A Alfa Romeo anunciou que o seu primeiro B-SUV, a lançar durante 2024, se vai chamar Milano. Um nome que a marca já tinha tentado usar antes, mas que foi rejeitado. O Francisco Mota relembra no blog TARGA 67 qual o modelo que esteve para se chamar Milano e por que isso não aconteceu. Estávamos em 2009…

 

27 de Novembro de 2009, sexta-feira. As redações das principais revistas italianas da especialdade recebem pela manhã aquilo que estavam à espera há algum tempo: um alerta do departamento de comunicação da Alfa Romeo a dizer que as fotos e o nome do sucessor do Alfa Romeo 147 lhes seriam enviados na segunda-feira seguinte, 30 de Novembro.

Feito com base numa nova plataforma, com carroçaria de cinco portas e dois volumes, o novo Alfa Romeo posicionava-se no mesmo segmento do VW Golf e tinha grandes aspirações, num momento em que este tipo de carro dominava as vendas na Europa.

Um novo estilo

Mesmo sem fotos oficiais, já se sabia que o novo modelo rompia com a estética do 147, que mais não era do que uma adaptação do 156, com um resultado final um pouco menos elegante. Mas o substituto recuperava todo o apelo clássico de um Alfa.

Mais tarde, confirmou-se que o estilo ia buscar inspiração a modelos clássicos da marca e também ao super desportivo 8C, sobretudo no desenho dos faróis e na superfície esculpida do capót. Um estilo que agradava à primeira vista.

Milano era o nome

Quem estava por dentro do assunto,já sabia que o nome escolhido para o novo modelo seria MilanoMas a reação dos últimos trabalhadores que ainda restavam nas instalações da fábrica de Milão não foi das melhores, considerando o nome insultuoso, dada a sua situação laboral.

Dez anos antes, nas instalações históricas da Alfa Romeo em Milão, que laboravam desde a sua fundação, em 1910, chegaram a trabalhar mais de 20 000 pessoas. Mas, com a venda da marca ao grupo Fiat em 1986, as coisas mudaram.

De Milão para Turim

Gradualmente, a Fiat foi transferindo a operação de Milão para Turim, em nome da eficiência das linhas de produção e das poupanças com as sinergias. Ao ponto de, em 2009, já só restarem 232 engenheiros e designers a trabalhar em Milão para a Alfa Romeo. A produção tinha parado em 2000.

O Grupo Fiat preparava-se para transferir os últimos funcionários para Turim, distante cerca de 150 km, o que não era do agrado de todos. Eram poucos, mas fizeram ouvir a sua voz, mesmo no tempo antes das redes sociais.

Estado de sítio

Nessa sexta-feira, 27 de Novembro de 2009, os trabalhadores foram para os orgãos de informação manifestar a sua indignação pelo uso do nome Milano para o novo automóvel.

Diziam que, para uma marca que tinha deixado de produzir modelos em Milão há nove anos e numa altura em que se preparava para deslocalizar os últimos trabalhadores para Turim, era inadmissível que um novo modelo da Alfa Romeo se viesse a chamar Milano.

Estado de sítio no departamento de comunicação da Alfa Romeo, reuniões para decidir o que fazer. Os responsáveis do Marketing a estimar o dano que esta posição dos trabalhadores podia fazer ao novo modelo e a pressão das horas a passar, antes do fim-de-semana.

Novo alerta para as redações

Exatamente às 18h21, as redações recebem um alerta dizendo que “por questões de organização” a divulgação das fotografias finais do novo modelo estava adiada para data a confirmar.

Só que, algumas revistas mensais, já tinham recebido as primeiras fotos do novo modelo. Para as poderem publicar nas suas edições, com prazos de fecho de edição mais cedo que outras, tinham-lhes sido entregues as fotos originais, sob embargo. Só as podiam publicar a partir de 30 de Novembro.

E nessas fotos era bem visível o nome Milano, na tampa da mala do novo modelo. Um acordo de cavalheiros foi feito à pressa, e os editores conseguiram retirar as imagens das edições que estavam prestes a ir para impressão.

Mudou para Giulietta

Quando as novas fotos foram divulgadas, todos ficaram a saber que, afinal, o nome do novo familiar compacto da Alfa Romeo era Giulietta e não Milano. Recuperava um nome já usado em duas gerações diferentes de modelos da marca e apaziguava os trabalhadores.

Era um nome nostálgico e consensual que tocava na veia emocional de todos quantos apreciavam a marca, como seria o caso dos próprios trabalhadores.

Nova troca, 14 anos depois

E 14 anos depois desta história, a Alfa Romeo troca novamente as voltas aos editores. Depois de no início deste mês de Dezembro de 2023 ter lançado um vídeo nas redes sociais em que mostrava as coordenadas GPS da passagem dos Alpes chamada Brennero.

No mesmo vídeo, são indicadas as coordenadas de outras duas passagens dos Alpes, Stelvio e Tonale, usadas para os dois primeiros SUV da marca italiana. Tudo apontava assim para Brennero como o nome do terceiro SUV.

Conclusão

Mas, naquilo que parece novamente uma mudança de planos de última hora, a Alfa Romeo acabou por revelar esta semana que o nome final do seu primeiro B-SUV vai ser Milano, recuperando assim o nome que tinha sido rejeitado para o Giulietta. Partilha a plataforma com o Jeep Avenger e Fiat 600e, sendo lançado em Abril de 2024, inicialmente apenas em versão elétrica e depois híbrido. As primeiras entregas estão previstas para Setembro.

Francisco Mota

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