Mercedes-Benz EQE 350+ SUV (fotos de João Apolinário)

Faróis muito semelhantes aos da versão berlina

Jantes carenadas para melhor aerodinâmica

Silhueta SUV quase coupé

Luzes de trás ligadas por uma barra luminosa

350+ tem motor elétrico de 292 cv

Os EQ da Mercedes-Benz são fáceis de identificar

Gaveta para atestar o depósito do limpa para-brisas

Frente fechada decorada com a estrela

SUV tem 1,67 metros de altura

Estilo com o ar de família do EQE berlina

Qualidade típica dos melhores modelos da MB

Ajustes dos bancos da frente estão nas portas

Saídas da climatização com desenho típico da marca

Painel de instrumentos digital e configurável

Ecrã tátil central em plano inclinado

Alguns botões físicos sob o ecrã tátil

Muito espaço e bom acesso à segunda fila

Bancos confortáveis e com suporte lateral suficiente

Dinâmica dá prioridade ao conforto

Boa posição de condução, alta como se espera

Aceleração 0-100 km/h anunciada em 6,7 segundos

Comportamento em curva muito bem controlado

Quase de um momento para o outro, a Mercedes-Benz duplicou a oferta com versões elétricas dos seus principais modelos. Como é lógico, alguns resultaram melhor do que outros. Será o EQE SUV um dos melhores? Respostas em mais um Teste Targa 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Face à avalanche de novas marcas, a maioria de origem chinesa, que estão a invadir o mercado europeu de automóveis elétricos, as marcas locais estão a ter trabalho redobrado em dar a resposta necessária. A Mercedes-Benz foi das que mais cedo percebeu que o tempo de reação era fundamental.

Silhueta SUV quase coupé

A gama de modelos EQ surgiu no mercado em 2019 com o EQC e rapidamente se multiplicou. Em parte, utilizando os modelos já existentes com motor de combustão interna e declinando versões 100% elétricas. Não é a maneira mais eficiente de fazer a transição energética, mas é a mais rápida. Pelo Teste TARGA 67 já passaram alguns, que pode ler procurando na secção “Hoje Guiei Um…”

Plataforma MEA

Mas a MB também preparou uma plataforma específica para carros elétricos, a MEA (Mercedes Electric Architecture) também conhecia internamente como EVA2. Esta base serve as berlinas EQS, EQE e os seus derivados SUV. O EQS SUV já foi testado aqui no TARGA 67, basta seguir o link no fim deste teste.

Os EQ da Mercedes-Benz são fáceis de identificar

Agora foi a vez do EQE 350+ SUV mostrar o que vale, na condução, na autonomia e na qualidade que tornou célebre a marca que registou o primeiro automóvel do mundo, exatamente a 29 de Janeiro de 1886, faz 138 anos.

A versão SUV do EQE

Face ao EQE, o EQE SUV tem uma distância entre-eixos 90 mm mais curta e menos 90 mm de comprimento (4,86 metros) mas uma altura logicamente maior em 120 mm (1,67 metros). O estilo é uma derivação direta da berlina, com a frente e a traseira muito parecidas, mas com uma silhueta de dois volumes, com o vidro traseiro razoavelmente inclinado.

É um tipo de estilo que a marca identifica com os seus modelos “nascidos elétricos”, feito de linhas muito suaves e poucas arestas, com o resultado a conseguir um bom coeficiente de forma aerodinâmico Cx de 0,25, sobretudo considerando que é um SUV.

350+ tem motor elétrico de 292 cv

A unidade deste teste está equipada com pneus de medida 255/45 R20 e jantes carenadas, que enchem bem os guarda-lamas e contribuem para dar ao EQE SUV um visual quase monolítico, de que se aprende a gostar.

Grande bateria

A plataforma MEA tem versões com tração às quatro rodas ou apenas de tração atrás, como este 350+ que utiliza um motor elétrico síncrono de ímanes permanentes montado atrás.

Debita 292 cv e tem 565 Nm de binário máximo, sendo alimentado por uma bateria NMC (Níquel, Manganês e Cobalto) de 90,6 kWh de capacidade útil. Carrega até 170 KW DC, situação em que demora 32 minutos para ir de 0 a 80%. Anuncia uma autonomia mista WLTP de 565 km.

A qualidade esperada

A primeira impressão que vem do habitáculo é de muito boa perceção de qualidade, com materiais de toque macio e texturas variadas que agradam à vista. Há muitos plásticos macios, pele sintética com pespontos contrastantes, aplicações com efeito metálico ou de madeira e detalhes de estilo cuidado, como as saídas de ar da climatização, uma especialidade da marca.

Qualidade típica dos melhores modelos da MB

A posição de condução é alta, o que facilita a visibilidade, tanto mais que a zona vidrada é muito ampla e a linha de cintura não demasiado alta. O banco é confortável, tem suporte lateral suficiente e regulações amplas. O volante também, além de uma pega anatómica. Mas os botões hápticos dos quatro braços do volante são pequenos e difíceis de usar.

Questões de ergonomia

Pelo contrário, a alavanca da transmissão colocada na coluna da direção, à direita, é bastante ergonómica. A haste do lado esquerdo, que acumula as funções dos indicadores de direção e limpa para-brisas, um hábito da marca muitas vezes criticado, tem aqui um funcionamento diferente e intuitivo.

Painel de instrumentos digital e configurável

O painel de instrumentos digital é configurável e razoavelmente fácil de ler. O ecrã tátil central está em posição vertical, inclinada e tem botões virtuais espaçados e grandes, facilitando a sua utilização. Há alguns botões físicos em rodapé, os da climatização estão na base do monitor, sempre visíveis e facilitando a utilização.

Muito espaço

Há muito espaço nos dois lugares da frente, apesar da consola entre os bancos ser larga, para acolher dois volumosos porta-objetos com tampa. O acesso aos lugares de trás é muito amplo e fácil, o banco é confortável para dois adultos e há muito comprimento para as pernas. O piso é liso e não está demasiado alto em relação ao assento, deixando apoiar bem as coxas.

Bancos confortáveis e com suporte lateral suficiente

A mala tem 520 litros de capacidade, mas os cabos da bateria estão guardados em bolsas. Não há compartimento extra sob o capôt da frente, que aliás nem se pode abrir, a não ser na oficina. Para atestar o depósito de água do limpa para-brisas, há uma “gaveta” atrás da roda dianteira esquerda.

Em cidade

Pressionado o botão do sistema elétrico de 400 Volt, o EQE 350+ SUV está pronto a andar. De entre os modos de condução Eco/Comfort/Sport/Individual, escolho o primeiro para a circulação em cidade. O mapeamento do acelerador é correto, sendo fácil de dosear e sem excessos de binário, tornando a condução muito suave, mas não menos despachada.

Muito espaço e bom acesso à segunda fila

O motor é muito silencioso e o ruído de rolamento está bem isolado. A intensidade da regeneração na desaceleração pode ser regulada em quatro níveis, sendo um deles automático.

Ainda há a função “one-pedal” disponível, para agradar a todos. Eu preferi usar as patilhas para ajustar a intensidade em função do perfil da estrada e do trânsito, tando mais que o nível mais baixo é zero, o que deixa o EQE SUV deslizar facilmente, ao mais pequeno declive.

A crítica dos travões

A direção está bem calibrada, tanto na rapidez como na assistência, proporcionando boa ligação às rodas da frente. O diâmetro de viragem de 12,3 metros não é muito curto, o que não facilita as manobras. Mas as câmaras dão uma ajuda preciosa.

Dinâmica dá prioridade ao conforto

A grande crítica vai para o pedal de travão. O tato é esponjoso e pouco progressivo. No iníco do curso do pedal, pouco acontece, levando a ter que fazer uma travagem forte quando se percebe que a distância para o carro da frente está a decrescer muito depressa…

Quanto ao conforto, a suspensão de braços triangulados, na frente e multibraço, atrás tem um amortecimento relativamente firme, para manter os 2430 kg sob controlo. Em pisos sem grandes irregularidades, é confortável mas quando chega o mau piso, os passageiros são devidamente “informados” do estado da estrada.

Consumos razoáveis

No meu habitual teste de consumos reais em cidade, com o A/C desligado, em modo Eco e usando as patilhas da regeneração, obtive um consumo de 17,1 kWh/100 km, o que equivale a uma autonomia real em cidade de 530 km.

Alguns botões físicos sob o ecrã tátil

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados, ainda em modo Eco, mas usando o nível zero de regeneração, o consumo subiu aos 24,3 kWh/100 km, com a autonomia real em autoestrada a ficar pelos 373 km. São valores esperados, para uma relação peso/potência de 8,32 kg/cv.

Em estrada

A condução em autoestrada, em modo Comfort (que não altera nada na suspensão) é muito estável e silenciosa, com a suspensão a trabalhar bem em prol do conforto.

Há algumas oscilações sobre ondulações do piso, resultado da elevada massa que está em jogo. Mas a força disponível é mais que suficiente para todas as situações de condução em via rápida. A marca anuncia velocidade máxima de 210 km/h.

Boa posição de condução, alta como se espera

Passando a estradas secundárias e ao modo Sport, o acelerador fica um pouco mais sensível, mas não muito. A direção fica um pouco mais pesada, mas também por pouca diferença. A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 6,7 segundos, o que se traduz numa sensação de força bastante boa.

A utilização das patilhas da regeneração pode dar a sensação de maior controlo quando chega a altura de travar forte, mas os travões estão à altura, notando-se menos a sua fraca progressividade numa utilização deste tipo.

Competente em curva

A aderência é muito boa e as rodas da frente resistem bem à subviragem, levando o EQE SUV para onde quero. A entrada em curva não é do tipo desportivo, mas é precisa e rápida o suficiente. Em apoio sustentado, nota-se uma certa inclinação lateral da carroçaria, que se torna em oscilações se o piso não for perfeito.

Comportamento em curva muito bem controlado

Não se perde nada em controlo, mas apenas em rigor. Acelerando forte e cedo à saída das curvas médias e lentas, a tração atrás até é capaz de fazer deslizar muito ligeiramente a traseira, até que o ESC entra em ação, com suavidade mas autoridade. Há aqui um certo prazer na condução rápida, desde que não se queira explorar os limites absolutos.

Conclusão

A Mercedes-Benz fez um bom trabalho com este EQE 350+ SUV ao manter grande parte dos atributos pelos quais é conhecida, como a qualidade, conforto e habitabilidade, acrescentando uma utilização elétrica adequada em termos de prestações e autonomia. De toda a experiência de utilização, para alguns talvez o estilo da carroçaria seja o maior “desafio”.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Mercedes-Benz EQE 350+ SUV

Potência: 292 cv

Preço: 87 050 euros

Veredicto: 3,5 estrelas

Ler também, seguindo o link:

Teste – Mercedes-Benz EQS SUV: O Império contra-ataca