19/1/2024. Não é um exclusivo do nosso país, mas o crescimento de 47% da Dacia em Portugal é um verdadeiro fenómeno. Como se explica o interesse dos compradores nacionais por uma marca que, há pouco mais de vinte anos, muitos desconheciam? Tema da Crónica à 6ª feira do TARGA 67, assinada por Francisco Mota.

 

Nos últimos três anos, a Dacia subiu dez posições no ranking das marcas mais vendidas em Portugal, entre os ligeiros de passageiros, ocupando hoje o quarto lugar absoluto, só superada pela Peugeot, Renault e Mercedes-Benz. E esta última por apenas sete unidades, segundo os dados da ACAP para o ano completo de 2023.

Com 15 058 unidades matriculadas (mais 47% que em 2022), a Dacia fez em 2023 o seu melhor ano de sempre em Portugal, assegurando ainda o primeiro lugar nas vendas a clientes particulares, que representam 50% das suas vendas. Um em cada cinco compradores particulares em Portugal, escolhe um Dacia.

E o sucesso da marca não se deve apenas a um modelo, como acontece com muitas marcas. A generalidade da gama mostrou forte performance em cada um dos seus segmentos, atentando aos dados divulgados pela Dacia.

Todos contribuíram

O Duster, no seu último ano completo de vendas, continuou a ser o C-SUV mais vendido, o mais vendido no segmento C e o segundo modelo mais vendido a particulares, logo a seguir ao Sandero, que liderou essa lista, sendo o segundo modelo mais vendido do mercado nacional. O Spring foi o quarto elétrico mais vendido no nosso país e o primeiro a particulares.

A nível global, os números da Dacia em 2023 são igualmente impressionantes, com uma subida nas vendas de 14,6% face a 2022. Claro que ainda não está ao nível pré-pandemia, como acontece com a generalidade das marcas, mas entrou, pela primeira vez, no Top 10 das marcas mais vendidas na Europa, tendo ficado a menos de mil unidades do nono lugar.

Em termos de vendas a particulares, a Dacia está no segundo lugar na Europa, a seguir à Volkswagen, mas ocupa o primeiro posto em seis mercados nacionais europeus, entre eles o nosso.

Nº1 na Europa

Também na Europa os vários modelos estão a ter um desempenho assinalável. O Sandero é o Nº1 nas vendas a particulares desde 2017, o Duster é o segundo e lidera entre os SUV. O Jogger é o primeiro não-SUV do segmento C, nas vendas a particulares e o Spring é terceiro entre os elétricos vendidos a particulares.

Voltando a Portugal, o plano para 2024 é continuar a crescer nas vendas, sobretudo a empresas que a marca espera passem a representar 25% das suas vendas. Para isso acontecer vai contar com várias novidades.

Trunfos para 2024

A mais importante é o novo Duster, que entra na terceira geração, após 2,2 milhões de unidades vendidas, passando para a plataforma CMF-B, a mesma dos outros modelos. Vai estar disponível em versões MHEV, GPL Bi-fuel e “Full Hybrid” mantendo-se a opção 4×4 e desaparecendo o Diesel. As entregas vão começar em Maio e os preços serão anunciados a 19 de Fevereiro.

Novidade inesperada é a entrada do Logan, uma versão de três volumes do Sandero com mala de 500 litros. Também o Spring vai conhecer uma segunda geração a meio do ano e será mostrado o Bigster em Outubro, o maior SUV da marca, com sete lugares.

Em Portugal, o parque rolante de modelos Dacia duplicou nos últimos dois anos e a rede de concessionários foi reforçada, alguns emancipando-se da marca irmã Renault. A nível internacional, a marca também foi autonomizada há dois anos, contando com mil engenheiros que só trabalham para a Dacia.

Conclusão

A alteração da imagem da marca foi um passo importante, tal como a mudança da linguagem de estilo. Mas a Dacia quer continuar a ser a Dacia, mantendo-se como uma marca de forte “value for money”. Só quer oferecer o essencial mas, curiosamente, 70% das suas vendas são das versões mais equipadas, o que talvez ajude a explicar que a Dacia seja rentável dentro do Grupo Renault. Não é uma marca pioneira, é uma marca oportunista e isso tem resultado em pleno.

Francisco Mota

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