Mazda 2 1.5 Hybrid 2024

Sistema híbrido tem consumos muito baixos

Nova grelha de cinco vértices dá um ar mais Mazda

Jantes de 17" não são o melhor para o conforto

Mazda Hybrid 2 é gémeo do Toyota Yaris Hybrid

Muito boa resistência à subviragem em curva

Boa mistura de materiais no interior

Novo painel de instrumentos digital

Novo sistema de infotainment mais fácil de usar

Caixa de variação contínua com trem epicicloidal

Botões de modos de condução e ESC

Muito boa posição de condução

Ambiente interior mudou com os novos monitores digitais

Nova frente ajuda o 2 Hybrid a inserir-se na gama Mazda

Traseira deixa de ter barra preta a unir as luzes de trás

O Mazda 2 1.5 Hybrid recebeu um ligeiro restyling, acompanhando as evoluções introduzidas no seu irmão gémeo, o Toyota Yaris Hybrid. Alterações no interior e um desenho da frente que se afasta mais do Yaris. Tudo explicado em mais um Primeiro Teste no TARGA 67, assinado por Francisco Mota.

 

Não é segredo para ninguém, nem a Mazda o tenta esconder: o Mazda 2 1.5 Hybrid mais não é do que um Toyota Yaris 1.5 Hybrid com os símbolos trocados e ligeiros retoques nos para-choques. Não são parecidos, é o mesmo carro.

Os admiradores da história da Mazda e das suas famosas idiossincrasias talvez torçam o nariz a este Mazda/Toyota, mas a verdade é que a marca de Horoshima precisava de um modelo que fizesse baixar a média de CO2 da sua gama europeia. Isto já vem de 2022.

Nova frente ajuda o 2 Hybrid a inserir-se na gama Mazda

Foi esta a razão para a Toyota, que detém 5% das ações da Mazda, dar uma ajuda aos seus conterrâneos no hiper-regulamentado mercado europeu. Uma razão que se mantém agora que o Yaris Hybrid foi evoluído. Sendo feitos na mesma fábrica em França, não seria rentável manter a versão anterior só para a Mazda.

Há 2 Mazda 2

É também a razão para que, na gama Mazda, existam dois modelos com o nome 2. Este gémeo do Yaris Hybrid e o 2 a gasolina, que também recebeu atualizações há pouco tempo e que já foi testado aqui no TARGA 67, basta seguir o link no fim do texto para ficar a saber tudo sobre o 2 original.

Traseira deixa de ter barra preta a unir as luzes de trás

No mercado aberto, este 2 Hybrid não vai ser a alternativa mais barata ao Yaris Hybrid. Até porque, como o negócio está montado, a Mazda não tem interveção na produção, limitando-se a comprar os 2 Hybrid à saída da fárica da Toyota para depois os comercializar. O preço da versão menos equipada em Portugal é de 26 126 euros, ainda assim uma descida de 500 euros face ao modelo anterior. O Yaris 1.5 Hybrid mais barato custa 27 750 euros, mas o equipamento de série não é totalmente igual.

Quem o compra

Os alvos deste 2 Hybrid são sobretudo clientes da Mazda, que não o querem deixar de ser e encontram neste modelo a resposta à procura, cada vez maior, por modelos híbridos. Só em Portugal, o 2 Hybrid representa 22,5% das vendas e a marca espera duplicar as vendas este ano.

Sendo um produto de uma marca japonesa, mantém o mesmo tipo de atributos que o comprador de modelos nipónicos valoriza. A garantia é de 6 anos ou 150 000 km.

Jantes de 17″ não são o melhor para o conforto

Para quem não conhece o Yaris Hybrid ou, pelo menos, não conhece a última evolução, lançada há poucas semanas, aqui ficam então as minhas impressões de condução, registadas num percurso de teste perto de Barcelona, incluindo uma parte de cidade, outra de autoestrada e no fim uma estrada de montanha particularmente desafiante.

Estilo mais Mazda

No estilo, fica óbvio que houve uma preocupação em distinguir o 2 Hybrid um pouco mais do Yaris Hybrid, com a grelha de 5 vértices da Mazda e os para-choques diferentes dos anteriores e dos atuais do Toyota. Até o símbolo da Mazda parece melhor integrado. Quanto ao resto, as diferenças ficam-se pelos logótipos.

O desenho continua perfeitamente atual, estando a resistir muito bem ao passar do tempo, o que nem sempre acontece com alguns modelos de marcas japonesas. A ampliação da gama de cores disponíveis e do desenho e cores de jantes, ajuda.

Novidades por dentro

Por dentro, a primeira impressão vem da boa mistura de materiais, entre os macios ao toque e os mais duros, mas de aspeto mais que aceitável para o segmento. O painel de instrumentos digital é o mais recente usado pela Toyota. Tem demasiada informação e nem toda de acesso fácil.

Boa mistura de materiais no interior

O ecrã tátil central também é novo e relativamente simples de usar, incluindo Apple Carplay e Android Auto. Continua a existir um módulo separado no meio da consola para a climatização, o que é sempre de elogiar. Mais abaixo há uma placa para carregamento indutivo do smartphone e botões físicos para os modos de condução e modo EV.

Ao volante

A posição de condução é muito boa, com o volante a ter a inclinação certa e ajustes suficientes. O banco é confortável e tem apoio lateral razoável, também com bom ajuste em altura. A visibilidade para trás não é excelente.

O espaço na frente é aceitável para o segmento, mas nos lugares de trás está longe dos melhores utilitários. A mala tem 286 litros de capacidade.

O sistema híbrido

O sistema “full hyrid” mantém a mesma arquitetura, com um motor atmosférico a gasolina com três cilindros e 91 cv. Depois há um motor/gerador elétrico de 80 cv que ajuda o motor a gasolina a chegar aos 116 cv combinados, fazendo parte da regeneração.

Ambiente interior mudou com os novos monitores digitais

Um terceiro motor/gerador elétrico, menos potente, faz o start/stop e também ajuda na regeneração e mesmo na tração. Tudo conjugado por uma transmissão de variação contínua que utiliza um trem epicicloidal. Aqui, nada de novo.

Em marcha

Motor em marcha e, na verdade, apenas o motor elétrico é usado para fazer arrancar o 2 Hybrid, desde que a bateria tenha a carga necessária. Em cidade, a bateria é carregada com frequência pela regeneração, o que permite ao sistema circular em modo 100% elétrico durante muitos curtos períodos. Tudo somado, metade do tempo de condução em meio urbano faz-se sem usar o motor a gasolina.

Comportamento preciso e ágil

Isto permite obter valores de consumos muito baixos. Neste Primeiro Teste, fiz uma pequena amostragem em cidade e obtive 3,9 l/100 km, usando o modo Eco e a função “B”, que aumenta a retenção na desaceleração. Um valor a confirmar num teste mais completo.

Muito civilizado

Em condução urbana, o motor a gasolina nunca precisa de subir muito o regime mantendo a condução muito suave e bem insonorizada. A direção está bem assistida e o pedal de travão não levanta problemas em termos de doseamento.

Novo painel de instrumentos digital

O conforto é de bom nível, só nas bandas sonoras mais severas a suspensão traseira de barra de torção gera um pouco mais de safanões, em parte devidos aos pneus de baixo perfil da unidade testada, com medida 205/45 R17, sobre dimensionados para a potência disponível na versão Homura Plus, que testei.

Eficiente em curva

Em autoestrada, claro que o regime do motor sobe e mantém-se estacionário durante acelerações fortes, deixando a transmissão contínua fazer o seu trabalho. É a maneira mais eficiente de usar o motor, mas não a mais agradável ao ouvido.

Em estradas de montanha, com muitas curvas lentas e médias, o 2 Hybrid mostrou que os pneus desportivos não servem só para o estilo. A tração é perfeita e a resistência à subviragem, no ataque mais decidido às curvas lentas, é muito boa.

Muito boa resistência à subviragem em curva

A direção é rápida e direta o suficiente e o modo Power aumenta a resposta do acelerador e não deixa o motor descer a regimes baixos rapidamente. A suspensão permite uma condução rápida e precisa, proporcionando até alguma agilidade da traseira, se for provocada pelo condutor.

Mas a potência máxima não é de forma a tornar este 2 Hybrid num desportivo. A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 9,7 segundos, apesar de o peso de ficar pelos 1180 Kg.

Conclusão

O 2 1.5 Hybrid continua a ter na circulação urbana o seu habitat natural, onde a sua condução é muito suave e económica. Para quem não se importe demasiado com o estilo, talvez seja aconselhável escolher uma versão com pneus 195/55 R16 e ganhar alguma coisa em conforto. De resto, a comparação direta com o Yaris 1.5 Hybrid não traz diferenças quase nenhumas.

Francisco Mota

Ler também, seguindo o link:

Teste – Mazda 2 1.5 E-Skyactiv G: O ilustre desconhecido