13/09/2019 Este ano, o Salão de Frankfurt foi desertado pelas marcas não alemãs. Tiveram que ser as “da casa” a fazer a festa. Mas será isso suficiente para a próxima edição, agendada para 2021?

 

Em trinta anos a fazer a cobertura jornalística do Salão de Frankfurt, nunca como este ano sai de lá com a sensação de que esta poderá ter sido a última edição.

Quase todas as marcas não alemãs, as que não pertencem a grupos alemães, desertaram a edição deste ano. Os custos de uma presença digna são a principal razão avançada, como é óbvio.

Não é uma surpresa. Todos sabíamos que um dia isto iria acontecer, desde que há dois ou três anos algumas marcas começaram a faltar aos salões internacionais mais importantes: Frankfurt, Genebra e Paris.

Foram mais as ausentes

Mas, desta vez, foram mais as marcas ausentes que as presentes. E as que estiveram presentes diminuíram drasticamente o investimento, como se podia ver pelos “stands” muito mais modestos que na última edição de 2017.

Talvez o caso mais chocante tenha sido o da Daimler, que continuava a ocupar o pavilhão principal, mas ficava-se pelo rés-do-chão. As galerias superiores estavam fechadas.

A BMW, que costumava ter um pavilhão em exclusivo, agora partilhava-o com várias outras marcas e o pavilhão do Grupo VW estava reduzido a dois terços, com um enorme corredor vazio a meio.

E isto só para falar dos “três grandes” alemães. A Ford e a Honda tinham uma presença quase simbólica, no meio de um pavilhão de fornecedores e as (poucas) marcas estrangeiras restantes ocupavam por vezes menos de um terço do espaço habitual.

A sorte dos organizadores

No entanto, os organizadores do IAA acabaram por ter sorte, porque a VW e a Land Rover deixaram para o salão a apresentação mundial do ID.3 e do Defender, duas das mais esperadas novidades do ano.

Pela primeira vez, o público podia também ver de perto o novo Porsche Taycan e ainda havia um novo Lamborghini híbrido e vários concept-cars da BMW, Audi, Mercedes-Benz, Cupra e Hyundai.

Foi o suficiente para eu conseguir fazer o meu habitual Top dos principais modelos em exposição. Só que, desta vez, no lugar do Top 20, tive que ficar pelo Top 13…

Reinventar ou fechar

A próxima edição do Salão bienal de Frankfurt deverá estar programada para 2021. Mas a este ritmo de desistências, é bom que os organizadores comecem a pensar numa profunda remodelação do evento, para não serem obrigados a cancelar.

A fórmula atual, que já tem mais de 100 anos, está obsoleta. É preciso reinventar o conceito, reduzir os custos para as marcas e proporcionar-lhes outras condições. Ou fechar as portas e admitir que a era dos salões já passou.

Mas duvido que a remodelação vá acontecer, pela simples razão de que ainda não aconteceu, até agora, apesar dos sucessivos avisos das marcas.

Conclusão

O mais certo é que os organizadores dos salões mantenham tudo como está, na ilusão de que uma ou outra novidade continue a ser guardada pelas marcas locais para mostrar no “seu” salão.

Ou estou muito enganado, ou o que se passou este ano em Frankfurt, vai passar-se no próximo ano em Paris: as marcas locais vão lá estar, mas as não francesas vão faltar.

Francisco Mota

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