Abarth F595 Cabrio (fotos de João Apolinário)

Apenas 3,7 metros de comprimento

Versão Cabrio com teto de lona deslizante

Faróis de nevoeiro no para-choques

O 595 tem mais uma edição limitada

Pneus Pirelli P Zero Nero 205/40 R17

Discos ventilados de 284 mm, na frente

Homenagem à Fórmula Itália de 1971

Escape Record Monza Sovrapposto

Perceção de qualidade está a um nível muito bom

Alavanca da caixa manual muito bem colocada

Painel de instrumentos um pouco confuso

Manómetro da pressão do turbo

Ecrã tátil muito fácil de ler e de usar

Botões da climatização em separado: aplauso

Um ambiente bem desportivo do tablier

Bancos razoáveis mas com poucas regulações

Bancos de trás são mais habitáveis do que parece

Muito pouca inclinação lateral em curva

Condução muito divertida e muito fiel

Suspensão pouco confortável...

Comportamento muito ágil e ajustável

Mais uma versão especial do pequeno Abarth pode parecer apenas o Marketing a funcionar. E é, só que o prazer de conduzir este F595 Cabrio faz esquecer isso e mostra como um mini-desportivo “à antiga” ainda tem tanto para dar.

 

O Abarth 500 foi lançado em 2008 e recebeu um restyling em 2016, sempre em paralelo ao Fiat 500 que lhe serve de base. Para os padrões atuais, ambos os modelos deveriam estar “tecnicamente mortos” por esta altura.

Mas o 500 parece não perder a sua atração. Será dos poucos modelos que nasceu como recriação nostálgica de um antecessor e que continua apelativo, treze anos depois e sem grandes alterações. Um fenómeno.

Na Abarth passa-se o mesmo, este F595 que agora testei é mais uma versão especial, que celebra os 50 anos da Fórmula Itália, criada em 1971 por Carlo Abarth para promover jovens pilotos.

O motor 1.4 T-Jet serve de base à Fórmula 4 em Itália e Alemanha

Na prática, é um 595 com o conhecido motor 1.4 T-Jet, que serve de base aos atuais monolugares da “Fórmula 4 by Abarth”, disputada em Itália e na Alemanha. Por lá passou Mick Schumacher, o filho do sete vezes campeão do mundo de F1.

Números grandes num carro pequeno

Este F595 tem a especificação de 165 cv e binário máximo de 230 Nm, às 2250 rpm. Anuncia 218 km/h de velocidade máxima e faz os 0-100 km/h em 7,3 segundos. São números aliciantes para um carro que mede apenas 3,7 metros e pesa 1150 kg.

A versão que testei foi a Cabrio, que tem o conhecido teto deslizante em lona, que faz rebater o vidro traseiro. É menos rígido que o coupé fechado, mas não muito.

Pneus Pirelli P Zero Nero 205/40 R17

Tem suspensão traseira Koni, com amortecedores sensíveis à frequência e discos ventilados de 284 mm, na frente, dentro de jantes de 17” com decoração específica.

A Abarth acrescenta sempre alguma novidade a cada versão especial, nesta há um escape de nome “Record Monza Sovrapposto” com quatro saídas, duas de cada lado e… sobrepostas.

O mesmo interior

Por dentro, as diferenças estão nas decorações e no ecrã tátil central de 7” com Android Auto e Apple Carplay.

O resto é conhecido de outros Abarth 595, como os bancos desportivos ou o painel de instrumentos digital (um pouco confuso) com manómetro do turbo em separado.

O ambiente do habitáculo agrada pela perceção de qualidade

O ambiente dos Fiat 500 e Abarth 595 é muito curioso. Todos os plásticos são duros, mas têm um acabamento sem brilho que os faz parecer quase premium. Em negro, parece que funciona ainda melhor.

Sentado ao volante

A posição de condução é a de sempre. O banco até é confortável, mas o assento só regula a altura da parte de trás e o volante está um pouco descentrado. Os pedais estão perto do plano vertical do volante, que só regula a altura e pouco.

Resultado? Acabo a guiar com as pernas demasiado fletidas, as costas demasiado direitas e encostado à porta.

Perceção de qualidade está a um nível muito bom

O aro do volante é grande mas a pega é boa. A alavanca da caixa manual de seis está a um palmo e num plano alto, o que me agrada particularmente.

O som do “sovrapposto”

Motor em marcha e o escape começa por fazer um ruído abafado, que muda para um ronco poderoso quando pressiono o botão com o escorpião.

É a mudança para o modo desportivo, que torna a entrega de binário mais imediata, o acelerador mais sensível e a direção menos assistida. Esta última parte era escusada.

Quatro saídas de escape sobrepostas é o “Record Monza Sovrapposto”

Embalado pelo som das quatro saídas de escape, arranco para uma volta pela cidade e o som rapidamente volta a níveis mais discretos (e legais?…) para não incomodar os vizinhos.

Às voltas na cidade

No meio do trânsito, a disponibilidade do motor é boa, a caixa é fácil de usar e a direção tem o peso certo.

Mas o raio de viragem é muito grande, o que só não dificulta mais porque o F595 é muito curto e a visibilidade para fora é muito boa.

 

Suspensão pouco confortável…

Claro que a suspensão está entre o firme e o dura, sentindo-se solavancos pronunciados quando a estrada piora ou sobre lombas.

Mas não salta nos buracos, mostrando que o amortecimento faz o seu trabalho e que os pneus Pirelli PZero Nero 205/40 R17 não são demasiado cruéis.

Até é versátil…

E se pensa que o F595 é só para dois, vai ficar surpreendido quando se sentar nos lugares de trás. Há espaço suficiente para as pernas de dois adultos, sem que os da frente tenham de puxar os bancos para debaixo do tablier. Mas a mala leva só 185 litros.

O teto de lona deslizante dá-lhe uma segunda face

Claro que o teto de lona acrescenta sempre um sorriso a quem vai dentro do F595: tem a luz e o ar livre, sem os turbilhões.

Aliás, até há uma rede para colocar atrás dos bancos traseiros para isolar o habitáculo das correntes de ar, quando se baixa o vidro de trás.

Não gasta pouco

A andar civilizadamente pela cidade, sem usar todo o curso do acelerador, o F595 gastou 8,1 l/100 km, o que não é pouco. Mas que se entende pela natureza do motor 1.4 T-Jet.

Painel de instrumentos um pouco confuso

O melhor mesmo é fechar o teto de lona, carregar no botão do escorpião e rumar a uma boa estrada secundária. Quanto mais estreita, turtuosa e deserta, melhor.

Prémio da montanha

O primeiro arranque a fundo diz muito de qualquer carro e deste F595 diz que o motor dá o seu melhor acima das 2000 rpm e depois diverte-se (e diverte) até chegar o corte por volta das 6500 rpm. A caixa não é muito rápida, mas não merece grandes críticas.

O motor é turbocomprimido, claro, tem muito binário nos regimes médios, mas depois gosta de subir ao “red-line” e mostrar aí o que tem para dar.

Quando o piso piora, sentem-se mais vibrações devido à estrutura aberta

No bom piso, o F595 nem vibra muito, mas quando o asfalto piora, sente-se alguma trepidação gerada pela estrutura aberta. Ainda assim, nada de muito grave.

O melhor para o fim

O melhor vem a seguir e são as curvas. A frente entra em curva com muita fidelidade, faz aquilo que lhe mandam. A inclinação lateral está muito bem controlada e a tração dianteira surpreende por conseguir pôr tudo no chão, mesmo nas curvas mais fechadas.

Claro que o ESP não se desliga, como em nenhum 500, mas entra suficientemente tarde para não estorvar. Antes disso, há espaço para muita coisa.

Muito pouca inclinação lateral em curva

Aumentando a velocidade de entrada em curva, claro que a frente começa a subvirar, mas de uma forma totalmente transparente e de recuperação fácil: basta aliviar o pedal da direita para voltar à linha certa.

Muito “transparente”

Com a entrada bem preparada, no limite de começar a subviragem, a traseira reage bem a uma desaceleração brusca ou travagem já a curvar, deslizando um pouco para fazer rodar o carro e tornar a condução mais divertida.

A parte mais engraçada é que as duas atitudes, subviragem e sobreviragem, podem ser induzidas várias vezes na mesma curva, se for longa o suficiente, sempre com uma sensação de controlo apertado.

Quanto mais depressa, melhor funciona a suspensão

O amortecimento mostra a sua qualidade quando se começa a andar mais depressa e se sente a suspensão a ficar mais confortável, mais controlada, mais comunicativa.

Sente-se que o F595 está sempre do lado do condutor. Está para ajudar, não para dificultar, até pela certeza dos travões, naquelas alturas em que se lhes pede para resolver o que o condutor deveria ter resolvido antes.

Conclusão

Este F595 cabrio junta uma série de atributos que me agradam. A facilidade de usar no dia a dia, tendo em conta que é tão pequeno; o teto de lona que lhe dá uma dupla personalidade e uma condução desportiva muito fiel que encoraja a guiar para lá dos limites da borracha. No entanto, tudo isto custa quase trinta mil euros…

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Abarth F595 Cabrio

Potência: 165 cv

Preço: 29 530 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

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Crónica – Novos radares e limites de velocidade: como lhes escapar