A segunda geração do Evoque chega a Portugal a 1 de Março, primeiro com as versões 4WD e, em Setembro, com o Diesel de 150 cv, caixa manual e tração à frente. Este terá a vantagem da Classe 1, mas como é o único sem sistema híbrido não vai ser o mais barato da gama. Confuso?… Explicação já a seguir.
A verdade é que a JLR ainda não tem uma lista definitiva dos preços do novo Evoque para Portugal. A homologação segundo a nova lei, que taxa as emissões pela norma WLTP, ainda não está confirmada, por isso a tabela do novo Evoque ainda é provisória. No entanto, já se pode encomendar e ficar à espera do preço final. Para já, a versão mais barata da gama é o 2.0 P4 AWD Auto de 200 cv a gasolina, que custa 54 081 euros, mas paga classe 2, pois tem tração às quatro rodas.
A versão que sucede à mais procurada em Portugal, o D4 FWD com caixa manual de seis e 150 cv, paga classe 1 nas portagens, mas é a única sem sistema híbrido, por isso paga o ISV na totalidade, ao invés das restantes, que só pagam 60%. Em resumo, a JLR estima que venha a custar 55 090 euros (por curiosidade, em Espanha custa 40 000 euros) ou seja, cerca de mais 3000 euros que o anterior eD4 FWD com a mesma potência.

Não é um restyling do Evoque!

O estilo pode fazer parecer o novo Evoque como um mero restyling do anterior, mas isso não é verdade. Depois de vender 800 000 unidades da primeira geração, em sete anos, a marca não podia arriscar um desenho de rotura com o passado. As linhas estéticas são de continuidade com o modelo anterior, com faróis e farolins mais esguios, linha de cintura muito inclinada e tejadilho “flutuante”. A novidade são os puxadores de porta iguais aos do Velar, embutidos e que só saem para fora quando necessário.

O Evoque manteve os 4,37 metros de comprimento mas ganhou 20 mm entre-eixos, o que melhorou o espaço para pernas nos lugares traseiros.

A nova plataforma PTA (Premium Transverse Architecture) é a inovação mais importante do novo Evoque. O anterior modelo era feito sobre uma plataforma que ainda vinha dos tempos em que a marca era irmã da Volvo no defunto Premier Automotive Group da Ford, por isso estava a precisar de reforma. A nova PTA continua a ser feita em aço, com poucas peças em alumínio. O Evoque manteve os 4,37 metros de comprimento mas ganhou 20 mm entre-eixos, o que melhorou o espaço para pernas nos lugares traseiros. As portas traseiras também são mais compridas, facilitando o acesso, e todos os Evoque as vão ter, porque a versão de três portas deixará de ser produzida, devido à baixa procura.

Até vai ter um “Plug-in”

A plataforma tem sensivelmente o mesmo peso mas ganhou 13% em rigidez e os apoios do motor estão mais baixos e alinhados com a transmissão, para diminuir as vibrações. A suspensão é MacPherson com casquilhos hidráulicos, à frente e multibraço, atrás. Estão disponíveis, em algumas versões, amortecedores adaptativos e as rodas são de 21 polegadas.

O “Plug-In” terá um 1.5 turbo de três cilindros e 200 cv, para as rodas da frente e um motor elétrico de 108 cv, com bateria de 11,3 kWh, para as de trás.

A suspensão traseira é bem mais compacta ganhando altura suficiente para aumentar a capacidade do porta-bagagens em 10%, chegando aos 591 litros. O banco traseiro é rebatível em 40/20/40. O depósito de gasolina também é maior e a plataforma está preparada para uma versão “Plug-In” que terá um motor 1.5 turbo de três cilindros e 200 cv, da mesma família Ingenium, para mover as rodas da frente. Depois há um motor elétrico de 108 cv, alimentado por uma bateria de iões de litio de 11,3 kWh, para mover as rodas de trás. Esta versão PHEV só chegará em Março de 2020, por isso nem todos os dados foram já anunciados, por exemplo da autonomia em modo elétrico nada se sabe.

Primeiros chegam em Março

Já no próximo mês chegam as primeiras unidades ao mercado nacional, todas com 4×4 e caixa automática, com escolha entre três níveis de potência do motor Ingenium 2.0 turbo a gasolina (200, 250 e 300 cv) e outras três do 2.0 Diesel (150, 180 e 240 cv), todas com uma recalibrada caixa automática de nove velocidades e todas com um sistema “Mild-Hybrid” que inclui um alternador/motor de arranque maior e uma pequena bateria de iões de Lítio, que permite fazer stop/start logo aos 17 km/h e dar uma ajuda ao motor térmico nos baixos regimes, além de fazer regeneração durante a travagem e desaceleração. É o primeiro modelo da JLR a usar este sistema MHEV, que lhe permite acesso ao centro de cidades em alguns países, bem como pagar apenas 60% do ISV, em Portugal.

Diesel e classe 1 só em Setembro

Em Setembro, chega então o D4 2.0 Diesel de 150 cv com tração só à frente, caixa manual de seis e sem sistema “Mild-Hybrid”. Será a versão mais económica, com consumo médio anunciado de 5,4 l/100 km e emissões de CO2 de 143 g/km, a única a pagar classe 1 nas portagens mas como não tem sistema híbrido, paga mais ISV que as outras.

Competência no TT

Apesar de ser feito para o asfalto, o novo Evoque 4×4 continua a ter boas capacidades fora de estrada, como a passagem a vau de 600 mm (mais 100 mm), altura ao solo de 212 mm e articulação de rodas de 294 mm. Os ângulos de ataque e de saída são de 25º e 34,6º. Além disso, tem o sistema de tração Terrain Response 2 com quatro posições à escolha do condutor (conforto/areia e relva/gravilha/neve, lama, trilhos) e ainda um modo automático que adapta o carro às condições do terreno.

Nas versões mais potentes existe um diferencial traseiro ativo, capaz de fazer uma verdadeira vectorização de binário.

A transmissão usa um sistema ativo que envia toda a potência apenas para as rodas da frente, em velocidade de cruzeiro, diminuindo assim os atritos. As rodas traseiras apenas recebem binário quando é realmente necessário. Nas versões mais potentes existe um diferencial traseiro ativo, capaz de fazer uma verdadeira vectorização de binário.

Tem visão “raio-X”

Tal como o super-homem, também o Evoque tem “visão raio-X”, pelo novo retrovisor interior “ClearSight rear view mirror” que ao toque num botão deixa de ser um espelho e passa a ser um monitor HD, projetando uma visão de 50º para a traseira, numa imagem captada por uma câmara montada na antena-barbatana do tejadilho.

Mas o que realmente impressiona é o sistema “ClearSight Ground View” que usa três câmaras, duas nos retrovisores e uma na frente, apontadas para o chão à frente do carro, para sintetizar uma imagem do piso situado num quadrado de 15 metros de largura e 8,53 metros de comprimento na frente do carro. Um computador regista esta informação e depois sintetiza uma imagem quando o Evoque passa pela zona gravada, que passou a ser a zona que está sob toda a frente. Depois, projeta essa imagem no monitor tátil da consola e referencia a posição das rodas da frente, para o condutor ter a noção da sua posição. Tudo isso funciona até aos 30 km/h e permite posicionar as rodas da frente ao milímetro, seja nos trilhos mais difíceis, seja nos estacionamentos perto de passeios, para não riscar as jantes.
Não é o capót transparente que a Range Rover mostrou como protótipo em 2014 e que projetava a imagem na base do para-brisas, através de um sistema de Head-Up Display a toda a largura do vidro. Mas é uma solução que mais facilmente se pode colocar já em produção.

Maior qualidade

O interior do Evoque foi buscar inspiração ao Velar, com dois ecrãs táteis na consola, a de cima comanda o sistema de infotainment que recebe atualizações através da ligação wireless à Internet. Inclina-se automaticamente para melhor leitura. O tablier tem linhas horizontais clássicas e os materiais são de alta qualidade, além disso os porta-objetos foram aumentados em número e em capacidade. O ambiente é tipicamente Range Rover e nem falta a posição de condução que parece sempre mais alta que nos outros SUV, com bancos que podem agora ser revestidos com material reciclado de garrafas de plástico, fornecido pela Kvadrat, para quem tem problemas de consciência em relação a bancos forrados a pele de animal. Há ainda um sistema de Inteligência Artificial que identifica as preferência do condutor e regula o carro, sem necessidade de intervenção humana.

Conclusão

Com a versão mais barata a ser equipada com motor a gasolina de 200 cv, com caixa automática e tração às quatro rodas, será interessante ver como reage o mercado nacional ao ambiente anti-Diesel criado pelo ministro da transferência energética. Sabendo que essa versão paga classe 2 nas portagens das autoestradas nacionais. Por outro lado, falta ver como se comportará o novo Evoque na estrada, e como se poderá comparar com rivais como o novo Audi Q3, Volvo XC40 ou BMW X2. Porque em termos de apelo estético, continua na liderança do segmento.

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