Cupra Born e-Boost (fotos de João Apolinário)

Frente do Born mais ousada que a do ID.3

Cor cobre encontra-se em muitos sítios

Pneus de medida 215/50 R19

Born partilha quase tudo com ID.3

Detalhes das luzes de trás

Símbolo da marca com generosas dimensões

Símbolo roda para abrir a mala

Um estilo bem integrado no dos outros Cupra

Interior dominado pelo ecrã central

Painel de instrumentos muito pequeno

Comando rotativo para a transmissão

Botão para modos de condução

Ecrã tátil central confuso de usar

Botão Cupra só nesta versão

Detalhes dão perceção de qualidade ao interior

Bancos com encosto de cabeça integrado

Muito espaço em comprimento na segunda fila

Mala tem capacidade de 385 litros

É isto que está sob o capót da frente. O motor está atrás

Dinâmica só não é melhor devido aos pneus

Condução razoavelmente precisa, desde que não se exagere

Só ganha 0,3 segundos nos 0-100 km/h, para a versão de 204 cv

A Cupra está a precisar de uma versão desportiva do seu elétrico Born. Será que este e-Boost cumpre esse papel? Respostas em mais um Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

A plataforma MEB do Grupo Volkswagen até permite versões mais potentes do que aquelas a que a Cupra tem direito, mas a verdade é que nem a própria VW equipou ainda o seu ID.3 com uma versão com mais de 204 cv.

Como já se viu nos ID.4 e ID.5 GTX, adicionando um segundo motor elétrico ao eixo dianteiro, é possível chegar aos 299 cv e à tração às quatro rodas, mantendo a bateria de 77 kWh de capacidade útil. Mas ainda não terá chegado a altura certa para colocar no mercado um Born com 300 cv.

Símbolo da marca com generosas dimensões

Entretanto, a Cupra disponibiliza a versão e-Boost, com potência máxima aumentada para os 231 cv, mas mantendo os mesmos 310 Nm de binário máximo da versão de 204 cv, com a bateria de 77 kWh.

Só muda o software

Segundo me disseram técnicos da Cupra, o aumento da potência máxima é resultado de um software de gestão da bateria ligeiramente mais ambicioso. Os 27 cv suplementares estão disponíveis apenas no modo de condução Cupra e em situações de aceleração máxima, por períodos de tempo seguido limitados.

Cor cobre encontra-se em muitos sítios

Comparando com o Born de 204 cv, só vendido com a bateria de 58 kWh, a aceleração 0-100 km/h ganha pouco, descendo de 7,3 para 7,0 segundos, porque o peso sobe 210 kg aos 1946 kg. Só o e-Boost com bateria de 58 kWh  (pesando 1824 kg) consegue baixar aos 6,6 segundos.

Outras vantagens

Outra das vantagens do e-Boost é ter um modo Sport para o ESC e o modo de condução Cupra. Mas se for equipado com os pneus opcionais 235/40 R20, passa a poder desligar por completo o controlo de estabilidade. Não é o caso da unidade deste teste, que tem pneus mais estreitos, apenas 215/50 R19.

Pneus de medida 215/50 R19

O que se ganha em aceleração não é muito, mas as ajudas eletrónicas à condução e a conetividade foram melhoradas, bem como a potência de carga em DC, que subiu de 135 kW para 170 kW. Dos 0 aos 80% de carga demora 36 minutos.

Estilo continua atrativo

O Born ainda não precisou de restyling, ao contrário do ID.3, provando que o estilo o diferencia o suficiente do “gémeo” da VW. O desenho da frente e da traseira, a utilização da cor cobre nos detalhes e o estilo das jantes dão ao Born uma personalidade que o ID.3 não tem.

Um estilo bem integrado no dos outros Cupra

O mesmo por dentro, onde as diferenças são ainda menores, mas funcionam. Detalhes de decoração novamente com o cobre, que é a cor da marca, uma consola específica, um volante com decoração própria e uns bons bancos da frente criam um ambiente que até parece ter melhor qualidade.

Erros de ergonomia

Mas as vantagens e inconvenientes mais importantes são os mesmos. Muito espaço nos quatro lugares principais, menos no central de trás. Posição de condução boa, mas a precisar de mais regulação do volante.

Comando rotativo para a transmissão

Críticas para o painel de instrumentos muito pequeno e com o comando rotativo da transmissão integrado no seu extremo direito, incluindo a ativação do nível de maior regeneração na desacaleração “B”. Ecrã tátil central confuso e sem iluminação nos comandos da temperatura ou do volume de som.

O volante tem também botões táteis, difíceis de usar e onde se toca sem querer com a palma da mão durante as manobras. Por falar nisso, o raio de viragem é curto e ajuda muito.

Suspensão diferente

Esta versão tem mais dois botões no volante, um para escolher entre os modos de condução Range/Comfort/Performance/Cupra/Individual e outro que vai diretamente para o modo Cupra.

Botão Cupra só nesta versão

Mas o Born tem diferenças mais importantes face ao ID.3, como a suspensão mais firme, que é 15 mm mais baixa, na frente e 10 mm mais baixa, atrás. A direção também tem uma afinação de assistência diferente.

Em cidade, em modo Range, a resposta do acelerador é suficiente, sem impressionar. Clara prioridade para a suavidade. A suspensão sente-se firme, mas nada desconfortável, apenas impede que o Born oscile muito sobre as molas.

Interior dominado pelo ecrã central

O pedal de travão não é difícil de dosear, nem em modo B, que não imobiliza por completo o Born no trânsito e não é demasiado intenso. Mas continua a ter tambores nas rodas de trás.

Consumos baixos em cidade

No meu habitual teste de consumos em cidade, obtive um bom valor de 13,6 kWh/100 km, o que equivale a uma autonomia real de 566 km, acima dos 552 km anunciados para o ciclo misto WLTP, provando a eficiência da regeneração.

Cupra Born e-Boost (fotos de João Apolinário)

Em autoestrada, rolando a 120 km/h estabilizados, o consumo subiu aos 19,2 kWh/100 km, o que permite calcular uma autonomia real de 401 km. São valores médios para o segmento, mas melhores que os da versão de 204 cv e bateria de 58kWh.

Mais autonomia que no de 204 cv

Quando testei essa versão, um Teste TARGA 67 que pode ver seguindo o link no final deste texto, obtive uma autonomia real de 352 km, em cidade e de 305 km, em autoestrada. Valores bem inferiores aos deste e-Boost com bateria de 77 kWh.

Bancos com encosto de cabeça integrado

A vocação urbana do primeiro ganha alguma margem nesta versão com bateria maior. É mais aquilo que ganha em autonomia, do que propriamente em performance.

Passando ao modo Comfort, ganha-se um pouco em vivacidade do acelerador que facilita a condução a velocidades mais altas. Boa estabilidade, baixos ruídos de rolamento e aerodinâmicos, resultado de um bom Cx de 0,27.

No modo Cupra

O modo de condução Performance aumenta ainda mais a resposta do acelerador, mas quando se quer perceber o que este e-Boost tem para dar, o melhor é passar mesmo ao modo Cupra e passar o ESC ao nível Sport.

Ecrã tátil central confuso de usar

A resposta ao acelerador passa a um nível ainda mais sensível, a direção ganha apenas um pouco de “peso” e o Born e-Boost está pronto para enfrentar uma estrada secundária. A sensação de aceleração é forte e continuada, mas não muito melhor do que a da versão de 204 cv.

A travagem é competente, mas sem ter um ataque muito decidido, deixando perceber que o peso não é baixo. A ausência de um sistema de degraus de regeneração ativados por patilhas no volante, deixa o condutor sem opções a não ser deixar o modo B ligado.

Pneus são a parte fraca

A direção tem boa precisão e rapidez mas os pneus não estão à altura de uma condução mais rápida, entrando cedo em subviragem quando se leva um pouco mais de velocidade para dentro da curva.

Dinâmica só não é melhor devido aos pneus

É preciso reduzir a velocidade na entrada, tentar manter a aderência das rodas da frente, esperar pelo vértice da curva e só depois acelerar com mais à vontade daí para a frente.

Se tudo isto se fizer a baixa velocidade ou em pisos um pouco menos aderentes, é possível sentir a tração traseira a promover uma ligeira rotação, que nem chega a ser uma deriva de potência. Mas ajuda a descrever a curva e traz um pouco de diversão. Até que o ESC Sport ache que já chega.

O peso e o preço

Encadeados de curvas mais exigentes começam a mostrar que o combinado suspensão/pneus não controlam muito bem as transferências de massas, com o Cupra a não conseguir fazer as transições de forma progressiva. A segurança nunca é posta em causa, mas a precisão e o divertimento, sim.

Condução razoavelmente precisa, desde que não se exagere

O e-Boost com bateria de 77 kWh custa desde 49 310€, mais 5 469 euros que o de 204 cv e bateria de 58 kWh. As performances pouco melhoram mas a autonomia sobe bastante. Pelo meio fica o e-Boost com a bateria de 58 kWh que é o mais rápido, mas o que anuncia a menor autonomia dos três. Ainda não o testei.

Conclusão

Claro que o Born é um pouco mais envolvente de guiar que o ID.3, mas isso já sabia de guiar a versão de 204 cv. Esta versão e-Boost de 231 cv só fará sentido para quem estiver à procura do máximo de autonomia e/ou se clicado, no configurador, o quadrado dos pneus opcionais de 235/40 R20, tendo assim acesso ao ESC off. Seja como for, a Cupra precisa de mais potência, se quer ter uma versão realmente desportiva na gama Born.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Cupra Born e-Boost

Potência: 231 cv

Preço: 49 310 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

 

Ler também, seguindo o link:

Teste – Cupra Born: O gémeo falso do VW ID.3