Lançado em 2016, o Audi Q2 teve uma carreira discreta, como o SUV mais pequeno da marca. Agora recebeu um restyling, pequeno mas suficiente para lhe dar uma nova vida.
O crescimento quase semanal da procura por modelos SUV tem vários efeitos. Um deles é recuperar modelos que, quando foram lançados não causaram grande impacto no mercado. É o caso do Audi Q2.
Feito com base na primeira geração da plataforma MQB, o Q2 apareceu em 2016, posicionando-se algures entre o topo do segmento B e a base do segmento C, a exemplo do que aconteceu no ano seguinte com o VW T-Roc, com o qual o Q2 partilha muita coisa.
Cinco anos depois, a Audi aplica um “restyling” ao Q2, que se fica pelo redesenho dos faróis (passando a disponibilizar matriz de LED) e da grelha, bem como dos para-choques. Uma nova escolha de cores e de jantes e o trabalho está feito!
A verdade, é que o Q2 ganhou muito com estes retoques, ficando com um visual mais apelativo e uma pose “mais SUV”, apesar de a altura ao solo de 150 mm não ter aumentado.
Por dentro, quase igual
Por dentro, as diferenças são ainda menores, resumindo-se a pequenos detalhes nas grelhas da climatização, inspiradas nas do TT e nos punhos das caixas de velocidades. A unidade que testei tinha a S tronic de dupla embraiagem e seis velocidades, com patilhas fixas ao volante.
Claro que houve uma atualização do sistema de infotainment, da conetividade e das ajudas à condução. Mas o Q2 ainda não tem tudo o que está disponível no novo A3, que já usa a plataforma MQB Evo.
A filosofia do modelo não mudou, sendo mais um crossover que um SUV, dada a altura total ficar pelos 1,51 metros. Uma espécie de A3 “Allroad”, com uma posição de condução que não é tão alta como alguns concorrentes.
Ultrapassado ou válido?
O habitáculo tem o desenho dos Audi lançados há quase cinco anos, ainda mantendo o comando rotativo para o infotainment, que é a melhor solução em termos de ergonomia.
O monitor “plantado” no topo do tablier parece agora um pouco ultrapassado, mas pelo menos não é tão confuso como a última geração usada em vários modelos do grupo.
A qualidade é variável, no habitáculo, com alguns plásticos duros nas zonas mais baixas e o espaço é melhor para quatro que para cinco, com os 405 litros da mala a serem um bom valor.
Motor 1.5 de 150 cv
Na gama Q2, o número 35 que identifica esta versão significa que tem um motor 1.5 turbo a gasolina, de quatro cilindros e 150 cv. Está aqui acoplado à caixa S tronic de dupla embraiagem, tudo material bem conhecido do grupo e com provas dadas.
O volante tem um bom tato e posição adequada, além de ter o grande mérito de ser redondo, sem a base cortada. O mesmo se pode dizer do banco do condutor, que é confortável, sem ter muito apoio lateral.
O motor tem um desempenho muito “despachado” logo desde os regimes mais baixos, pois o binário máximo de 250 Nm está pronto logo às 1500 rpm.
Depois, dá o seu melhor nas rotações intermédias. Quando se faz subir a rotação perto das 5000 rpm, a vivacidade começa gradualmente a descer, o que é normal, num motor afinado para uma utilização familiar.
Pneus exagerados
A caixa S tronic é melhor a subir que a descer, não aceitando reduções antecipadas, para proteger a sua integridade. Mas isso não chega a ser um entrave para uma condução desenvolta, sobretudo na cidade.
A suspensão faz um bom trabalho a favor do conforto, se o piso não for muito mau. Mas quando piora, os pneus de medida 235/40 R19 (um exagero para a potência disponível) fazem pagar o baixo perfil em desagradáveis solavancos.
Mudando os modos de condução entre Efficient/Comfort/Auto/Dynamic/Individual é possível minorar um pouco a questão, devido à presença da suspensão com amortecimento adaptativo, mas não totalmente.
Boa dinâmica
Com estes pneus, é claro que o Q2 não tem falta de aderência lateral e muito menos de tração, mesmo quando se escolhem estradas com mais curvas e se decide procurar o que o motor tem para dar. A aceleração 0-100 km/h chega em 8,6 segundos.
Tendo em conta a suspensão mais alta, o Q2 nem tem demasiada inclinação lateral em curva. Nota-se, sobretudo, que a suspensão traseira de eixo de torção tem um pouco mais de dificuldade em manter as massas controladas, que a da frente.
Mas este Q2 também sabe divertir, para os condutores que quiserem um pouco mais de ação. Uma desaceleração brusca, já a curvar, deixa a traseira deslizar uns graus, alinhando a frente com a saída da curva.
Quanto a consumos, as notícias não são fantásticas. Não recorrendo a qualquer tipo de ajuda híbrida, o 1.5 TFSI, montado neste Q2 de 1365 kg, registou 8,2 l/100 km, em cidade e 7,1 l/100 km, em auto estrada.
Conclusão
O Q2 ganhou mais do que se poderia esperar com este “restyling”. Não só a nível de aspeto, como de equipamento disponível. Mas o seu ciclo aproxima-se do fim e não é barato. A unidade que ensaiei, de seu nome Audi Q2 35 TFSI S-Line S tronic custa 37 514 euros. A versão base, com caixa manual, fica nos 32 403 euros, existindo ainda o 30 TFSI de 110 cv a partir dos 30 992 euros.
Francisco Mota
Audi Q2 35 TFSi S-Line S tronic
Potência: 150 cv
Preço: 37 514 euros
Veredicto: 3 (0 a 5)
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