Peugeot 508 PSE Hybrid4

O bom piso favorece o 508 PSE

Detalhes em verde Kryptonite

Silhueta do 508 continua muito elegante

O mau piso degrada a dinâmica

As garras do leão eletrificado são... verdes

Jantes de 20" com pneus de perfil muito baixo

Posição de condução é baixa

Bancos com apoio suficiente

Espaço atrás dentro do razoável

Painel de instrumentos alto

Modo Sport gere bem a energia da bateria

Tração atrás é só elétrica

Modo "B" disponível para maior regeneração

Condução varia com estado do piso

Prestações de bom nível

Enterrados os GTI, é a hora dos PSE na Peugeot e a história começa com o 508, numa versão “plug-in” de 360 cv que já guiei em algumas das minhas estradas preferidas. Veredicto?…

 

“Peugeot Sport Engineered”, ou PSE, é a sigla que vem substituir os famosos GTI, que nasceram nos anos oitenta. Mas não muda só o nome. Os PSE são híbridos “plug-in”, fazendo a ligação ao protótipo que a marca prepara para o seu regresso a Le Mans.

“Neo Performance” é outro dos chavões criados para descrever um sistema híbrido que tem nas prestações uma prioridade tão importante como a redução de consumos e de emissões poluentes.

Os PSE nascem com o 508, mas estão prometidas versões de outros modelos no futuro. Sem arriscar muito, o 308 é um bom candidato, até porque partilha a plataforma EMP2.

Hybrid4 é conhecido

O sistema híbrido “plug-in” Hybrid4 é conhecido de outros modelos da Peugeot, Citroën, DS e Opel. Usa um motor 1.6 a gasolina de quatro cilindros, turbocomprimido, aqui com 200 cv.

Depois acrescenta uma caixa automática de oito relações e conversor de binário, eletrificada com um motor elétrico de 110 cv, tudo isto para as rodas da frente. As rodas de trás recebem um segundo motor elétrico de 113 cv o que perfaz uma potência máxima de 360 cv e 520 Nm de binário máximo, em valores combinados.

Os motores elétricos são alimentados por uma bateria de 11,8 kWh, colocada sob o banco de trás e diminuindo a capacidade do depósito de gasolina de 62 para 43 litros.

Para carregar a bateria pode usar-se uma tomada doméstica e demora 7h00, com um cabo Green’up desce para as 4h00 e com uma wallbox fica pelas 1h45. Mas é preciso trocar o carregador de bordo de 3,7 kW pelo opcional de 7,4 kW. É um dos dois únicos opcionais do 508 PSE, o outro é o tejadilho panorâmico em vidro.

“Chassis” modificado

As alterações de estilo estão à vista e passam pelas três cores exclusivas, detalhes pintados em verde “Kryptonite” e pequenas aletas aerodinâmicas na base da carroçaria. As jantes são de 20” com pneus Michelin Pilot Sport 4S de medida 245/35 R20.

Para lidar com a subida de potência, o 508 PSE recebe molas 50% mais firmes que reduzem a altura ao solo em 10 mm, na frente e um único milímetro, atrás. Os amortecedores são ajustáveis pelo condutor e as barras estabilizadoras mais grossas, chegando aos 22 mm.

A via da frente é 24 mm mais larga e as rodas têm mais camber negativo; atrás a via alargou apenas 12 mm. Para terminar, os travões Alcon têm discos de 380 mm, na frente com maxilas de quatro êmbolos.

Perto dos alemães

Chave no bolso, dedo no botão e o 508 acorda sem ligar o motor a gasolina. O arranque é elétrico e a Peugeot anuncia 46 km de autonomia neste modo. A confirmação terá de ficar para outra altura, desta vez a minha prioridade era outra…

Ainda assim, pude fazer alguns quilómetros em cidade em modo elétrico e o que tenho para dizer é que o 508 é muito suave. É o motor de trás que faz a maioria do serviço neste modo, com acelerações decididas, mas não desportivas, pois só há 140 cv disponíveis.

Do passado ilustre como fabricante de carros de estrada desportivos, a Peugeot destaca o 405 T16 como o antecessor espiritual do 508 PSE. Nunca o guiei, não posso comparar.

Nem seria uma comparação muito interessante, quarenta anos depois. O 508 PSE anuncia os 0-100 km/h em 5,2 segundos o que está perto dos concorrentes alemães comparáveis, como o Audi S4 3.0 TDI quattro, de 347 cv e 700 Nm, que faz o mesmo em 4,8 segundos.

Modo Sport e… a fundo!

Escolho o modo Sport, pois é o único que tem de facto os 360 cv, nos outros modos térmicos (4WD/Comfort/Sport/Hybrid) a potência está limitada aos 330 cv. E acelero a fundo na primeira reta desempedida.

A resposta do conjunto dos três motores é imediata e com um notável impulso para diante.

Claro que tenho a bateria carregada, mas mesmo com a bateria a marcar 0%, a regeneração nas desacelerações é suficiente para voltar a ter tudo, quando se reacelera. Como em todos os sistemas deste tipo, são as travagens que os “salvam”.

Suspensão muito dura

Já nas ruas em pior estado tinha notado que o conjunto suspensão/pneus era firme, levando o 508 PSE a “saltar” nas maiores imperfeições. Na estrada secundária que se seguiu, isso ficou ainda mais claro. Como a suspensão não se pode ajustar em separado dos modos de condução, não há muito a fazer.

Também a direção se mostrou um pouco nervosa, talvez demasiado direta, efeito que o volante de pequeno diâmetro acentua. São precisos alguns minutos de adaptação até tudo sair mais natural.

De resto, o banco desportivo é razoável e a questão de ter que ver os instrumentos por cima do volante não me pareceu tão grave, neste caso.

Competente, dentro dos limites

Guiado dentro dos limites de aderência dos pneus, que são altos, o 508 PSE tem uma atitude não muito diferente de um Audi: neutro, bem agarrado ao chão, com boa tração e com vontade de despachar quilómetros.

Mas quando se sobe o nível de velocidade, aparecem outras evidências. Atirado para dentro das curvas com excesso de velocidade, mas sem castigar a frente, quando se reacelera o que aparece logo é a subviragem, que alarga a trajetória e obriga a levantar o pé. A tração atrás não tem capacidade de contrariar este efeito, nem mesmo em piso escorregadio.

Por isso, o melhor é guiar o 508 PSE como um GTI de tração à frente, pois o “chassis” até reage bem a uma desaceleração brusca na entrada em curva, fazendo rodar um pouco a traseira para evitar a subviragem.

Mas é preciso estar atento: em modo Sport, o ESP (que não se desliga) fica mais permissivo e o peso da bateria pode fazer aumentar o efeito de pêndulo mais que o previsto.

Muito sensível ao piso

A qualidade do piso influência muito o desempenho deste 508 PSE. Com bossas e desníveis inesperados, ou mesmo inclinações laterais mais acentuadas, o par suspensão/pneus volta a mostrar-se demasiado rígido, fazendo o carro perder a fluidez.

Até porque as patilhas não são muito rápidas a fazer descer as relações da caixa e o peso de 1875 kg sobrecarrega os travões. Guiar em “ataque” continuado, não é muito entusiasmante.

Ao fim de um troço de cerca de 40 km a guiar depressa, em modo Sport, a bateria ainda tinha 50% de carga, o que mostra a eficiência com que o modo Sport gere a energia elétrica. Mas à custa dos consumos, que facilmente sobem para perto dos vinte litros aos cem quilómetros.

No final deste primeiro teste de 130 km, que incluiu uma breve passagem elétrica pela cidade, alguma autoestrada e estrada nacional com muito trânsito, bem como uma parte feita mais depressa, o computador de bordo marcava 13,2 l/100 km. Valores mais detalhados vão ficar para um teste mais prolongado.

Conclusão

Tendo em conta os componentes que tinha ao seu dispôr, talvez a Peugeot tivesse feito melhor em não exagerar na firmeza da suspensão e dos pneus e optar por uma afinação mais tranquila, menos radical. Até porque será mais adaptada a quem está disposto a dar 68 795 euros (mais 1500€, na carrinha) pelo Peugeot mais potente de sempre.

Francisco Mota

Peugeot 508 PSE Hybrid4

Potência: 360 cv

Preço: 68 795 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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