Talvez um dos modelos menos lembrados da Skoda, o Scala está entre o Fabia e o Octavia. Na versão Monte Carlo inclui muito equipamento de série e uma imagem a lembrar a participação da marca nos ralis.
Há muitos anos que a Skoda tem marcado presença constante na segunda divisão do campeonato do mundo de ralis WRC, que é a primeira divisão de muitos campeonatos nacionais, entre eles o português.
O negócio de venda de Fabia Rally 2, versões completamente preparados para as equipas privadas usarem, é um dos sucessos comerciais da marca. Mas a divulgação das conquistas desportivas parece estar longe de ser uma prioridade.
Sabia, por exemplo, que a Skoda foi campeã nacional de ralis em Portugal nos últimos três anos?… Na gama da marca, as versões Monte Carlo tentam lembrar a participação da Skoda nos ralis, mas são apenas um nível de equipamento.
Monte Carlo
Se está à espera de uma versão desportiva, com alterações mecânicas e motor mais potente, está enganado. Este Scala Monte Carlo está disponível apenas com o motor 1.0 TSI de 110 cv, com caixa manual de seis, ou DSG de dupla embraiagem de sete.
São os detalhes de decoração que fazem a diferença, tais como a substituição de cromados por preto brilhante, por exemplo na grelha e na designação do modelo na tampa da mala. Ou as jantes de 17” também em preto e os logótipos Monte Carlo.
Por dentro, os bancos desportivos com apoio da cabeça integrado são de série, bem como os seus forros com padrão específico e detalhes em pele vermelha, cor usada também para os pespontos da pele que forra o volante e a alavanca da caixa.
A lista de equipamento foi reforçada e inclui o assistente de manutenção de faixa, travagem automática, sensor de parque atrás, espelhamento de smartphone sem fios, cruise control, arranque sem chave e outros.
Maior que um Golf
O Scala tem 4362 metros de comprimento, mais 82 mm que o VW Golf e uma distância entre-eixos de 2636 mm, mais 16 mm que o Golf. Visto de perfil, percebe-se que o Scala é quase uma carrinha, com a bagageira a disponibilizar 467 litros de capacidade (o Golf tem 381 litros).
Apesar das dimensões, o Scala é feito sobre a plataforma MQB-A0, a mesma do Fabia e do Polo, por uma questão de redução de custos, que em nada afeta as aspirações do modelo.
O espaço nos lugares da segunda fila é muito bom em comprimento e altura e mesmo a largura é suficiente. Um dos argumentos habituais da marca.
Ao volante
A posição de condução é muito boa, os bancos têm excelente apoio lateral e são confortáveis, o volante tem regulações suficientes e uma pega muito boa; a alavanca da caixa manual está perfeitamente posicionada, bem como os pedais. Até a visibilidade é boa para trás.
A decoração do interior faz parecer que tem melhor qualidade do que tem na realidade, mas o ambiente até tem alguma coisa de desportivo.
O painel de instrumentos é digital e o ecrã tátil central tem uma organização simples e fácil de usar.
Os comandos da climatização são manuais e estão a meio da consola, mas o A/C é de regulação manual e analógica, para poupar nos custos, tal como o travão de mão por alavanca.
O eterno 1.0 TSI
O motor 1.0 turbo de três cilindros é muito suave e pouco ruidoso, conduzindo em cidade. A caixa manual é rápida e precisa, acrescentando gozo à condução, mesmo em cidade. Quanto ao duo suspensão/pneus, oferece um bom nível de conforto.
Mesmo com suspensão traseira de barra de torção e pneus 205/50 R17, o Scala passa por cima de pisos irregulares sem grandes incómodos para os ocupantes.
A direção tem uma assistência bem calibrada e uma desmultiplicação correta; e o raio de viragem é suficientemente pequeno (5,1m) para não atrapalhar nas manobras.
E quais os consumos?
Existem três modos de condução à escolha: Eco/Normal/Comfort, que ajustam o acelerador e a assistência da direção, mas fazem pouca diferença.
Ainda assim, usei o ECO, com A/C desligado para o meu habitual teste de consumos em cidade, obtendo um valor de 7,6 l/100 km.
Passando para a autoestrada a 120 km/h estabilizados, o consumo desceu aos 5,3 l/100 km. É o esperado, para um motor que ainda não está aqui no Scala na sua versão “mild-hybrid”.
Estradista, se for preciso
Na autoestrada, o baixo ruído do motor a velocidade estabilizada junta-se aos baixos ruídos de rolamento e aerodinâmicos para dar ao Scala uma utilização tranquila em viagens longas, com o depósito de 50 litros a dar para 943 km, gastando os tais 5,3 l/100 km.
Em estradas secundárias, o 1.0 TSI Evo começa por mostrar que prefere os regimes acima das 2000 rpm, abaixo tem mais dificuldade em dar uma resposta pronta. Mas basta usar bem a caixa de velocidades para resolver a questão. Dos 0 aos 100 km/h demora 10,1 segundos.
Dinâmica competente
A aderência dos pneus Nexen N’Fera (uma marca sul-coreana fundada em 1942) é muito boa, não deixando a frente subvirar com facilidade e garantindo boa tração, quando se colocam os 200 Nm no chão com decisão.
A frente é precisa o suficiente e a inclinação lateral nada exagerada. Há a sensação de que o chassis poderia facilmente lidar com mais potência do que a disponível, o que inspira sempre confiança.
Mas, querendo uma condução mais divertida, o Scala aceita ser provocado de forma a deixar a traseira deslizar um pouca na entrada em curva. Mas isto tem que ser feito sem exagero, caso contrário o ESC entra em cena sem cerimónias.
Conclusão
O Scala talvez seja o modelo mais esquecido na gama Skoda, posicionado entre o Fabia e o Octavia e ao lado do SUV Kamiq. Mas tem os seus argumentos, de que o espaço não é o único. Esta versão Monte Carlo, mostrou os habituais méritos da plataforma e do conjunto motor 1.0 TSI e caixa manual VW. Mas o preço de 27 675 euros coloca-o ao nível de um Golf com o mesmo motor, mas menos equipamento.
Francisco Mota
(fotos de João Apolinário)
Skoda Scala 1.0 TSI Monte Carlo
Potência: 110 cv
Preço: 27 675 euros
Veredicto: 3 (0 a 5)
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