Cupra Formentor 1.5 TSI 150 DSG7 (fotos de João Apolinário)

Perfil entre o SUV e o crossover

Acelera dos 0 aos 100 km/h em 8,9 seg.

Primeiro modelo exclusivo da marca

Jantes de 18" são de série

Qualidade quase premium no Formentor

Painel de instrumento fácil de ler

O "interruptor" da caixa de velocidades

Cobre é a cor favorita da Cupra

Ecrã tátil é muito confuso

Posição de condução mais baixa que o normal dos SUV

Bom espaço atrás para dois adultos

Condução ágil e precisa, boa direção

O baixo peso do motor 1.5 TSI beneficia a dinâmica

Depois de lançar o SUV Formentor com um motor a gasolina de 310 cv e de anunciar uma versão com cinco cilindros e 390 cv, a Cupra desceu ao mundo real com o 1.5 TSI de 150 cv. E talvez este seja o melhor de todos.

 

Três anos depois de declarada a independência da Seat, a Cupra precisava de algo mais do que lançar versões com grelha diferente de modelos da Seat. Entra em cena o Formentor, um SUV feito com base na plataforma e motores do Ateca, mas com um estilo completamente diferente e uma fisionomia inovadora.

Para posicionar a marca e o modelo acima dos Seat, o lançamento começou pelas versões mais potentes. Primeiro com o motor a gasolina de 310 cv, seguido pelo “plug-in” de 245 cv e anunciando logo o cinco cilindros de 390 cv.

Mas era preciso descer ao mundo real e esta versão 1.5 TSI que testei é exatamente isso. Mantém o estilo original de SUV com tejadilho baixo e traseira coupé, mas utiliza um motor 1.5 turbocomprimido de quatro cilindros e 150 cv.

O mesmo estilo

Por fora, pouco perde em relação às versões mais potentes, a unidade que pode ver nas fotos até tem pneus 245/45 R18 de série, um exagero técnico que a estética agradece.

Por dentro, nem todos os materiais têm a qualidade dos mais potentes, mas a diferença não é muita e o ambiente consegue continuar a ser quase premium, original e com uma pequena dose de rebeldia nos apontamentos acobreados, a cor favorita da marca.

A posição de condução é mais baixa que o normal dos SUV deste segmento, ainda assim, o capót fica visível quase até ao extremo da frente, o que, nos carros mais recentes, só me lembro de acontecer no Ford Mustang.

É uma visão rara, mas que não colide com a visibilidade para a frente e até ajuda a posicionar o carro, nas manobras.

Críticas de grupo

O volante tem uma pega muito boa, amplas regulações e apenas o critico pela base plana que de nada serve e se torna irritante, quando é preciso mudar a posição das mãos. Sei que é moda e que muitos gostam assim…

Continuando nas críticas, aqui vai a habitual para todos os novos modelos do grupo VW: o ecrã tátil central tem muito bom aspeto mas é um pesadelo ergonómico. Para encontrar algumas funções é preciso entrar na cabeça de quem o organizou e tentar adivinhar onde estão.

Perde-se paciência e desvia-se o olhar da estrada durante demasiado tempo, o que não é nada bom. Ter os comandos da climatização lá dentro, torna tudo ainda pior.

Outra crítica, também de grupo, vai para o “interruptor” que substitui a alavanca da caixa. Bem sei que se trata de uma automática DSG de 7, mas, nas manobras, obriga sempre a olhar para o dito botão e perder mais paciência.

E agora os elogios

Passando para as coisas boas. O espaço nos lugares de trás poderia ter sofrido com o tejadilho baixo, mas não. Há espaço suficiente para dois adultos, tanto em altura como em comprimento para as pernas.

A largura não ajuda a levar três adultos na segunda fila, mas isso são os constrangimentos desta plataforma MQB, mesmo nesta versão MQB Evo, que manteve as dimensões básicas.

A mala tem 450 litros, mas o acesso é alto, suponho que para manter a rigidez nesta zona da estrutura autoportante em aço.

1.5 TSI é sempre bom

Conhecido de outros modelos, o motor 1.5 TSI de quatro cilindros, injeção direta de gasolina e turbocomprimido continua um exemplo de suavidade de funcionamento e baixo ruído.

A caixa de dupla embraiagem ajuda-o a ter uma resposta ao acelerador imediata, sem atrasos nem desculpas, o que apreciei particularmente no trânsito já muito desconfinado. Apesar de a caixa me ter surpreendido por deixar o carro descair nas subidas e de ser um pouco lenta nas manobras.

Suspensão Cupra

A suspensão é firme, como se espera de um Cupra, mas não é dura, nem passa trepidação para os ocupantes. Na verdade, sente-se sempre tudo muito bem controlado, o que me deixa sempre reconfortado. É uma afinação típica da Cupra: não procura a última décima no cronómetro, garante sempre um bom nível de serenidade.

Também a direção está muito bem calibrada na relação entre esforço e precisão, sem artificialidades como baixar demasiado a assistência em modo Sport.

Por falar em modos de condução, esta versão não tem direito ao botão no volante para os escolher, o que se compreende. Mas isso obriga a voltar ao ecrã tátil para optar entre Comfort e Sport.

Consumos na casa dos sete

Em cidade, que é onde este carro vai passar a maior parte da sua vida, a prova foi superada, com consumo a marcar os 7,8 l/100 km. Para o peso e a performance disponível, aceita-se.

Em autoestrada desceu aos 7,3 l/100 km, sempre a 120 km/h, mostrando que a aerodinâmica toma o lugar do para-arranca para dar quase o mesmo.

Comporta-se nas curvas

O desvio por uma estrada secundária valeu a pena. Com curvas à mistura, subidas e descidas o Formentor 1.5 TSI DSG mostra o que vale. Em modo Sport, a caixa responde depressa às reduções nas patilhas, apesar de estas serem curtas.

A suspensão de base é independente às quatro rodas e nem tem amortecimento variável. O que tem é uma taragem muito bem escolhida, que deixa atirar o Formentor para dentro das curvas sem muita inclinação lateral. Por momentos, nem parece ser um SUV.

A direção é precisa e a frente sente-se leve e ágil a mudar de direção, devido também ao motor pequeno e leve, feito integralmente em alumínio.

Com demasiada velocidade, a frente acaba por deslizar, mas muito pouco e de forma fácil de emendar, antes de o ESP chegar e fazer o seu papel de maneira progressiva e sem exageros. Aliás, até tem uma posição Sport, mais liberal.

É nessa posição que, travando tarde ou usando o peso para provocar a traseira, se consegue colocar o Formentor numa ligeira deriva de traseira, que serve apenas para ajeitar a trajetória.

Depois é só acelerar a fundo e ver como a tração à frente coloca os 250 Nm de binário no chão. Levando-o até ao “red-line” até parece ter mais do que os 150 cv anunciados, anunciando os 0-100 km/h em 8,9 segundos e chegando aos 203 km/h.

Conclusão

De certo modo, foi um “alívio” guiar este Formentor 1.5 TSI e ver que a Cupra conseguiu manter o mesmo tato de condução das versões mais potentes, talvez até melhor. O peso mais baixo do motor e os menores atritos da tração à fente dão-lhe uma agilidade muito boa, que casa perfeitamente com o estilo deste SUV/crossover.

Francisco Mota

fotos de João Apolinário

Cupra Formentor 1.5 TSI 150 DSG

Potência: 150 cv

Preço: 36 333 €

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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