Mazda MX-5 1.5 Skyactiv-G (fotos de João Apolinário)

Menos de quatro metros de comprimento

Desenho continua apelativo

Desenho de 2015 não precisa de restyling

Pneus estreitos em jantes de apenas 16 polegadas

Mais de um milhão já vendidos desde 1989

Escape com dupla saída e som que agrada

Capota de lona tem abertura manual

Qualidade aparente está ao nível dos outros Mazda

Volante muito bem posicionado

Painel de instrumentos analógico tem o seu charme

Ecrã central tem comando rotativo na consola

Comandos da climatização fáceis de usar

Caixa manual é a protagonista na condução

Bancos Recaro dão suporte suficiente

Habitáculo tem pouco espaço

Mala tem apenas 130 litros de capacidade

Motor 1.5 atmosférico de 132 cv é invulgar

Dinâmica ágil e entusiasmante

Condução muito envolvente, depressa ou devagar

Muito fácil de lidar com o MX-5 em todas as situações

Todos os anos a Mazda acrescenta alguma coisa ao MX-5, por vezes não é muito, como foi o caso de 2023. Mas como dizer que não a testar o desportivo mais vendido no mundo? Versão 1.5 Skyactiv-G com teto de lona em mais um teste do TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Quando lançou a primeira geração em 1989, certamente que a Mazda não estaria à espera do sucesso e longevidade que o conceito teria. Sobretudo porque não se tratava de nada de inovador, pelo contrário.

Mais de um milhão já vendidos desde 1989

A plataforma com motor dianteiro longitudinal atmosférico e tração atrás era uma recriação dos desportivos ingleses dos anos sessenta, com o Lotus Elan original a ser a principal referência. A diferença era que o MX-5 tinha a integridade e a fiabilidade que os seus antepassados britânicos nunca tiveram.

Reviver o passado

A primeira geração do MX-5 fez reviver o segmento dos pequenos descapotáveis de dois lugares, de preços abordáveis. Outros construtores seguiram a Mazda, mas passados 34 anos, a marca japonesa está outra vez sozinha no mercado.

Não que isso lhe traga grandes problemas, o modelo foi evoluindo ao longo de quatro gerações, nunca perdendo a génese do primeiro e até com uma espécie de “reset” em 2015, quando a atual quarta geração foi lançada. Mais pequeno, mais leve, mais focado nos seus princípios que a geração anterior.

Mazda MX-5 1.5 Skyactiv-G (fotos de João Apolinário)

Até hoje foram vendidos mais de um milhão de MX-5 em todo o mundo, fazendo do carro fabricado em Hiroshima o desportivo de dois lugares mais comprado de sempre.

Novidades para 2023?…

Esta quarta geração recebeu uma atualização técnica em 2019, que otimizou o motor 1.5 Skyactiv-G ligeiramente. Os 132 cv às 7000 rpm e os 152 Nm às 4500 são suficientes para aquilo a que se propõe.

Desenho de 2015 não precisa de restyling

As novidades para 2023 resumem-se a duas edições especiais, o Kizuna e o Kazari, que jogam com as cores da carroçaria, capota e interiores e uma nova cor exterior que se chama “Zircon Sand” que combina muito bem com a capota castanha.

Zircon Sand e Homura

A versão que pode ver nas fotos é a mais equipada, que na Mazda recebe o nome Homura, e estaria longe de merecer a atenção do Teste TARGA 67, não se tratasse de um MX-5. A ideia de o voltar a guiar por alguns dias foi, confesso, irresistível.

Pneus estreitos em jantes de apenas 16 polegadas

Mas afinal o que há de tão mágico no MX-5? A simplicidade, acima de tudo: peso de 1001 kg, comprimento de 3,9 metros. Motor atmosférico de quatro cilindros e 1496 cc, caixa manual de seis. Distribuição de pesos 50/50 e pneus 195/50 R16. Só isto.

Estilo dura há oito anos

Oito anos depois de ter chegado ao mercado, a quarta geração do MX-5 (código interno ND) continua tão apelativa como no primeiro dia, sem necessidade de restylings ou facelifts. Proporções perfeitas com capót longo, em termos relativos e bancos colocados pouco à frente das rodas de trás.

Menos de quatro metros de comprimento

Como é que as jantes de 16” polegadas não parecem pequenas neste perfil, é um segredo que outros estilistas deviam estudar. Mas está todo nas dimensões ultra compactas, na verdade.

Ao volante

A posição de condução é muito baixa, rente ao chão do carro e pouco acima da estrada. Ao lado do MX-5 qualquer utilitário parece um SUV. O banco não é muito envolvente, mas o corpo vai mais ou menos “entalado” entre a porta e o volumoso túnel central, que é uma parte fundamental da rigidez da estrutura.

Volante muito bem posicionado

O volante está numa posição perfeita e tem ajustes suficientes. A alavanca da caixa está a um palmo de distância, é muito curta e o punho é esférico, como deviam ser todas as manuais. O travão de mão de alavanca dá a nota final do envolvimento que o MX-5 pede ao condutor.

Atmosférico

O motor põe-se em marcha com um ruído discreto e pouca vibração, umas aceleradelas mais pronunciadas deixam ouvir uma nota de escape de que o ouvido gosta, mas nada de exuberante. A primeira engrena-se com um pequeno golpe de pulso, a embraiagem é longa e o acelerador sensível.

Motor 1.5 atmosférico de 132 cv é invulgar

A condução a ritmos lentos, mesmo em cidade, é um pequeno prazer porque obriga o condutor a fazer todos os gestos com conta, peso e medida, para sair tudo suave. A caixa é a protagonista, pela sua rapidez e precisão que tornam viciante o seu uso, mesmo quando isso é totalmente desnecessário.

Muito tátil

A direção tem uma assistência que está no ponto certo entre precisão e comodidade e o baixo peso mostra como um binário tão baixo é mais do que suficiente para o MX-5 se despachar no meio do trânsito, sem ter que estar sempre a meter segunda.

As dimensões reduzidas facilitam muito a utilização em cidade, seja no trânsito, nas manobras e no estacionamento. Mas claro que a capota fechada limita a visibilidade para o ângulo ¾ traseiro. Se o tempo o permitir, baixar a capota é o melhor remédio.

Capota de lona tem abertura manual

O mecanismo é totalmente manual, basta puxar uma alavanca com a mão direita e atirar a capota para trás até ouvir um “clique” a confirmar que ficou presa.

Para condutores com estatura mais alta, o processo oposto também se faz só com o mesmo braço. Para os outros é melhor encostar o carro e içar ligeiramente o corpo.

Parece melhor

O habitáculo do MX-5 não tem grandes luxos mas a impressão de qualidade dos materiais é a de outros Mazda: parece melhor do que é na realidade.

Painel de instrumentos analógico tem o seu charme

O painel de instrumentos ainda é analógico de agulhas e o ecrã central é comandado por um botão rotativo na consola. Mais abaixo estão os botões rotativos da climatização, facílimos de operar.

Bancos Recaro dão suporte suficiente

Falta um porta-luvas no lugar convencional, ocupado pelo sistema de ar condicionado, que também não está sob o apoio de braços. Há uma escotilha entre as costas dos bancos para guardar alguma coisa. É a maior limitação, numa altura em que andar sem um smartphone na mão é impensável.

Muito económico

No meu habitual teste de consumos em cidade, obtive um valor de 7,2 l/100 km. Não me parece que alguém se vá queixar por a Mazda preferir trabalhar a eficiência do ciclo Otto, em vez de acrescentar um módulo híbrido.

Em autoestrada, com a capota fechada e rolando a 120 km/h, o consumo desceu para uns fabulosos 5,8 l/100 km. Quem disse que um desportivo não pode ser um carro muito económico em viagens longas?

Caixa manual é a protagonista na condução

Claro que se ouvem os silvos do ar a tentar esgueirar-se pelas juntas da capota, que não tem os múltiplos estrados dos descapotáveis mais caros, mas isso acaba por fazer parte da experiência.

Ou então, é descer a capota e manter os vidros erguidos, que protegem o habitáculo da maioria dos turbilhões (até por volta dos 120 km/h) com a ajuda de um discreto defletor entre os encostos de cabeça.

“Estudar” o motor

Já em cidade tinha notado que a suspensão e os pneus têm o conforto como prioridade, nesta versão do MX-5. Nas estradas mais estragadas, são poucos os solavancos que atingem os dois ocupantes, a não ser que sejam abordados a velocidades mais altas.

Habitáculo tem pouco espaço

Um motor 1.5 atmosférico é uma raridade nos tempos que correm e obriga a “estudar” os seus gráficos de potência e binário para dele tirar o melhor, quando se quer andar mais depressa. Manter o regime entre as 3000 e as 4500 rpm é uma maneira de ter boa resposta na maioria das situações.

Dinâmica ágil e entusiasmante

Mas querendo tirar tudo o que ele tem para dar, não há que ter receio de o levar acima das 7000 rpm, pois dá-se bem com a vizinhança das 7500 rpm, um pouco acima do regime de potência máxima. É tudo uma questão de aprender a usar bem a caixa de velocidades, outro “estudo” a que ninguém vai querer virar a cara.

Bom de guiar

A Mazda anuncia a aceleração 0-100 km/h em 8,3 segundos, que a bordo de um carro tão pequeno e tão baixo parecem menos. Tanto mais que o escape de dupla saída aumenta a emoção quando as rotações ultrapassam a barreira das 5000 rpm. E quando chega a altura de travar, os discos às quatro rodas fazem facilmente o seu trabalho, pois não têm que lidar com muita massa.

Condução muito envolvente, depressa ou devagar

O mesmo se passa com os pneus, que têm aderência suficiente para colocar a frente com boa precisão e sem sinais de querer subvirar. A distribuição de pesos equitativa pelos eixos é um aliada para o que vem a seguir.

KPC e powerslides

Claro que há bastante inclinação lateral, mas o equilíbrio do carro é tão bom que a atitude neutra passa a sobreviradora quando se reacelera à saída das curvas lentas e médias. Com o ESC desligado, a progressividade com que isso ocorre e a facilidade com que a direção deixa controlar tudo são quase desconcertantes.

Muito fácil de lidar com o MX-5 em todas as situações

Mas só em pisos de baixa aderência se pode fazer este tipo de condução, quando há mais atrito é mais difícil fazer o MX-5 deslizar só com o acelerador, até porque o KPC (Kinematic Posture Control) trava a roda motriz interior à curva, não sendo necessário um autoblocante.

Conclusão

Guiar um MX-5 1.5 Skyactiv-G é sempre um prazer, seja devagar em cidade, em ritmo de passeio com a capota para baixo ou a andar um pouco mais depressa, na estrada certa. A fórmula quase 100% analógica continua a funcionar tão bem hoje, como em 1989. Mas é claro que tudo isto tem os dias contados. Talvez sabendo disso, a Mazda tem subido os preços do MX-5, perdendo-se uma parte da magia. Este Homura custa quase 42 mil euros, sem opcionais.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Mazda MX-5 1.5 Skyactiv-G Homura

Potência: 132 cv

Preço: 41 972 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

 

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