BYD Seal U 2024

Seal U partilha plataforma com o Seal

Desenho não é igual ao do Seal berlina

Perfil convencional para um D-SUV

Jantes de 19" são de série nas duas versões

BYD não arriscou no desenho do seu D-SUV

Bateria de 87 kWh na versão deste Primeiro Teste TARGA 67

Mais um modelo na Ocean Series da BYD

Muitos componentes do habitáculo são partilhados com outros modelos da marca

Painel de instrumentos com caracteres pequenos

Ecrã central rotativo assume duas posições

Bons acabamentos no habitáculo

Comando da transmissão rodeado de vários botões

Capacidade da mala é de 552 litros

Espaço generoso na segunda fila mas piso alto

Bancos da frente são confortáveis

Boa insonorização e boa estabilidade

Condução fácil e tranquila mas muito pouco envolvente

Suspensão confortável na maioria dos pisos

Os lançamentos de novos modelos da marca chinesa BYD não param. Agora foi a vez do SUV Seal U, que se posiciona como rival do Tesla Model Y, o automóvel mais vendido no mundo em 2023. Estará disponível em Maio, mas já passou pelo Primeiro Teste do TARGA 67, conduzido por Francisco Mota. Saiba o que vale este novo modelo da Build Your Dreams.

 

Em 1995 fazia baterias recarregáveis para eletrónica de consumo, hoje é o maior fabricante de automóveis elétricos, tendo já ultrapassado a Tesla. A Build Your Dreams (BYD) chegou a Portugal há poucos meses, mas já vendeu mais de meio milhar de unidades, de uma gama que passa a ser composta por seis modelos: Dolphin, Atto 3, Han, Tang, Seal e agora o novo Seal U.

Perfil convencional para um D-SUV

Com 4,785 metros, o Seal U (U de Utility) é um rival direto do Tesla Model Y, pelo menos em termos de posicionamento no mercado. Tem uma carroçaria com 1,67 m de altura, mais que os 1,63 m do Model Y, cinco portas e cinco lugares. Para já, só está disponível em versão 100% elétrica. Mas noutros mercados existe uma versão PHEV.

Plataforma do Seal

A chamada “e-Platform 3.0” é partilhada com o Seal, mas, ao contrário do que acontece com a berlina, no SUV a bateria não está integrada na estrutura, é colocada sob o fundo do Seal U. Outra diferença fundamental é que a tração do Seal U é às rodas da frente, ao passo que o Seal tem versões de tração atrás ou às quatro rodas.

Seal U partilha plataforma com o Seal

Outra grande diferença está na potência máxima disponível de 160 kW (218 cv) bem abaixo dos 313 cv da versão menos potente do Seal. Na gama Seal U há duas versões que têm a mesma potência mas baterias de capacidade e autonomia anunciadas diferentes: a Confort com 71,8 kWh (420 km) e a Design com 87,0 kWh (500 km). Foi esta última a usada neste Primeiro Teste TARGA 67, que decorreu na zona de Lisboa, local escolhido para o lançamento internacional do modelo.

Mais um modelo na Ocean Series da BYD

A bateria de 87 kWh pode ser carregada até 140 kW DC, demorando 28 minutos para ir dos 30 aos 80% de carga, segundo a marca. Trata-se de uma bateria LFP, sem Cobalto nem Níquel, com as habituais células em forma de lâminas longitudinais, por isso a marca lhe chama Blade Battery. Têm a vantagem de serem mais resistentes à perfuração e de participar na rigidez da estrutura, devido ao seu interior em ninho de abelha de alumínio. A bomba de calor é de série.

Ocean Series

O Seal U insere-se na “Ocean Series” da BYD, com estilo inspirado em motivos marinhos, tal como o Seal e o Dolphin. Há um ar de família entre o Seal U e o Seal, apesar de o desenho do SUV não ser derivado do da berlina, ao contrário do que acontece entre os Tesla Model 3 e Model Y.

Muitos componentes do habitáculo são partilhados com outros modelos da marca

A distância entre eixos de 2,765 metros é inferior aos 2,920 metros do Seal, o que é invulgar para modelos que partilham a mesma plataforma e inferior também aos 2,89 m do Model Y. Os vãos dianteiro e traseiro também são visivelmente maiores que os do Seal, que mede 4,8 metros de comprimento.

A silhueta é a de um SUV convencional, com tejadilho perto de ser horizontal e suspensão alta, efeito que é reforçado pelas jantes de 19” com pneus de medida 235/50 R19. A quinta porta tem o vidro inclinado, mas isso não prejudica muito a mala, que leva 552 litros, existindo ainda um “frunk”.

Perceção de qualidade

Espaço é coisa que não falta na segunda fila, seja em comprimento para as pernas ou em altura, com acesso muito fácil. O piso é liso, mas está demasiado alto em relação ao assento, deixando as pernas mal apoiadas. O lugar do meio é mais estreito e mais desconfortável.

Bancos da frente são confortáveis

Por dentro, encontra-se o mesmo painel de instrumentos e o mesmo ecrã central rotativo do Seal, com as mesmas virtudes e defeitos. Os caracteres de reduzida dimensão dificultam a leitura e a organização dos menús não é a mais intuitiva.

No habitáculo, a perceção de qualidade é muito boa, com materiais como plásticos macios ou pele sintética com pespontos a criar um excelente ambiente.

Ao volante, lá no alto

A posição de condução é alta, mesmo para um D-SUV como este, o banco é confortável mas falta-lhe mais suporte lateral e o volante está bem posicionado e tem boa pega, mas precisava de mais regulação em alcance.

Comando da transmissão rodeado de vários botões

A transmissão tem um gatilho de comando na consola, em torno do qual está um aglomerado de botões, físicos e hápticos, mas pequenos e difíceis de identificar, se não se desviar os olhos da estrada.

As grelhas da climatização só podem ser ser reguladas e abertas/fechadas através de um desenho que está algures numa página do infotainment, ao estilo Tesla, mas nada prático. Em rodapé, há um botão virtual para chamar essa página.

Em marcha

Há quatro modos de condução (Eco/Normal/Sport/Snow) que se escolhem num dos botões da consola, mas as diferenças de mapeamento do acelerador não são grandes. Também há dois níveis de regeneração na desaceleração à escolha. Com razoável diferença entre eles, mas sem nível zero, nem função “one-pedal”.

Boa insonorização e boa estabilidade

As primeiras impressões vêm da direção, um pouco lenta e sem grande tato. A assistência pode regular-se em dois níveis, algures no infotainment, mas a diferença não é muita, parecendo-me sempre bastante leve. O tato do pedal de travão é razoável e fácil de dosear, o que é útil, pois a retenção da regeneração é pouco intensa.

O motor tem força suficiente para mover os 2147 kg com facilidade, a BYD anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 9,6 segundos o que se traduz num andamento suficiente para um SUV deste tamanho e vocação familiar.

Confortável, quase sempre

Vocação que se confirma no acerto da suspensão independente às quatro rodas, muito confortável, mesmo em pisos em pior estado ou por cima de bandas sonoras. Claro que o curso permite algumas daquelas oscilações verticais típicas de alguns SUV.

Condução fácil e tranquila mas muito pouco envolvente

Isso nota-se menos em autoestrada, onde o Seal U se mostrou silencioso e estável o necessário, com força suficiente para qualquer necessidade do trânsito. Neste Primeiro Teste, não tive tempo suficiente para fazer o meu habitual teste de consumos reais, nem de calcular as autonomias reais em estrada e autoestrada. Ficará para Maio, quando está prevista a chegada ao nosso mercado.

Tal como outros BYD, o Seal U indica o consumo médio dos últimos 50 km, por isso é preciso completar essa distância a uma determinada velocidade ou ambiente, para obter um valor significativo, antes disso, o valor indicado não é válido. O Infotainment indica a autonomia restante com a carga da bateria atual, fazendo as contas ao consumo anunciado ou ao real dos últimos quilómetros.

Dinâmica suficiente

Mas ainda tive tempo para uma passagem por uma estrada secundária com algumas curvas mais exigentes. Desde logo se percebe que o Seal U foi calibrado com o conforto e facilidade de condução em mente. Mas uma estrada sinuosa é sempre uma boa maneira para ficar a saber o que esperar de qualquer automóvel numa situação mais extrema.

Suspensão confortável na maioria dos pisos

A carroçaria move-se bastante sobre a suspensão macia, gerando inclinação nas travagens fortes e nas entradas em curva mais rápidas. Não é muito precisa e não gosta de mau piso, situação em que os amortecedores chegam com facilidade à zona de fim de curso. Não tem, nem de longe, o mesmo refinamento dinâmico do Seal.

Conclusão

O Seal U é um produto essencial para o crescimento da BYD na Europa e não só. Afinal, os SUV são a fisionomia mais procurada, também nos elétricos, como provam as vendas do Model Y. Neste Primeiro Teste TARGA 67 fiquei com a certeza de que o Seal U está longe do Seal em termos dinâmicos, mas oferece espaço, conforto e um interior muito bem acabado. Quanto a preços, ainda não foram anunciado para Portugal, mas já o foram para a Alemanha, onde o modelo com bateria mais pequena custa 41 990 euros e o que guiei custa 44 990 euros. Valores que mostram bem o posicionamento da BYD.

Francisco Mota

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Teste – BYD Seal AWD 3.8 S: O maior rival do Model 3