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A Alfa Romeo está de volta ao segmento B com um incontornável SUV, que promete preços abaixo dos 30 mil euros. Saiba todos os detalhes do Milano, o primeiro modelo acessível da marca italiana desde há seis anos.

 

Estava prometido há alguns anos, o regresso da Alfa Romeo ao segmento B. Mas só agora ficaram reunidas todas as condições para a marca lançar um sucessor do Mito.

O Mito foi produzido entre 2008 e 2018 em Turim e, ainda hoje, é um utilitário premium que me faz olhar para ele, quando vejo um a passar na rua, mesmo sabendo que era baseado na mesma plataforma que serviu para o último Fiat Punto e para o Opel Corsa D.

Claro que este regresso só podia ser feito de uma maneira, através de um B-SUV, o segmento que mais cresce na Europa. Um tipo de carro que hoje se perfila ao lado do Stelvio e do Tonale.

Há muito que os adeptos da Alfa Romeo deixaram de se ofender com a existência de SUV na sua marca preferida. Mas agora têm outra barreira psicológica para ultrapassar: o Alfa Romeo Milano é o primeiro modelo elétrico da marca fundada em 1910, precisamente em Milão.

O caminho da eletrificação

A eletrificação da marca está em curso, Imparato, o CEO, já anunciou que a partir de 2027, os alfistas apenas vão poder comprar modelos 100% elétricos. Mas isso não é para já.

O Milano estará disponível a partir do final do ano em versões primeiro elétricas e depois híbridas. As encomendas em Portugal começam já a 13 de Maio, uma data abençoada…

A versão elétrica chama-se “Elettrica” tem uma nova bateria de 54 kWh e está disponível com motor de 156 cv ou de 240 cv, na versão Veloce, com autonomia de 410 km em ciclo misto WLTP, para a versão menos potente. A bateria carrega até 100 kW DC, precisando de 30 minutos para ir dos 10 aos 80% de carga.

O “mild hybrid” evoluído

A versão híbrida chama-se “Ibrida” usa um motor 1.2 de três cilindros, com turbo de geometria variável e sistema “mild hybrid” evoluído de 48V com motor elétrico de 21 kW (29 cv) integrado numa nova caixa de dupla embraiagem e seis relações. Resulta numa potência combinada de 136 cv. A marca diz que o “Ibrida” consegue circular em cidade mais de 50% do tempo em modo elétrico e consegue atingir os 150 km/h, sem ligar o motor a gasolina.

Novidade nesta plataforma é o lançamento de uma versão Q4 com tração às quatro rodas, que acrescenta à versão híbrida de tração à frente um segundo motor elétrico para as rodas traseiras.

Plataforma CMP

O Milano tem 4,17 metros de comprimento, 1,78 metros de largura e 1,50 metros da altura, medidas que o posicionam no topo do segmento e se algumas das características que referi lhe parecem familiares, é porque são.

O Milano é feito sobre a plataforma CMP (Common Modular Platform) da Stellantis, a mesma que deu origem ao Peugeot 2008, DS 3, Opel Mokka e Jeep Avenger, entre outros. O desafio, como aconteceu com todos estes modelos, é conseguir com o Milano um resultado final diferenciado.

Estilo apaixonante

No estilo, isso parece uma batalha ganha. Alejandro Mesonero-Romanos, o chefe do Centro Stile Alfa Romeo, que antes de vir para a marca italiana desenhou todos os Seat que estão neste momento no mercado, sabia que a sua missão não era fácil.

Manter uma ligação com o passado, mas fazer evoluir o aspeto da marca, não é fácil: “Sei para onde quero levar a Alfa Romeo, o Milano é o primeiro passo”, disse-me o designer espanhol, confirmando que o Milano é também o primeiro de uma nova geração de modelos da Alfa Romeo: “espera mais um ano e quando vires o novo Stelvio, vais perceber melhor o que estou a dizer.”

Passado e presente

Reinterpretar códigos do rico passado da marca, integrando-os num visual moderno é a filosofia deste B-SUV. Por isso lá estão os faróis com três elementos cada, full-LED matrix, neste caso e a grelha em triângulo invertido, que passa a ter uma ampliação do símbolo da Alfa Romeo. Remetendo o colorido emblema para o capót.

Também as jantes abertas com um conjunto de motivos circulares se mantêm, mas agora reduzidos apenas a quatro e transformando-se no trevo de quatro folhas, o famoso Quadrifoglio, que deixa os discos e as maxilas dos travões bem visíveis.

“Coda Tronca”

Talvez a maior evocação do passado seja a traseira cortada na vertical, a “coda tronca” que nasceu nos anos sessenta para melhorar a aerodinâmica dos modelos mais desportivos da Alfa Romeo, como o Giulia TZ. Os “ombros” sobre as rodas traseiras dão ao Milano um aspeto musculado.

Como seria de esperar, o vidro traseiro é bastante inclinado, para dar o ar desportivo que se espera de um Alfa Romeo, mas sem que isso prejudique o acesso ou a altura disponíveis na segunda fila de bancos. E tem um formato de trapézio invertido, para melhorar a visibilidade para trás.

Por dentro é um Alfa

Consegui sentar-me dentro do Milano, no meio de uma multidão de jornalistas e convidados que foram reunidos no Automóvel Clube de Milão para esta apresentação estática mundial. E confirmo que o espaço me pareceu semelhante ao dos outros modelos que partilham esta plataforma. A mala anuncia 400 litros de capacidade e há um “frunk” para os cabos da bateria, sob o capót.

Nos lugares da frente, uma posição de condução relativamente baixa, com o painel de instrumentos a evocar o tradicional formato “telescópico”. O ecrã tátil de 10,25” não está empoleirado no topo da consola, está integrado mais abaixo e ainda sobra espaço para um friso de botões físicos para a climatização. As saídas de ar também evocam o trevo de quatro folhas. Nas versões mais desportivas, os bancos são realmente envolventes, fornecidos pela Sabelt e com parte das costas abertas.

Nada de retro-design

Por fora e por dentro, o Milano não deixa dúvidas acerca da marca que ostenta, não sendo um “retro-design”. Nem acerca do seu país de origem, apesar de ser fabricado na Polónia, nas instalações da Stellantis em Tychy, onde é feito também o “primo” Jeep Avenger.

Mas a Alfa Romeo foi mais longe com esta plataforma do que as outras marcas que a usam, ou não tivesse o Milano sido desenvolvido pela equipa que fez o Giulia GTA no centro de testes de Balocco.

Topo de gama é elétrico

A versão mais desportiva Elettrica Veloce tem a direção mais direta do segmento, a suspensão é 25 mm mais baixa que nas outras versões, tem barras estabilizadoras mais grossas nos dois eixos, travões de 380 mm com maxilas de quatro êmbolos, na frente e um diferencial Torsen no eixo motriz dianteiro para passar ao chão os 240 cv. As jantes são de 20”.

O habitual comando dos modos de condução DNA também está presente no Milano, com os modos: Natural, Advanced Efficiency e Dynamic. Exclusivo da versão híbrida Q4 é o modo com o mesmo nome: Q4, para pisos de baixa aderência.

Conetividade e gama

O modelo recebe o pacote atualizado de ajudas eletrónicas à condução e de conetividade, entre eles o EV routing para as versões elétricas, que determina os locais e os tempos necessários para carregar a bateria durante uma deslocação mais longa.

Em termos de versões de equipamento, a gama começa com a versão de lançamento Speciale, muito recheada e disponível nas motorizações híbrida e elétrica menos potente. Para as versões correntes haverá depois três pacotes de equipamento: Techno, Premium e Sport.

Conclusão

Ainda não foram divulgados preços finais do Milano, mas a versão híbrida mais acessível deverá ficar abaixo dos 30 000 euros e a elétrica deverá começar na casa dos 38 000 euros. Estamos a falar de um modelo premium, é bom não esquecer. O Milano é um modelo muito importante para o futuro da Alfa Romeo. Sei que já escrevi isto várias vezes nas últimas três décadas, mas acredito mesmo que… desta vez é que é!

Francisco Mota

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