Uma questão de necessidade para algumas famílias, a oferta de carros de sete lugares não é muito ampla. A quarta geração do Hyundai Santa Fe é uma opção que talvez surpreenda…

 

A cada modelo que substitui, a Hyundai demonstra progressos óbvios, o que não é assim tão vulgar em alguns concorrentes. Pode dizer-se que começou um pouco atrás de alguns dos seus rivais, mas os resultados comerciais mostram que já os apanhou há muito tempo, sobretudo a nível global.

Essa evolução pode constatar-se ao guiar a quarta geração do Santa Fe, na edição “ano-modelo” 2020. Com 4,77 metros de comprimento, o SUV da marca sul-coreana posiciona-se a par de modelos como o Skoda Kodiaq ou o BMW X3 e já vamos ver de qual destes extremos o Hyundai mais se aproxima.

O aspeto um pouco “pesado” do Santa Fe anterior foi aligeirado com o desenho do para-choques e alguns detalhes de decoração exterior. A verdade é que o modelo tem uma aparência discreta mas elegante, dentro do género.

Prioridade ao interior

Mas basta abrir a porta do condutor para perceber que a vida a bordo foi a prioridade, desde logo com um nível de qualidade apercebida muito bom e uma posição de condução que agrada ao primeiro contacto.

O banco é confortável, colocado a um nível relativamente alto, o volante tem excelente tato, mas o painel de instrumentos semi-digital está ultrapassado e o monitor tátil central é pequeno. Os comandos secundários na consola são de identificação e manuseamento intuitivo. Há um “head-up display” que projeta a informação no para-brisas.

O espaço interior é muito bom à frente, na segunda fila há largura suficiente para três adultos e o piso nem sequer tem túnel, o que facilita imenso a “arrumação” dos passageiros. Quanto à terceira fila de dois lugares, é fácil de erguer a partir do fundo da mala e proporciona espaço e conforto mais que aceitável para dois adultos.

Com cinco lugares em uso, a mala tem 547 litros de capacidade e facilidade de carga, com sete lugares erguidos, desce para 130 litros.

A unidade que guiei tinha o nível de equipamento máximo Premium, muito completo tanto a nível de elementos de conforto, de conetividade e de ajudas eletrónicas à condução. O site da marca mostra todos os detalhes melhor do que eu poderia fazer aqui.

Motor com força e suavidade

O motor Diesel 2.2 CRDI debita 200 cv e 440 Nm, disponíveis logo às 1750 rpm. Mas nem era preciso tanto, pois a excelente caixa automática de oito relações e conversor de binário sabe tirar o melhor que o quatro cilindros tem para dar.

A experiência de condução começa por ser muito suave, a velocidades de cidade. O motor responde de forma imediata e sem inércia aos movimentos do pé direito, não obrigando a caixa a fazer reduções em série. Na verdade, os 1880 kg parecem menos.

A posição de condução alta permite boa visibilidade e um bom domínio do espaço que o Santa Fe ocupa, em particular nas ruas mais estreitas ou nas manobras mais apertadas. Nunca se tem aquela sensação de que este é um SUV feito a pensar noutras paragens.

Suspensão confortável

Apesar de ter montados pneus 235/55 R19, o conforto em mau piso não é afetado, a suspensão independente às quatro rodas trabalha muito bem, mesmo sem ter amortecedores ajustáveis. Passa por cima das imperfeições sem incomodar os ocupantes, mas mantendo um bom nível de informação para o condutor.

Em autoestrada, o Santa Fe mostra a sua vocação de estradista, com baixos níveis de ruído, tanto de motor como de rolamento e aerodinâmico. O motor continua muito disponível e a caixa muito suave.

Quando se abandona a autoestrada e se continua por estradas nacionais, a dinâmica do Santa Fe não desilude. A suspensão sabe controlar bem a inclinação lateral em curva, a frente é precisa o suficiente e a estabilidade é uma sensação permanente.

Só acelerando a fundo nas saídas das curvas mais fechadas se nota que o elevado binário tem tendência a pôr as rodas motrizes dianteiras a patinar, o que chama de imediato o controlo de estabilidade, razão principal para que os 0-100 km/h não sejam melhores que 9,4 segundos.

Os modos de condução disponíveis, Normal/Sport/Eco/Smart, são interessantes de explorar, mas a escolha vai acabar por andar entre o Normal e o Smart, que faz variar os ajuste de acordo com as situações. O consumo em cidade marcou 11,3 l/100 km, descendo para os 7,8 l/100 km, em autoestrada.

Conclusão

O Santa Fe 2.2 CRDI 4×2 tem méritos em áreas como o conforto, habitabilidade, qualidade e desempenho do conjunto motor/caixa. Esta versão Premium tem ainda um nível de equipamento muito completo, que justifica o seu preço próximo ao de um BMW X3, mas com muito menos equipamento.

Francisco Mota

Hyundai Santa Fe 2.2 CRDI 4×2 Premium

Potência: 200 cv

Preço: 60 700€

Veredicto: 3 (0 a 5)

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