade que usei neste Primeiro Teste ainda não ser a versão final, por exemplo não tinha os mini tapetes anti-deslizantes na prateleira que fica sob a barra colorida do tablier.

Interior bem pensado

O ecrã tátil central tem 10,25 polegadas, incluindo Android Auto, Apple Carplay e navegação Tom Tom. O painel de instrumentos tem a mesma dimensão e quatro visualizações.

Muito bons bancos da frente, com conforto e apoio

O módulo da climatização está separado do infotainment, mais abaixo na consola, o que é sempre boa notícia.

Os comandos da transmissão são botões separados para as funções P, R, N, D e B e estão no meio da consola, o que os torna pouco práticos em manobras.

Comandos da transmissão são pouco práticos

Mas libertam espaço para dois amplos porta-objetos, um deles com uma tampa magnética, como as dos tablet, que se mostrou pouco prática. O outro é deslizante e pode ser removido.

Boa posição de condução

A mala tem 380 litros de capacidade, com um plano de carga a 720 mm do chão, piso regulável para gerar espaço debaixo para os cabos da bateria e portão elétrico mãos-livres.

Voltando ao habitáculo, o espaço na segunda fila é melhor em largura que em comprimento. Duas pessoas acomodam-se sem problemas mas ao centro há um túnel no piso.

Espaço na segunda fila é suficiente para o segmento B-SUV

Na frente, os bancos são confortáveis e com apoio lateral suficiente. A posição de condução é muito boa, com regulações amplas e um volante de raio curto e secção grossa que cai perfeitamente nas mãos.

Qualidade não é premium

Quanto à perceção de qualidade, a montagem pareceu sólida, sem se ouvirem ruídos parasitas neste teste, mesmo nos pisos piores. Mas todos os plásticos do interior são duros, com um aspeto nada premium.

Porta-objetos tem tampa com ímanes mas é pouco prática

Este primeiro teste, no Sul de França, foi feito em estradas secundárias muito sinuosas com piso variável entre o muito bom, o muito ondulado e o muito esburacado.

Muito bom conforto

Com pneus GoodYear Efficient Grip 215/55 R18, a suspensão mostrou um excelente nível de controlo dos movimentos e muito bom conforto, mesmo nos piores pavimentos. É claramente a maior evolução desta plataforma.

A equipa de desenvolvimento fez testes de duas horas seguidas na pista de mau piso de Balocco, o complexo de testes do grupo em Itália, com cinco engenheiros a bordo. Dizem que foi conclusivo…

Conforto a bordo acima da média entre os B-SUV

Começando no modo Eco, limitado a 82 cv e 180 Nm, a resposta do acelerador em cidade é pronta e muito suave com isolamento acústico muito bem feito.

Ainda não tive oportunidade de testar os consumos reais, a Jeep anuncia valores entre os 12 e 15 kWh/100 km, para ciclo misto e urbano.

Mais regeneração

Ligando o modo de máxima regeneração “B”, o efeito de retenção mostrou-se mais fraco do que o esperado. A Jeep diz que faz passar a desaceleração de 0,6 para 1,2 m/s2. Mas um pouco mais intenso seria melhor para o para-arranca. Dito isto, o pedal de travão está muito bem calibrado.

Passando ao modo Normal (limitado a 109 cv e 200 Nm) ganha-se um pouco mais de resposta ao motor, mas sem nunca pôr em causa a excelente tração das rodas dianteiras.

Jeep Avenger elétrico

Em modo Sport, onde estão disponíveis os 156 cv e os 260 Nm, a resposta do Avenger torna-se mais forte, mas sem perder uma entrega linear da força às rodas.

Dinâmica eficiente e divertida

A direção tem o peso certo e um tato bastante direto e rápido, sobretudo para aquilo que se espera de um Jeep. E o comportamento dinâmico vai no mesmo sentido, muito ágil, preciso nas mudanças de direção rápidas e resistindo bem à subviragem nas entradas em curva mais exageradas.

Posição de condução não é muito alta mas está bem definida

A inclinação em curva não é nada exagerada, o Avenger mantém sempre um controlo muito bom e o ESC, entrando em ação cedo quando se exagera, não o faz de forma brusca.

A atitude em traçados com muitas curvas surpreende pela eficácia e pela agilidade, que acrescentam uma inesperada diversão à condução.

Conclusão

O Avenger chega aos primeiros clientes em Março de 2023 com o processo de pré-reserva da versão de lançamento, a super-equipada First Edition já a decorrer, com um preço de 39 500 euros. O preço da versão de entrada é de 36 300 euros. O novo B-SUV é o primeiro de quatro Jeep elétricos. A marca espera que assegure 1/5 das vendas da Jeep na Europa já em 2023 e que seja o Jeep mais vendido em 2024. O Avenger é um marco importante, pois dá o tiro de partida para uma gama 100% elétrica na EU em 2030 e pretende contribuir para o objetivo da Jeep em se afirmar como líder entre os fabricantes de SUV eletrificados.

Francisco Mota

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