12/2/2021. Com o confinamento, já nem se fala de salões do automóvel para 2021. Mas o fantasma do salão anda por aí e deixa entrever a sua sombra, agora no mundo Digital…

 

Com a pandemia a fazer um ano e o confinamento a seguir de perto, não seria de esperar notícias em relação ao regresso dos salões automóveis. Pelo menos para breve, uma vez que as condições de sanidade necessárias ainda não parece estarem para breve.

Mas o fantasma do salão automóvel anda por aí, movendo-se agora pelas sombras dos palcos digitais. Os salões automóveis, ao vivo e a cores, podem ainda estar longe de poder regressar, mas a atividade das marcas não parou e é com isso que sonha o fantasma.

Com calendarizações de lançamentos feitas há vários anos e, muitas vezes, a contar exatamente com os maiores salões internacionais do automóvel para se realizarem, não é de estranhar que, à medida que se aproximam as datas tradicionais dos eventos, comecem a notar-se movimentações das marcas.

Sem salões para mostrar as novidades, que estavam há vários anos previstas para o salão de Genebra, que se costuma realizar no início de Março, as marcas tiveram que procurar outros meios para divulgar os seus novos produtos.

Quais as opções ao salão?

Não é possível adiar o lançamento de um novo carro durante um ano, à espera que o público o possa ir ver, como fizeram os produtores do novo filme de James Bond – uma oportunidade perdida pela Land Rover, que tinha tudo montado para tirar o máximo do lançamento conjunto do novo Defender e do novo filme do 007, onde o modelo é um dos protagonistas.

Realizar um salão à porta fechada também não parece ser uma ideia viável, mesmo com os sofisticados meios de audio-visual que hoje existem. Não é a mesma coisa realizar uma corrida de Fórmula 1 sem público, mas com a mesma transmissão televisiva, do que um salão automóvel.

A realização de um salão automóvel virtual foi algo que até nem funcionou mal de todo no rescaldo do cancelamento do salão de Genebra de 2020. Mas que nenhum organizador levou mais além. Falta de iniciativa? Falta de recetividade por parte das marcas? Ou simples falta de relevância para um formato desse tipo?…

O Marketing a “inventar”

A pressão sobre os gabinetes de marketing não é menor por ter deixado de haver salões, pelo contrário. Qualquer administração que se preze, tem sempre a expetativa de que vai ser a sua marca a sair-se melhor num cenário de pandemia em que as vendas caiem a 30% ou mais.

Os neurónios de alguns criativos andam num rebuliço, à procura de soluções para apresentar os seus novos modelos em plataformas digitais, mais ou menos eficientes.

À medida que se aproxima o início de Março, são cada vez mais as marcas que estão a divulgar “teasers” sobre modelos que têm programados para ser lançados nas datas fantasma do salão de Genebra.

Sucedem-se os eventos digitais com as primeiras apresentações de novidades, por enquanto as mais previsíveis, mas dentro de pouco tempo as mais relevantes e importantes. Mas a guerra para captar a atenção dos jornalistas, em primeira instância, e depois o público, não é fácil.

Custos e retorno

Os custos da operação digital são muito mais baixos que os de uma presença num salão, mas as marcas estão em crise, devido à quebra nas vendas e à transição energética forçada, que já vinha de trás.

Além disso, o “mundo digital” é muito menos estruturado que um salão automóvel, onde já ninguém tinha dúvidas de como atuar para obter o melhor retorno possível. Aqui, são todos contra todos e ninguém sabe quem se vai sair melhor.

Conclusão

Muito se tem falado sobre a transição energética forçada na Europa, mas a transição forçada para o Digital não é um problema menor e caiu em cima dos construtores quando menos o esperavam. Alguns estavam mais avançados no tema que outros, mas nenhum sabe extamente onde pára o fantasma do salão automóvel.

Francisco Mota

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