20/1/2023. Em 2022, a Dacia subiu de 18º para 4º lugar no ranking das vendas de veículos ligeiros de passageiros. Uma performance notável, para uma marca que chegou ao nosso país em 2008. Para muitos dos 10 157 compradores portugueses, o preço não foi a única razão para comprar um modelo da marca.

 

O fenómeno Dacia continua de vento em popa. As vendas sobem, os níveis de satisfação dos clientes também e os planos para o futuro são tentadores. Num mercado como o nosso, em que a imagem de marca costuma valer todos os sacrifícios, os resultados da Dacia em 2022 são ainda mais impressionantes.

Em 2022, face ao ano anterior, as vendas da Dacia em Portugal subiram da 16ª para a 4ª posição. Traduzido em números, passou de 5 825 para 10 157 unidades, uma subida de 74,4% que foi a maior das vinte marcas mais vendidas no nosso país, atingindo uma quota de mercado de 6,5%.

À frente da Dacia só ficaram a Peugeot, que liderou o ranking, a Renault e a Mercedes-Benz. São 1898 unidades que separam a Dacia do terceiro lugar, que deverá estar ao alcance da marca do Group Renault já este ano.

Primeiro para particulares

Talvez mais impressionante seja outro dado, relativo às compras por clientes particulares, ou seja, retirando as vendas de frotas e os chamados carros de serviço.

Dos compradores que gastam do seu próprio bolso para ter um carro, 18,8% escolheram um Dacia. Uma tendência que se alinha com a registada noutros países da Europa.

Este resultado continua a ser fruto das vendas de dois modelos em particular, a começar pelo Sandero com 5100 unidades, mais 46% que em 2021.

Sandero & Duster

O Duster vendeu 3100 unidades numa subida de 72% face a 2021, sendo o 9º modelo mais vendido em Portugal e líder entre os C-SUV.

Por pagar Classe 2 nas portagens, a versão 4×4 só representa 8% das vendas do modelo. Mas a versão Bi-Fuel (gasolina e GPL) já é a motorização mais vendida, com 45% das vendas do modelo.

O Sandero é o carro mais vendido a clientes particulares e representa metade das vendas da marca no nosso país. O Duster ocupa o segundo lugar nesses dois rankings.

Considerando o mercado no seu total, o Sandero já é o segundo modelo mais vendido no nosso país, com 70% das vendas a ser garantida pela versão Stepway de visual SUV.

Líder nos Bi-Fuel (GPL)

Igualmente interessante é o facto de 41% das vendas do Sandero serem referentes à versão Bi-Fuel (gasolina e GPL) sendo as restantes a gasolina.

Quanto ao Jogger, vai entrar em 2023 no seu primeiro ano completo de comercialização mas já vendeu 960 unidades em 2022, 80% das quais com motorização Bi-Fuel.

Spring lidera nos elétricos?

Talvez menos esperado, para os menos atentos, seja o facto de a Dacia ter no Spring líder de vendas entre os modelos elétricos vendidos a particulares, com 360 unidades. Segundo soube, apenas 6 unidades da Tesla foram vendidos a clientes particulares em 2022.

No total, incluindo compras por empresas, o Spring vendeu um total de 780 unidades e ficou no quinto lugar no ranking dos elétricos mais vendidos em Portugal.

Mudança de mentalidades

A marca admite que o contexto atual lhe é favorável, com o poder de compra a descer e o preço dos carros a subir. Mas a verdade é que muitos compradores deixaram de encarar o automóvel como símbolo de estatuto social.

Esta mudança de mentalidades, que nada tem a ver com a diminuição da vontade e/ou necessidade de mobilidade individual ou familiar, é um sinal de que o comprador português está a mudar.

Em vez de comprar um modelo base de gama, com o mínimo de equipamento, de uma marca premium, alguns começam a preferir um Dacia só com o “essencial”, que é o mote da marca.

Novidades 2023

Comparando com a Renault, a Dacia tem uma clientela mais jovem, que procura um negócio mais acessível, menos preocupada com os descontos dos concessionários e valorizando outros aspetos como a inexistência de entrada inicial.

Para este ano, a Dacia começa com a mudança de logótipo, que altera o visual da frente de todos os modelos e com uma lista de novidades a lançar nos próximos meses, de que o elétrico Spring com motor de 65 cv será uma das mais relevantes.

Também o Jogger terá uma versão “full hybrid”, o primeiro da marca que recorre a tecnologia da Renault. Uma versão que terá vida difícil em Portugal pois, ao ter um motor de 1,6 litros, paga dez vezes mais ISV que as motorizações 1.0. Uma ironia do nosso sistema fiscal, tendo em conta a descida dos consumos.

Conclusão

Outras marcas tentaram vingar neste segmento dos veículos de baixo preço e alto “value for money” mas nenhuma conseguiu manter-se rentável e acabou por fazer uma fuga para cima na lista de preços. Com custos de distribuição que são metade a um terço de outras marcas e produtos que usam tecnologia Renault comprovada, a Dacia tem uma posição única no mercado.

Francisco Mota

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