Jeep Avenger

Kia Niro

Nissan Ariya

Peugeot 408

Renault Austral

Toyota bZ4X

VW ID.Buzz

25/11/2022. Esta semana foi anunciada a lista dos 7 finalistas do The Car Of The Year 2023. Os 60 jurados cumpriram a primeira ronda de votação e a matemática fez o resto. Seguem-se mais testes para apurar o vencedor, a ser anunciado em Janeiro. Mas qual será o favorito para a edição deste ano do prémio que a Indústria Automóvel mais valoriza?

 

“Não sei quando vou ganhar, mas sei que vou ganhar o The Car Of The Year com um dos modelos da minha marca”. Esta foi uma das últimas frases proferidas por um CEO de uma das marcas envolvidas no prémio deste ano, dirigindo-se a uma plateia formada exclusivamente por jurados do prémio mais cobiçado pela Indústria Automóvel.

Depois de publicada a lista do finalistas, fiquei a saber que ainda não vai ser este ano que o CEO em causa vai ter motivos para festejar, como já teve no passado, quando liderava outra marca. Quais as marcas aqui em causa? Não é a questão relevante deste episódio. O mais interessante é ver a importância que as marcas dão ao The Car Of The Year, para que um CEO diga algo como isto.

“Since 1964”

A história do mais prestigiado prémio atribuído à Indústria Automóvel começou a ser feita em 1964 e não há nenhum outro prémio que se aproxime em termos de longevidade e continuada relevância. Se olhar para o vidro de trás do seu carro, talvez lá esteja um autocolante a referir que o seu carro ganhou o The Car Of The Year quando foi lançado.

O efeito da vitória neste prémio já foi quantificado em prestígio e em acréscimo de vendas, por muitas marcas. Conheço os números, mas não os vou aqui citar, por uma questão de pudor. Faço parte do júri do The Car Of The Year há mais de dez anos e sei perfeitamente o quanto os meus colegas prezam a discrição.

Independente e transparente

Não há nenhum prémio nesta área que seja mais independente, nem mais transparente. O júri é composto por jornalistas especializados da área automóvel e têm obrigatoriamente que ter nos testes de novos modelos a sua atividade diária principal. Têm que ser “homens do terreno”, com anos de experiência.

A votação final, quando foi feita, será obrigatoriamente acompanhada por um texto justificativo. Nessa altura, os jurados têm que explicar por que razão deram determinada pontuação a cada um dos sete finalistas. Mesmo que lhe tenham dado zero pontos. É um momento da verdade, que leva a transparência às últimas consequências.

60 jurados, 23 países

É também um júri suficientemente diverso para que seja virtualmente impossível influenciar. São 60 jornalistas de 23 países, com culturas e realidades muito diversas, no que diz respeito aos automóveis. Quem ganhar o prémio, fica a saber que o seu carro é tão competente no inverno do Norte da Europa, com temperaturas negativas de trinta graus, ou no verão do Sul, onde os quarenta graus não são raros.

E se está a pensar que os jurados dos grandes países produtores de automóveis beneficiam sempre as marcas compatriotas, basta ir ver as pontuações dos últimos anos, em www.caroftheyear.org para confirmar que isso raramente acontece, deitando abaixo qualquer teoria desse tipo.

Paixão e razão

Como não podia deixar de ser, a paixão pelos automóveis atravessa todos os jurados, mas isso não os tem impedido de premiar modelos racionais a que uma maioria de compradores tenha acesso. Basta consultar a lista de vencedores desde 1964 para confirmar isso, com duas ou três exceções.

Ser um prémio que chega a tanta gente, há tanto tempo, tem sido o segredo da sua notabilidade. O fato de não existir uma vertente comercial no prémio, é a prova da sua independência. Os organizadores do The Car Of The Year sempre recusaram patrocinadores e nem as marcas têm que pagar inscrição para ter os seus carros a concurso. Uma piada interna recorrente é que “nem sequer temos número de identificação fiscal”.

Não há inscrições

As regras de elegibilidade são simples e estão publicadas no site do The Car Of The Year. Todos os carros ligeiros de passageiros, lançados no mercado no ano da eleição e que estejam efetivamente à venda em pelo menos cinco mercados, estão automaticamente “inscritos”.

Os organizadores e os jurados sempre resistiram à divisão do prémio em categorias, que apenas serve para confundir o público. E para deixar contentes mais do que uma marca. No The Car Of The Year só há um vencedor por ano.

Claro que as marcas se esforçam por obter a vitória, como dizia outro CEO há alguns anos: “já ganhei o prémio na marca X e Y e agora quero ganhar aqui na marca Z.” Claro está que não ganhou, simplesmente porque o “seu” modelo não foi considerado um dos melhores.

O que fazem as marcas?

O esforço das marcas para ganhar o The Car Of The Year traduz-se em aspetos puramente profissionais. Dar aos jurados acesso aos seus novos modelos, para que os possam testar como entenderem nos seus próprios países. E dar acesso aos engenheiros, estilistas, gestores de produto e dirigentes, para que eles possam fornecer todos os detalhes do processo de desenvolvimento e construção de cada modelo.

É todo um processo do qual tenho a enorme honra de fazer parte, ainda para mais com a possibilidade de partilhar experiências com outros colegas de mercados tão diferentes do português, e que mostram o quão difícil é fazer um carro que agrade à maioria.

Os 7 finalistas de 2023

Dito isto, e já não é pouco, vamos então à lista dos 7 finalistas para a edição de 2023 do The Car Of The Year. Por ordem alfabética são estes:

– Jeep Avenger

– Kia Niro

– Nissan Ariya

– Peugeot 408

– Renault Austral

– Subaru Solterra/Toyota bZ4X

– Volkswagen ID. Buzz

Os prós e os contras

Qual destes será o vencedor? É difícil de dizer, tendo em conta a diversidade dos jurados. Mas posso dar a minha opinião em relação a alguns dos pontos fortes e fracos de cada um dos finalistas.

Jeep Avenger

O Jeep Avenger acertou no estilo, é daqueles carros de que se gosta ao primeiro olhar, e isso conta. Estar disponível apenas em versão elétrica, talvez seja frustrante para alguns potenciais compradores.

Kia Niro

O Kia Niro tem na diversidade de oferta eletrificada um ponto forte, proporcionando opções aos compradores, de acordo com a utilização e as condições locais. Talvez o estilo da Kia se esteja a radicalizar demasiado depressa e isso pode ser um contra.

Nissan Ariya

O Nissan Ariya mostra como um SUV pode ser diferente da norma, com as motorizações elétricas a ajudar. Mas talvez seja um passo muito grande, muito ambicioso, até em termos de posicionamento.

Peugeot 408

O Peugeot 408 alia dinâmica e versatilidade de forma inesperada, com o bónus de um estilo que se diferencia do 308. Mas talvez o conceito sem rivais diretos demore algum tempo a ser compreendido pelos potenciais compradores.

Renault Austral

O Renault Austral era o SUV de que a Renault precisava, para fazer esquecer o Kadjar e fortalecer a sua posição no segmento C. Mas talvez o sistema híbrido ainda precise de alguma evolução para ser tão bom como os melhores.

Toyota bZ4X

O Toyota bZ4X (O Subaru Solterra não se vende em Portugal) tem na competência da sua motorização 100% elétrica um trunfo. Mas talvez o estilo e o posicionamento representem um desafio para uma marca como a Toyota.

VW ID.Buzz

Finalmente o VW ID.Buzz, que aposta tudo numa mistura entre o passado e o futuro, inspirando-se no clássico “pão de forma” para chagar a um estilo adorável. Mas será que estamos já no âmbito dos furgões de passageiros?

Conclusão

Como se vê, as certezas ainda não dominam as dúvidas. Vão ser precisos mais testes para clarificar algumas opiniões. No final, e como sempre, será a implacável matemática a decidir quem vai vencer o The Car Of The Year 2023.

Francisco Mota

Ler também, seguindo o LINK:

http://www.caroftheyear.org