Cupra Born (fotos de João Apolinário)

Suspensão mais baixa e mais firme que no VW ID.3

Aceleração 0-100 km/h em 7,3 segundos agrada mas não impressiona

Condução ágil em estradas sinuosas, mas podia ser mais desportiva

Tração atrás gera um pouco de sobreviragem

A "face" do Born diferencia-o do VW ID.3

Perfil de quase-monovolume, igual ao VW ID.3

Traseira tem um desenho distinto do VW ID.3

Born é o primeiro 100% elétrico da Cupra

Detalhes em cor de cobre são típicos da Cupra

Jantes de 20" são opcionais e não degradam conforto

Detalhes decorativos identificam o Born

Cupra Born tem bateria de 58 kWh úteis

O desenho da secção traseira liga o Born a outros Cupra

Consola central alta com porta-objetos rouba espaço na frente

Pequeno painel de instrumentos digital tem 5,3"

Comando rotativo da transmissão, no prolongamento do painel

Ecrã tátil central confuso de usar, sobretudo em movimento

Detalhes do interior mais refinados que no ID.3

Bancos desportivos são muito bons, mas opcionais

Bom espaço em comprimento e altura, mas largura é justa

Mala tem 385 litros e espaço sob o piso para os cabos da bateria

O primeiro elétrico da Cupra partilha quase tudo com o VW ID.3, ou não fossem feitos sobre a mesma plataforma MEB. Mas a marca espanhola tentou diferenciar o seu Born o mais que lhe foi permitido. Testei-o para descobrir se é tão desportivo quanto parece.

 

A partilha de plataformas é a estratégia essencial de qualquer grupo automóvel e isso não mudou com a transição para a eletrificação, pelo contrário. As sinergias são ainda mais fáceis, lógicas e fundamentais para viabilizar o modelo de negócio dos elétricos.

Por isso, não espanta que o Cupra Born seja um “clone” do Volkswagen ID.3, que a marca espanhola tentou transformar num “gémeo falso”. Ou seja, diferenciá-lo ao máximo para lhe dar uma personalidade própria.

A “face” do Born diferencia-o do VW ID.3

A diferença mais óbvia é o estilo, com a frente e a traseira diferentes nos detalhes, apesar de não mudarem as volumetrias. Ambos os modelos são feitos na fábrica da VW em Zwickau, Alemanha, na mesma linha de montagem.

Como é hábito na Cupra, a cor bronze surge em vários detalhes, do exterior e do interior dando um ar original ao Born. A unidade que testei tinha pneus 215/45 em jantes opcionais de 20”, em vez das jantes de 18” que são de série.

Mais qualidade por dentro

Por dentro, o Cupra também muda o que pode em relação ao ID.3, a começar pela consola central, que une o tablier à zona entre os bancos e que não existe no ID.3. Dá um ar mais desportivo ao habitáculo, oferece dois bons porta-objetos mas rouba um pouco de espaço em largura para os ocupantes.

Consola central alta com porta-objetos rouba espaço na frente

O resto das diferenças são de detalhes estéticos e de alguns revestimentos, que parecem ter um tato mais caro que os do ID.3. O que não muda é o espaço na segunda fila, muito bom em comprimento e altura, mas justo em largura. A mala tem os mesmos 385 litros.

Ao volante

Para ligar o Born basta ocupar o lugar do condutor com a chave no bolso e carregar no pedal de travão. O comando da caixa está na continuidade do pequeno painel de instrumentos digital de 5,3” e não é nada ergonómico, sobretudo nas manobras.

Comando rotativo da transmissão, no prolongamento do painel

O ecrã tátil central de 12” é igual ao do ID.3 e merece as mesmas críticas: menus mal organizados e botões táteis para regulação da climatização não iluminados à noite e com atuação em deslizamento do dedo que não é precisa. Mas tem uma definição muito boa.

Condução ágil em estradas sinuosas, mas podia ser mais desportiva

A posição de condução é um pouco mais alta que num Leon, pois a bateria de 58 kWh está por baixo do habitáculo, mas a diferença não é muita e não impede uma boa postura, com o volante bem colocado, amplos ajustes e uns bancos desportivos (opcionais) com bom apoio lateral.

Suspensão também muda

As diferenças entre o Born e o ID.3 não são só de estilo. A suspensão é 15 mm mais baixa, na frente e 10 mm mais baixa, atrás. As molas e amortecedores são mais firmes, mas não em exagero. O Born não quer ser um desportivo radical.

Suspensão mais baixa e mais firme que no VW ID.3

Bastam os primeiros quilómetros em cidade, mesmo em pisos de má qualidade, para sentir que a suspensão independente às quatro rodas tem um pisar firme e controlado, diferente do ID.3 mas que nunca chega a ser desconfortável.

Fácil em cidade

A visibilidade é muito boa, o raio de viragem tem apenas 10,2 metros (menor que o de um Ibiza) e a resposta do motor elétrico está bem calibrada, usando o modo de condução Range. Até o pedal de travão está bem afinado, na transição entre a regeneração e a travagem efetiva.

Cupra Born (fotos de João Apolinário)

Por falar em regeneração, há dois níveis, um que deixa o Born rolar mais livremente, quando se desacelera e outro que faz mais retenção e se ativa rodando o comando da transmissão para a posição B.

Faz uma boa desaceleração, não exagerada mas em que se pode confiar para muitas situações de trânsito, em que deixa de ser necessário usar o travão. Obriga sempre a travar para imobilizar completamente o Born e isso é bom.

Autonomias reais

Em cidade, o meu habitual teste de consumos indicou uma média de 16,5 kWh/100 km, o que, considerando os 58 kWh úteis da bateria, resulta numa autonomia real em cidade de 351 km em cidade, o que não é propriamente fantástico.

Ecrã tátil central confuso de usar, sobretudo em movimento

Em autoestrada, o meu teste de consumos resultou numa média de 18,0 kWh/100 km, fazendo descer a autonomia para os 305 km. A diferença não é muita. Em autoestrada, o Born mostra uma enorme estabilidade, muito bom controlo das massas e conforto em deslocações mais longas. A insonorização está bem feita.

Quanto à recarga da bateria de 58 kWh, a Cupra anuncia 35 minutos para ir dos 5% aos 80% num carregador rápido de 120 kW DC, conte com 1h24 num carregador de 50 kW DC. Numa wallbox de 11 kW AC, a marca anuncia 6h15 para fazer uma carga total.

Dinâmica mais precisa

O Born tem direção de desmultiplicação variável de série e mais direta que o ID.3 (2,75 contra 3,5) o que se nota bem assim que se passa a estradas secundárias e a curvas mais fechadas. A precisão e rapidez da frente na entrada em curva é muito boa.

Aceleração 0-100 km/h em 7,3 segundos agrada mas não impressiona

Mesmo com pneus relativamente estreitos, a resistência à subviragem é apreciável e deixa levar uma boa velocidade para dentro da curva.

A boa distribuição de pesos pelos dois eixos, que se aproxima dos 50/50 e o baixo Centro de Gravidade, contribuem para um comportamento em curva muito neutro e controlado. O Born curva a velocidades altas com imensa estabilidade, mesmo sobre piso irregular.

Prestações suficientes

A aceleração 0-100 km/h de 7,3 segundos agrada sem impressionar, os 204 cv fazem-se sentir mais quando se passa ao modo de condução Performance, com o acelerador a tornar-se mais sensível, mas a sensação de força vai diminuindo à medida que sobe a velocidade, limitada aos 160 km/h. Igual ao ID.3

Jantes de 20″ são opcionais e não degradam conforto

Os 310 Nm de binário máximo estão prontos assim que se carrega no acelerador para sair de uma curva. Com o ESC em posição Sport e “pé a fundo” a tração traseira consegue gerar um pouco de sobreviragem, divertida e fácil de controlar.

Arriscaram pouco

Mais divertido ainda é ver a resposta a uma desaceleração brusca já durante a fase de entrada em curva: a traseira faz rodar o carro, puxada pela inércia, podendo mesmo pedir alguma correção com o volante.

Born é o primeiro 100% elétrico da Cupra

Uma boa agilidade para traçados mais sinuosos, mas uma atitude que podia ser um pouco mais decidida e, sobretudo, apresentar-se de forma um pouco mais progressiva, tanto no início, como no final.

Conclusão

O desenho, o interior e a experiência de condução são realmente diferentes do VW ID.3 mas talvez a Cupra pudesse ter ido um pouco mais longe com a parte dinâmica, tornando-a mais desportiva. Aparentemente, isso não está nos genes da marca.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Cupra Born

Potência: 204 cv

Preço: 40 291 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

Ler também, seguindo o LINK:

Primeiro Teste – Formentor VZ5: última jóia Cupra tem motor Audi