Tesla Model X Plaid (fotos de João Apolinário)

Pequeno restyling na grelha

Imagem de marca da Tesla

Pneus são enormes, montados em jantes de 22"

Símbolo dos Plaid, que surge no painel de instrumentos nos arranques

Spoiler traseiro deixou de ser móvel

Tomada de carregamento escondida

Estilo dos para-choques de trás foi mudado

Yoke, o bizarro volante da Tesla

Ecrã tátil passou para a posição horizontal

Só quando esta luz passa de amarelo a verde estão os 1020 cv prontos

Para-brisas continua para o tejadilho em vidro

Monitor tátil para a segunda fila de bancos

Qualidade de montagem e materiais melhorou ao longo dos anos

Boa posição de condução

Muito espaço na segunda fila de dois bancos

Terceira fila é a mais acanhada

A terceira fila de bancos ocupa grande parte da mala

Mala não tem chapeleira nem volume anunciado

Modo Plaid dá acesso a prestações elevadas

Condução prejudicada pelo ineficaz volante sem aro

"Piscas" no volante são pouco práticos

Comando da transmissão faz-se no ecrã tátil central

Competente a curvar, apesar das dimensões e peso

Portas só abrem se não estiverem obstáculos de fora

Portas traseiras de abertura vertical são "trademark" do X

Lançado em 2016 na Europa, o maior SUV da Tesla continua no mercado, com um ligeiro restyling e uma versão que anuncia 1020 cv. Mas isso faz algum sentido, num SUV de cinco metros e 2,5 toneladas? Respostas em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

oito anos que a Tesla tem o Model X no seu catálogo, tendo sido introduzido no mercado dos EUA em 2015. Testei-o em Portugal dois anos depois e as fragilidades eram aparentes. Falhas nos acabamentos do habitáculo, painéis de portas mal alinhados e as famosas portas traseiras de abertura vertical a subir aos soluços.

Portas traseiras de abertura vertical são “trademark” do X

Mas o tempo passou, a Tesla aprendeu com os seus erros e o Model X atual quase parece outro automóvel. E não estou a falar do subtil restyling que passou o spoiler traseiro de móvel a fixo e lhe mudou o desenho dos para-choques e das jantes. Mas estou a falar do interior muito melhor construído.

O que mudou

Ainda não tem materiais tão bons como os modelos das marcas premium alemãs, nem creio que essas ainda sejam o objetivo da Tesla, que ambiciona a voos muito mais altos, em termos de volume de produção. Talvez a Toyota seja o próximo alvo…

Ecrã tátil passou para a posição horizontal

O enorme monitor central passou de vertical para horizontal e ganhou-se facilidade de utilização. Curiosamente, a Tesla não seguiu a solução da rotação do monitor, proposta pela BYD. Talvez seja um indício de contenção de custos. Contudo, à frente dos olhos do condutor existe um pequeno painel de instrumentos com a informação essencial à condução.

Yoke é um erro

O volante sem aro, que a marca chama Yoke, é o maior “choque” quando se ocupa a posição de condução. Só há volante na posição das 14h45, o que obriga a cruzar os braços em algumas situações, pois a coluna de direção é física. A Toyota usa um volante parecido, mas com direção é “by-wire” variando o grau de rotação das rodas, quando se roda mais o volante.

Yoke, o bizarro volante da Tesla

Ao que sei, alguns dos clientes da Tesla que optaram por esta novidade, acabaram por voltar atrás e pedir o volante normal. Fizeram bem, este não resulta, nem contribui para a segurança da condução.

Comando da transmissão faz-se no ecrã tátil central

Com o volante normal a assistência da direção que se regula em três níveis (Conforto/Normal/Desportivo) deverá funcionar muito melhor, sobretudo em cidade, pois as calibrações parecem bem feitas.

Melhor por dentro

O para-brisas a continuar para o tejadilho em vidro fez-me parecer que estava dentro de um aquário, mas os filtros são suficientes para não transformar o interior numa sauna para seis. Todos os lugares são individuais, o piso é plano, tornando-se fácil aceder a qualquer deles.

Qualidade de montagem e materiais melhorou ao longo dos anos

As portas traseiras de abertura vertical funcionam agora melhor, só abrem se não detetarem obstáculos do lado de fora e facilitam muito o acesso. Mas estavam desalinhadas com as da frente e emitiram uns gemidos parasitas, na rampa de uma garagem.

A terceira fila de bancos ocupa grande parte da mala

A mala não tem chapeleira, o que já é hábito nos SUV da marca, mas não é hábito na Europa. Os amigos do alheio agradecem a vista panorâmica para o grande volume disponível para bagagens, mas só depois de rebater a terceira fila de bancos, que é a mais acanhada.

Enorme e pesado

Motores em marcha e o Model X sente-se de imediato muito grande para as ruas e para o trânsito das cidades da Europa. É preciso calcular bem as trajetórias, para não bater em nada.

Estilo dos para-choques de trás foi mudado

Os três motores elétricos que o movem, dois atrás e um na frente, são silenciosos o suficiente. Comecei no modo de condução Relaxado, que limita a potência máxima para poupar a bateria, mas é mais do que suficiente para mover as 2,5 toneladas com muita facilidade.

Regeneração forte

Os travões estão bem calibrados, mas a intensidade da regeneração na desaceleração é muito intensa, obrigando a habituação. Faz função “one-pedal”, ou seja, imobiliza o X no final da travagem mas o condutor não pode regular a regeneração. É o sistema de controlo do carro que o faz, de acordo com a velocidade e o trânsito. Funciona melhor em vias rápidas que em cidade.

Spoiler traseiro deixou de ser móvel

A suspensão é relativamente firme, sensação ampliada pelos enormes pneus de medida 265/35 R22, na frente e 285/35 R22, atrás. Contudo, o amortecimento é de qualidade, não deixando passar pancadas para a estrutura. A suspensão é pneumática e regulável em cinco níveis de altura. O amortecimento regula-se em quatro níveis de firmeza (Conforto/Auto/Desportivo/Avançado) com o último a desdobrar-se em mais dois.

Consumos altos

No meu habitual teste de consumos em cidade, com A/C desligado, registei um valor de 20,5 kWh/100 km. Considerando que a bateria tem uma capacidade útil de 100 kWh, resulta numa autonomia real em cidade de 488 km.

Em autoestrada, a 120 km/h estabilizados e sempre com o A/C desligado, o computador de bordo registou um consumo de 24,7 kWh/100 km, reduzindo assim a autonomia real para os 405 km.

Boa posição de condução

O peso elevado não dá hipóteses ao Model X de fazer mais. O que é pena, pois a estabilidade em autoestrada é muito boa, como seria de esperar, tendo em conta as possibilidades de regulação da suspensão. A postura é mais a de uma berlina alta que a de um SUV e o Yoke claro que resulta melhor em autoestrada.

Três motores elétricos

O Model X Plaid tem três motores elétricos, um de 427 cv, para as rodas da frente e dois de 420 cv cada, para as rodas de trás. O software da propulsão faz a gestão da tração às quatro rodas. Por exemplo, a baixa velocidade e baixa aceleração, apenas o motor da frente é usado.

Muito espaço na segunda fila de dois bancos

Os modos de condução disponíveis são três (Relaxado/Desportivo/Plaid) com crescentes sensibilidades no acelerador e potência disponível. No modo Desportivo, começa a perceber-se aquilo de que o Plaid é capaz, com acelerações muito vigorosas que aparecem de forma brusca, quando se acelera forte.

O modo Plaid

No modo Plaid, a sensação de aceleração cresce um pouco mais, em paralelo ao controlo das massas, com a suspensão a ficar mais firme. Em momento algum se nota falta de rigor na condução ou que a suspensão e pneus não dão conta do recado.

Só quando esta luz passa de amarelo a verde estão os 1020 cv prontos

Claro que o peso se nota na altura de travar forte, mas, em estrada, os travões têm tempo para recuperar e manter a sua performance, a regeneração em nível máximo dá preciosa ajuda.

A entrada em curva começa por parecer rigorosa e rápida, dado a enorme aderência dos pneus. Mas isso só incentiva a levar mais velocidade para dentro das curvas e o inevitável acontece.

Subvira, como se esperava

A subviragem aparece como aviso de que se chegou ao limite e o ESC resolve o problema, por vezes de forma bruta. É a única maneira, quando se chegam a valores tão altos de massa x velocidade.

Modo Plaid dá acesso a prestações elevadas

E não vale a pena insistir com a aceleração, à espera que os motores de trás tomem conta da ação e ajudem a rodar o Model X, porque isso não vai acontecer.

O que se compreende, tendo em conta a altura e peso deste Plaid. Também neste tipo de condução, o Yoke só atrapalha, mais valendo colocar a assistência em Normal, para não ficar demasiado pesada.

Onde está a diversão?

Não se pode dizer que o Model X Plaid seja propriamente divertido de guiar numa estrada sinuosa, está muito mais limitado pelo peso e altura do que o Model S Plaid. Mas é competente, usando uma parte, não declarada, da performance anunciada.

Competente a curvar, apesar das dimensões e peso

A diversão chegou quando encontrei uma reta longa e deserta. Parei o X, passei ao modo Drag Strip e esperei que o sistema da arrefecimento da bateria a colocasse à temperatura ideal para dar o máximo. A suspensão colocou a carroçaria em posicção chita, mais alta atrás que à frente. E depois esperei 16 longos minutos.

O ritual dos 0-100 km/h

O tempo de espera depende daquilo que se esteve a fazer antes, logicamente. Noutra tentativa, noutra altura do dia, demorou apenas dois minutos. Quando é atingida a temperatura certa, uma luz amarela passa a verde e o Plaid está finalmente pronto para fazer um arranque, agora sim com todos os 1020 cv disponíveis.

Condução prejudicada pelo ineficaz volante sem aro

Pé esquerdo no travão, pé direito a fundo no acelerador, largo o travão, o painel de instrumentos faz uma animação a sugerir a entrada noutra dimensão e o X arranca com verdadeira violência, colando a cabeça ao encosto. As mãos instintivamente apertam o Yoke como se o quisessem esganar, mas nem há necessidade, pois a estabilidade é perfeita.

À melhor de três

A experiência dos 0 aos 100 km/h demora apenas 2,6 segundos, mas são dois virgula seis segundos que apetece repetir mal acabam. Dei meia volta e repeti o arranque, desta vez sem necessidade de esperar pela luz verde, que não se tinha ainda apagado.

Símbolo dos Plaid, que surge no painel de instrumentos nos arranques

À segunda tentativa, a aceleração ainda impressiona, mas o cérebro começa a adaptar-se e à terceira vez já tudo se tornou familiar. Não só a aceleração é notável, mas a maneira como é obtida também, com uma grande dose de confiança no carro.

Conclusão

Fará então sentido um SUV de cinco metros, com lotação para sete e 2,5 toneladas ter 1020 cv e acelerar dos 0 aos 100 km/h quase tão depressa (mais 0,1 segundos) que um Ferrari SF90? Se o exercício da aceleração for (como é) uma espécie de ritual a cumprir de vez em quando e se não comprometer uma utilização normal (como não compromete) então não vejo onde está o problema. É quase como gozar com os SUV, fazer um com tanta potência.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Tesla Model X Plaid

Potência: 1020 cv

Preço: 138 490 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

Ler também, seguindo o LINK:

Teste – Tesla Model S Plaid: Como é guiar com 1020 cv