O plano era levar o sofisticado 959 para os ralis, na louca era dos Grupo B. O desenvolvimento começou com o 911 SC/RS, sem tração às quatro rodas, nem turbo. Nada que impedisse Henri Toivonen de o levar às vitórias.
Está à venda o Porsche 911 SC/RS com número de chassis #007, um modelo carregado de história e pintado nas gloriosas cores da Rothmans.
A empresa especializada Duncan Hamilton Rofgo tem esta unidade disponível para venda, desde que o interessado se apresente com os fundos necessários. E saber quanto custa, só falando diretamente com o vendedor. Preço rigorosamente sob consulta, mas dificilmente abaixo do milhão de euros.
E vale bem a pena, pois trata-se de uma unidade restaurada até ao último detalhe, apresentada em estado de concurso, segundo a empresa vendedora. O #007 tem sido visto em demonstrações no famoso Goodwood Festival Of Speed e outros eventos do género.
O último 911 de ralis
Mas o que faz a fama do 911 SC/RS? Trata-se de um modelo produzido em apenas 20 unidades, para homologação como extensão do Grupo B, ou seja, a versão para ralis.
O modelo era uma derivação do 911 SC, que tinha sido produzido em mais de 200 unidades, por isso o processo de homologação foi de algum modo simplificado.
O 911 SC/RS tinha muitas modificações face ao 911 SC, para o tornar competitivo nos ralis internacionais do campeonato da Europa e do mundo.
O papel do SC/RS era preparar a entrada em cena do sofisticado 959, que prometia revolucionar o mundo dos Grupo B na segunda metade dos anos 1980. Mas o SC/RS seria o último 911 de ralis.
Prodrive preparou-o
O programa de participações em ralis do 911 SC/RS da equipa Rothmans Porsche foi entregue à Prodrive, a famosa empresa de David Richards.
Dos 20 SC/RS produzidos para utilização em estrada e homologação, apenas seis foram preparados ao limite para serem usados em ralis. Os outros foram diretamente para garagens de colecionadores, sobretudo dos EUA.
O Super Carrera/RennSport tinha imensas modificações face ao SC, a começar pelo motor de seis cilindros opostos, ainda sem turbocompressor. A cilindrada descia de 3,2 para 3,0 litros, por razões de homologação. Mas a potência subia aos 300 cv.
O mais leve possível
Um extenso trabalho de redução de peso foi levado a cabo, com um monobloco em aço mais leve, portas, capót traseiro e tampa da mala em alumínio. Os para-choques eram em Kevlar e os vidros eram mais finos que os do SC e o peso ficava-se pelos 960 kg.
Claro que a suspensão recebia conjuntos mola/amortecedor de ralis, fornecidos pela Bilstein, sendo mantidas as barras de torção, por razões de homologação, mas que pouco faziam.
A carroçaria tinha diversas proteções sob o fundo e reforços, além de um “roll-bar” Matter em alumínio.
Travões do 917
O trabalho de preparação da versão de ralis do SC/RS ficou a cargo da Prodrive, que usou os travões do Porsche 917, bancos Recaro semelhantes aos do 935 e a caixa era a famosa 915/71 com autoblocante mecânico. Nem faltavam as jantes Fuchs.
Esta unidade #007 mantém o mesmo motor e a mesma caixa desde que foi fabricado na Alemanha, tendo tudo sido devidamente restaurado.
Toivonen levou-o à vitória
A carreira desportiva desta unidade, conhecida na Prodrive como “Car 3” por ter sido o terceiro de quatro carros entregues à equipa, é igualmente impressionante.
Entre 1984 e 1986, este #007 venceu nada menos do que quatro ralis. Dois deles com Henri Toivonen ao volante, o Costa Esmeralda e o 1000 Pistas de 1984.
E ainda ganhou outros dois ralis com Billy Coleman ao volante, os ralis de Donegal em 1985 e o de Galway em 1986. Therier e Al-Hajri também guiaram este SC/RS noutras provas.
Quanto ao 959, nunca chegou a alinhar num rali do WRC. O regulamento do Grupo B foi cancelado no final de 1986 e o 959 ainda nem estava homologado. Mas conseguiu vencer o Rali Paris-Dakar de 1986.
Conclusão
O SC/RS de ralis é um dos Porsche 911 mais raros de sempre e será certamente um investimento seguro, mais ainda agora depois de a Porsche ter lançado a versão especial 911 Dakar.
Francisco Mota
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