Nunca como este ano o Salão de Frankfurt vai ter tantas marcas em falta. Será um boicote aos organizadores alemães? Ou será por razões mais profundas?

 

O Salão Internacional de Frankfurt abre as portas dentro de três dias, com muitas marcas ausentes. Em vez de se contar as marcas que faltam, mais vale contar as que estão presentes. Será um boicote?…

É verdade que desde há muito que as marcas estrangeiras, que se têm deslocado a Frankfurt, se queixam de um tratamento desigual, em relação às marcas alemãs.

Piores locais de exposição, pavilhões menos promovidos, piores condições de exposição, são algumas das reclamações, a juntar ao problema de base: os custos de participação.

Quanto custa?

Dificilmente uma marca consegue ter uma presença, num espaço digno, gastando menos de um milhão de euros, contando com o aluguer do espaço e tudo o que é necessário para montar um “stand” que cumpra os requisitos mínimos.

“Com esse dinheiro, podemos fazer uma campanha publicitária de boa dimensão, com garantias de retorno que a participação no salão não pode dar” foi o que me disse um responsável de uma marca, para justificar a sua ausência. Mas gastar três ou quatro vezes mais é muito fácil.

A crise que já se instalou na indústria, também não ajuda. Especialistas afirmam que este ano se vão vender menos 5 milhões de carros que em 2018.

Marcas em boicote?

Dai a partir para a ideia de que as marcas estrangeiras estão a boicotar o salão de Frankfurt, parece-me um exagero. O que se passa é que a fórmula dos salões automóveis, enquanto eventos capazes de captar a atenção dos média generalistas, está estafada.

Poucas marcas querem arriscar um investimento que depois pode resultar em muito pouca projeção mediática.

Saber qual o modelo que os orgãos de comunicação vão preferir é sempre uma roleta. O mais certo é que seja um modelo de um construtor alemão.

Poucas marcas presentes

Olhando para a planta do salão de Frankfurt deste ano, é fácil perceber quem decidiu não ir. O Salão 2019 será sobretudo um evento centrado nos três grandes grupos alemães: Daimler, VW e BMW.

Se a ausência de marcas estrangeiras chega a ser chocante, para quem se habituou a gastar dois dias a percorrer o maior salão automóvel da Europa (como eu faço há trinta anos) a verdade é que as marcas alemãs parece terem feito um esforço suplementar para compensar a falta de novidades não alemãs. Pelo menos em termos de novidades.

Alemães dão tudo

Por exemplo a Audi, prepara pelo menos onze novidades, entre modelos de série e concept-cars. A BMW e a Mini tem anunciados, pelo menos, nove novos modelos e a Daimler, entre Mercedes-Benz e Smart, promete mostrar dez modelos novos. E tudo isto pode crescer, a confirmar-se mais alguma surpresa.

Mas quais vão ser as vedetas?

É mais que certo que o Volkswagen ID.3 vai ser a grande estrela do salão. A marca diz que é o terceiro carro fundamental da sua história, a seguir ao carocha e ao Golf.

Tendo em conta o investimento colossal e os objetivos de vendas que a VW tem para o ID, sou tentado a concordar. Mas preciso de o ver de perto e depois temos que ver como vai progredir a sua carreira comercial. Não tenho dúvidas que é o carro elétrico mais ambicioso de sempre.

A outra vedeta vai ser o Porsche Taycan, também um elétrico, também um produto do Grupo VW, mas colocado no outro extremo da oferta.

Uma super-berlina de grande luxo e desportividade, projetado para “destruir” o Tesla Model S. Só o futuro dirá se vai conseguir ultrapassar as vendas do Model S, mas não parece difícil.

Um inglês em Frankfurt

A única grande vedeta estrangeira vai ser o novo Land Rover Defender. Tenho quase a certeza que os incondicionais do modelo antigo não vão evitar as críticas: “já não é um verdadeiro Defender” dirão.

Duvido que não seja competente dentro e fora de estrada, espero para ver se o estilo inevitavelmente nostálgico resulta, e quanto tempo vai durar o seu apelo.

Tenho também curiosidade em comparar o Honda E e o Mini Cooper SE, dois elétricos “premium” que pretendem desviar o impulso de compra da racionalidade da autonomia para a exclusividade do conceito e da execução.

Híbridos sem fim

Vou também tentar contar quantos híbridos, de todas as espécies, estarão em exposição. Mas parece-me que não vou conseguir contar todos.

Quanto à Mercedes-Benz, que costuma trazer sempre uma surpresa a Frankfurt, vou de certeza ficar atento, para ver qual será a deste ano. Desconfio que o seu pavilhão, o melhor do certame, não andará apenas entre os eletrificados EQ e os super-potentes AMG.

Conclusão

Dentro de três dias já poderei dizer se a minha visita ao Salão Internacional de Frankfurt foi um total “flop” devido à ausência de marcas como a Alfa-Romeo, Alpine, Renault, Nissan, Toyota, Mitsubishi, Mazda, Lexus, Subaru, Ssangyong, Dacia, Peugeot, Citroën, DS, Volvo, Chevrolet, Cadillac, Rolls Royce, Aston Martin, Suzuki, Fiat, Chrysler, Jeep, Tesla e Infiniti. Ou se as marcas da casa vão conseguir salvar o dia e fazer o espetáculo continuar.

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