BYD Dolphin (fotos de João Apolinário)

BYD está a um passo de liderar nos BEV

Pneus não têm muita aderência

Mesmo comprimento do Peugeot E-2008

Dolphin feito com a E-Platform 3.0 da marca

Build Your Dreams nasceu em 1995

Desenho não arrisca muito

Qualidade mediana nos materiais do habitáculo

Ondas do mar inspiraram desenho interior

Painel de instrumentos de pequenas dimensões

Botão "Start" um pouco oculto pelo aro do volante

Infotainment de utilização pouco intuitiva

O ecrã tátil central é rotativo

Botões semi-rotativos são pouco ergonómicos

Alguns botões entre os bancos

Mala tem 345 litros mas é funda

Muito espaço em comprimento, mas não tanto em altura

Bancos confortáveis mais com falta de apoio lateral

Dinâmica dá prioridade ao conforto

Condução fácil, com direção muito leve

Aceleração 0-100 km/h em 7,0 segundos

O Dolphin é o modelo mais acessível da marca chinesa BYD, à venda em Portugal. Um B-SUV elétrico que tem no líder de segmento Peugeot E-2008 o seu alvo. Para perceber o que vale, é hoje o protagonista do Teste TARGA 67, conduzido por Francisco Mota e fotografado por João Apolinário.

 

Com 4,29 metros de comprimento e uma silhueta alta, o Dolphin é concorrente direto do Peugeot E-2008 (4,3 m) que tem liderado o segmento no nosso país.

Contudo, a marca prefere dizer que o Dolphin é um “hatchback” do segmento C, rival do VW ID.3, para dar um exemplo. Apesar de ser mais alto que o E-2008.

Mesmo comprimento do Peugeot E-2008

É o primeiro modelo da série Ocean da BYD, a primeira geração de modelos nascidos para ser exclusivamente elétricos, dentro da marca.

Vai direto ao segmento com maior crescimento na Europa, o dos B-SUV, por isso tem muita importância na estratégia de expansão da marca na Europa.

A crescer depressa

A BYD entrou em Portugal numa parceria com a Salvador Caetano, começando com uma rede de pontos de venda e assistência nas regiões de Lisboa e Porto, mas que já começou a estender-se a outras localidades.

Ambição é coisa que não falta à Build Your Dreams, uma marca que começou em 1995 e hoje lidera na produção mundial de veículos de passageiros NEV (New Energy Vehicle) o que quer dizer 100% elétricos somados aos híbridos PHEV.

Build Your Dreams nasceu em 1995

A subida de produção da BYD tem sido muito rápida, esperando-se para breve que seja a marca que mais modelos BEV (Battery Electric Vehicle) fabrica no mundo, ultrapassando a Tesla.

Gama a crescer

O alargamento da gama está a ser um instrumento para esse crescimento, levando a marca aos segmentos menos dispendiosos.

Mas não se julgue que a BYD quer trabalhar na Europa com base em preços baixos. Pelo contrário, a marca quer afirmar-se pelo conteúdo dos seus produtos.

O Dolphin é o modelo mais acessível da BYD em Portugal, neste momento. Utiliza uma variante da e-Platform 3.0 da marca, com bateria LFP de lâminas, colocada sob o piso e com 63 kWh de capacidade bruta (60,4 kWh úteis).

Desenho não tem nada de inovador

O carregamento pode ser feito a 11 kW em AC ou até 88 kW, demorando neste caso 43 minutos para ir dos 0 aos 80% de carga, segundo a marca, que anuncia uma autonomia de 427 km em ciclo misto WLTP.

O motor elétrico de 204 cv e 310 Nm está colocado à frente e move as rodas dianteiras, tendo uma arrumação compacta que inclui o inversor e a eletrónica de potência. A BYD diz que se trata de um “8 em 1”.

Inspirado no golfinho

O estilo pretende evocar o salto do golfinho, uma imagem que deixo à imaginação de cada um. O aspeto geral é bastante genérico, sem pontos que o destaquem.

BYD Dolphin (fotos de João Apolinário)

A frente é banal e a traseira tem um friso que une as duas luzes traseiras. A mala tem 345 litros, mas é muito funda, dificultando as cargas e descargas.

Há rebatimento assimétrico do banco traseiro, mas não há local para guardar os cabos da bateria, que ficam em bolsas dentro da mala.

Interior com espaço

No habitáculo, os estilistas seguiram a mesma inspiração marítima, com as linhas ondulantes do tablier a lembrar as ondas e os puxadores das portas aludindo à barbatana vertical do golfinho.

A impressão de qualidade no interior não é nada beneficiada pelo preto que domina tudo, na unidade que testei. A maioria dos plásticos são duros, mas não têm mau aspeto. Há uma aplicação macia a meio do tablier e das portas da frente.

Qualidade mediana nos materiais do habitáculo

Não falta espaço nos lugares da frente, a largura é suficiente até para uma consola flutuante que alberga alguns dos 20 espaços de arrumação. Incluindo uma prateleira aberta, por baixo.

Nos lugares de trás há suficiente largura para dois passageiros, o do meio é estreito e alto. O piso é plano mas alto em relação ao assento, deixando as coxas desapoiadas.

O acesso é bom, o comprimento generoso, mas a altura pode ser justa para passageiros mais altos, mesmo com o tejadilho panorâmico desta versão mais equipada Design.

Ao volante

A posição de condução é razoável mas falta maior ajuste em alcance do volante e o banco precisava de maior apoio lateral.

O volante tem uma pega boa e os botões são fáceis de usar. O painel de instrumentos está solidário à coluna de direção mas é pequeno e tem carateres pequenos que dificultam a leitura.

O ecrã tátil central tem a originalidade de ser rotativo, ou seja, por colocar-se na vertical ou na horizontal. Não encontrei grandes vantagens neste “gadget” a não ser ver o mecanismo elétrico fazer a rotação.

Bancos confortáveis mais com falta de apoio lateral

A organização da informação não é muito intuitiva, nem muito diversificada e tem também caracteres pequenos, além de pouco contraste.

Ergonomia discutível

Os comandos da climatização estão inseridos no infotainment, o que não é a melhor solução, existindo uma fila de botões físicos a meio da consola.

Aqui, regulam-se os modos de condução (Eco/Normal/Sport/Neve) e escolhem-se os dois níveis de regeneração.

Botões semi-rotativos são pouco ergonómicos

Todos estes botões são atuados com movimento mais ou menos rotativo, tal como o comando da transmissão, que fica no extremo esquerdo. No outro extremo, está a regulação do volume de som. A ergonomia deste grupo não é fantástica.

Regeneração pouco intensa

O botão para ligar a corrente fica no tablier, meio oculto pelo volante. Nos primeiros metros, nota-se que a direção é muito assistida e transmite pouco “feedback” das rodas.

Em modo Eco, a resposta do motor é suficiente, sem nada de extravagante. Mas a gestão do binário está correta, sem excessos desnecessários.

O ecrã tátil central é rotativo

Mesmo escolhendo o nível máximo de regeneração, o efeito pouco muda, sendo sempre muito pouco intenso. O pedal de travão é um pouco esponjoso, mas tem que ser usado com frequência.

Muito confortável

A suspensão independente às quatro rodas e os pneus 205/50 R17 proporcionam um conforto muito bom, mesmo sobre pisos estragados.

A visibilidade é boa, pois o banco está relativamente alto. Em conjunto com um diâmetro de viragem de 10,5 metros, torna as manobras numa tarefa fácil.

Pneus não têm aderência suficiente

O computador de bordo indica a média de consumos dos últimos 50 km, por isso, para ter um valor consistente de uma determinada utilização, é preciso fazer essa distância, no mínimo.

Bons consumos em cidade

No meu habitual teste de consumos em cidade, em modo Eco, A/C desligado e no nível máximo de regeneração, obtive um valor de 13,5 kWh/100 km. Fazendo as  contas com a capacidade útil da bateria, resulta numa autonomia real de 447 km.

Já em autoestrada, rolando a 120 km/h estabilizados, também em modo Eco mas com a regeneração no mínimo (não há um nível zero) o valor que obtive foi de 20,4 kWh/100 km, equivalendo a uma autonomia real de 296 km.

Painel de instrumentos de pequenas dimensões

São bons valores, sobretudo o que registei em cidade, mostrando a vocação citadina do Dolphin.

Muito silencioso

Quanto à condução em autoestrada, tal como em cidade, mostrou-se muito silenciosa no funcionamento do motor. Os ruídos aerodinâmicos surgem só a 120 km/h e não são exagerados. O rolamento é muito silencioso.

A estabilidade direcional é também muito boa e não afetada pelos desníveis do piso, mas os auxílios à condução são intrusivos e complicados de desativar.

Dinâmica dá prioridade ao conforto

Com 204 cv e 310 Nm como seria o Dolphin numa estrada secundária? O meu teste rumou a esse tipo de terrenos, à procura de respostas.

Boas acelerações

Passando do modo Eco ao modo Sport, nota-se um claro aumento de sensibilidade no acelerador, mas sem que a assistência da direção mude muito.

Acelerando a fundo desde parado, as rodas da frente podem chegar a perder tração por momentos, mas o motor transmite uma boa sensação de força.

A BYD anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 7,0 segundos, um bom valor para um elétrico que pesa 1658 kg, dos quais 420 kg são da bateria.

Dinâmica melhorável

Quando chegam as curvas, a travagem revela-se suficiente. A direção continua a ter um tato distante e a entrada em curva não é muito rápida.

Condução fácil, com direção muito leve

Os pneus Linglong não têm muita aderência, deixando a frente entrar em subviragem a velocidades não muito altas, chamando o ESC precocemente.

Contudo, a inclinação lateral nem sequer é muito grande e as vias largas dão a sensação de manter tudo sob controlo. Com melhores pneus, o comportamento seria facilmente superior.

Isso confirma-se quando se reacelera forte na saída de curvas lentas, com a roda da frente a querer patinar de imediato. A gestão do binário, nestas situações, tem margem para ser melhorada.

Conclusão

O Dolphin tem na autonomia em cidade um ponto a favor, tal como na facilidade de utilização e no conforto. É muito silencioso, mesmo em autoestrada, mas a dinâmica poderia estar um pouco mais desenvolvida, em estradas secundárias. O “hardware” necessário para isso está presente, na próxima iteração do modelo, tenho a certeza que o Dolphin corresponderá melhor aos hábitos do condutor europeu.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

BYD Dolphin Design

Potência: 204 cv

Preço: 37 690 euros

Veredicto: 3 estrelas

Ler também, seguindo o link:

Teste – BYD Atto 3: Toda a verdade sobre o elétrico chinês